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quinta-feira, 24 de março de 2011

RECENTRAR O IDEAL EUROPEU


Sou apoiante da Moção do Dr. Jacinto Serrão por dois motivos: primeiro, porque essa Moção traz no seu bojo uma preocupação pelo rumo europeu; segundo, porque as relações entre o PS na República e o PS na Madeira têm de tomar um rumo completamente diferente. Está em causa a criação de condições para uma estratégia de poder na Madeira. E se há um lugar onde esses assuntos devem ser discutidos, esse é o do Congresso.


Estamos a entrar num período de grandes incertezas que atravessam, transversalmente, toda a sociedade. Se estavamos numa situação de "instável estabilidade", agora, com um governo de gestão, as preocupações obviamente que se multiplicaram, na sequência daquilo que considero ter sido uma grande irresponsabilidade política de todos os partidos da oposição na Assembleia da República.
Se, de facto, tivesse a percepção da existência de uma alternativa consistente, propositiva ao ponto de acreditar que só teríamos a ganhar com isso, evitaria qualquer comentário. Esperava para ver. O que acontece, porém, é que não há alternativa ao governo socialista face à complexidade do problema europeu. As sucessivas declarações do Dr. Pedro Passos Coelho dão a perceber que ele nem sabe o que dizer aos portugueses. Li, numa revista, julgo que na Visão, as linhas orientadoras do programa de governo do PSD. Fiquei horrorizado, desde o cheque-ensino à muito polémica questão dos políticos serem melhor remunerados. Eu diria que está lá tudo o que a direita gosta. Mas regresso à Europa. A essa Europa que se meteu por ínvios caminhos políticos que, aliás, tem constituído preocupação minha neste espaço de reflexão.
É precisamente esse caminho que exigiria ontem e exige, neste momento, no plano interno, prudência nas atitudes, ao mesmo tempo que vale a pena o esforço de remar contra essa Europa dominada por uma geração de políticos que, pessoalmente, me irritam. Paulatinamente, construiram o monstro, geraram esta monumental e sufocante teia de grandes interesses, andam agora aos papéis, mas, simultaneamente, não têm coragem de apresentar sinais de retomar um caminho de prosperidade e bem-estar para todos. Pelo contrário, aos erros políticos acrescentam mais erros; aos dramas sociais acrescentam mais dramas; ao caos económico-financeiro acrescentam mais caos. Enquanto isso crescem as fortunas, algumas certamente mal explicadas.
É sensível esta postura oriunda dos directórios europeus. Blá... blá e mais blá, blá, todos os dias pela comunicação social, sempre em prejuizo dos mais frágeis da sociedade. E não vejo quem agarre a ponta à meada visando a correcção da agulha do crescimento e do desenvolvimento. E é neste quadro esquizofrénico que Portugal se movimenta e tenta sobreviver. Sendo este, portanto, um momento extremamente delicado, outra responsabilidade política nacional teria sido ontem necessária.
Esta Europa não me convence. Nunca me convenceu apesar do meu profundo sentimento europeísta. Os meus princípios e valores sociais não se coadunam com esta Europa de muito jogo para além do cenário. Razão tem, pois, o Dr. Jacinto Serrão quando, na sua Moção de Estratégia Global, apresenta um conjunto de aspectos que tentam recentrar os problemas, que não são apenas portugueses, mas da Humanidade.
E a este propósito, amanhã, durante todo o dia, decorrerão votações para a eleição de delegados ao Congresso do PS. Sou apoiante da Moção do Dr. Jacinto Serrão por dois motivos: primeiro, porque essa Moção traz no seu bojo essa preocupação pelo rumo europeu; segundo, porque as relações entre o PS na República e o PS na Madeira têm de tomar um rumo completamente diferente. Está em causa, também, a criação de condições para uma estratégia de poder na Madeira. E se há um lugar onde esses assuntos devem ser discutidos, esse é o do Congresso. Não estão em causa divisões entre pessoas, mas gerar pensamento político sobre as condutas. Não está em causa o Engº José Sócrates, mas a concertação de estratégias ganhadoras. Engolir em seco nunca fez o meu jeito, por isso, mesmo sabendo que o momento político é delicado, estou convicto que este debate entre quatro candidaturas só ajudará o PS e, naturalmente o País. Se daí resultar um contributo, mesmo que muito pequeno, para recentrar as preocupações europeias (pelo menos no debate), já dou por bem empregue o esforço.
Ilustração: Google Imagens.

5 comentários:

Fernando Vouga disse...

Caro amigo

Uma das poucas coisas acertadas que o ditador Salazar terá dito é que "em política o que parece é".
Admito que, como diz, a actual liderança madeirense do seu partido possa ser a nata doa política portuguesa.
Mas não me parece.
Como deve calcular, as pessoas com quem me relaciono na Madeira pertencem na sua maioria ao grupo dos não alinhados com o jardinismo. Porém, sempre que tento saber da personalidade do líder socialista, só tenho tido reticências. Pelo que me toca, o senhor não me convence. Parece-me pouco convicto e demasiado preocupado com a sua imagem, o que denota uma certa fraqueza. E fico por aqui.
Resumindo, talvez seja uma promessa para o nosso futuro, só que não parece...

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário.
Eu compreendo-o, mas não será consequência da pouca ou quase nula possibilidade de debate entre líderes?
É que não tem havido hipótese de um debate, nem na Assembleia, entre o Dr. Jardim e o Dr. Jacinto Serrão. A população normalmente é levada por uma aparência intencionalmente construida.
Não me lembro de um líder do PS que não tenha sido "destruído" na praça pública. Há sempre um senão! Há sempre qualquer coisa... e como o meu Amigo sabe, agora com algum humor, não podemos ir à olaria construir um modelo de virtudes políticas.
Depois, o problema que se coloca é mais de equipa do que do líder, se bem que a primeira figura seja fundamental.
Mas há que experimentar.

André Escórcio disse...

O senhor ou senhora "Canberra" deixou uma mensagem que não posso publicar. Este espaço é de diálogo e de debate, com todos os posicionamentos políticos. Mas há uma regra que não abdico: a da elegância e a da não ofensa. A Região precisa de participação cívica de grau elevado. Se assim entender, obviamente que estou disponível. Não aceito ofensas seja lá a quem for. Uma coisa é criticar outra ofender.

Fernando Vouga disse...

Caro amigo

Não tenho dúvidas de que o debate de que fala seria fatalmente positivo para a democracia madeirense. E acredito que, se tal acontecesse, o Dr. serrão sairia por cima. E talvez a sua imagen tivesse muito a ganhar.

Amenizando o tema, achei piada ao seu «não podemos ir à olaria construir um modelo de virtudes políticas».
É que eu nasci na Rua da Olaria em Lamego e na minha terra "ir à olaria" quer dizer ir à minha rua...

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário.
É tão bom debater os assuntos com quem sabe, com quem tem visão alargada e com quem tem humor. Obrigado, Caríssimo.