Assumam que ascende já a 1000 milhões de euros os encargos junto dos fornecedores. Assumam que há obras paradas por falta de financiamento. Assumam o estrondoso falhanço desta política.
A notificação do Tribunal para executar a penhora de bens patrimoniais, por uma dívida do governo regional no valor de € 100.000,00, não constituiu um "lapso de serviço". Trata-se, antes, de um claro sintoma da falência deste sistema e deste regime. Melhor seria que assumissem que o cofre está vazio e que começam a experimentar dificuldades para pagar aos funcionários públicos.
E quando se chega a este ponto, perguntar-se-á, como estarão todos os restantes encargos assumidos e não pagos. Assumam, pois, que ascende já a 1000 milhões de euros os encargos junto dos fornecedores. Assumam que há obras paradas por falta de financiamento.
Ainda ontem, na RTP-M, os madeirenses e porto-santenses tiveram a oportunidade de seguir dois exemplos: a obra no porto do Funchal, da responsabilidade da Sociedade Metropolitana (é dinheiro público que será pago por todos) e a escandalosa dívida à Medical Center no valor de 1,6 milhões de euros, que conduziu a empresa a ter que pagar, apenas € 250,00 aos seus colaboradores. Mas há tantas dívidas por aí, porque a torneira da banca, do dinheiro fresco, fechou!
E a lata é tal que não admitem o estrondoso falhanço desta política. Falam de "lapso de serviço", como se alguém, minimamente familiarizado com o que se está a passar, conseguisse engolir esta tentativa de passar ao lado do real problema. E, claro, lá vem a "sacrossanta" declaração do presidente do governo regional: Sócrates "foi o pior primeiro-ministro para a Madeira". Não foram as megalomanias do governo que esvaziaram o cofre, não foram a loucuras para alimento dos lóbis da construção civil que estiveram em causa, não foram as tresloucadas posições de subsidiodependência absoluta que desgraçaram o tecido empresarial e a estabilidade das famílias, não, não foi nada disso, foi o Sócrates!
Como se a Madeira não tivesse órgãos de governo próprio e um orçamento próprio. Mas a culpa é hoje do Sócrates, como, amanhã, será de um qualquer outro. E vem ele falar de um "conversa a sós" com o Dr. Passos Coelho. Que se cuide.
Ora, nunca há aqui uma efectiva responsabilização pelos actos, pelo que culpa é sempre dos outros. O lamentável desta situação é que se passaram 35 anos de governação absoluta e o povo continua a acreditar em tudo o que ele por aí vai dizendo, tal como os seus pares na Assembleia Legislativa da Madeira. Espero que o Povo desperte da sonolência para a qual, meticulosamente, o empurraram.
Ilustração: Google Imagens.
4 comentários:
Caro Professor, essa noticia saíu na RTP M? Ora essa empresa não está controlada pelo regime? parece incrivel...
Obrigado pelo seu comentário.
Compreendi a ironia. Mas fique sabendo que nada me move contra os profissionais da RTP-M. Pelo contrário.
Mas sempre lhe digo que sempre apreciei a transparência dos actos. E é contra essa falta de transparência que nada tem a ver com os trabalhadores que algumas vezes me insurjo. E para bons entendedores...
Para bons entendedores, não houve censura nesse dia...Foi uma distração do regime...
Mas, ainda lhe restam dúvidas? Eu acompanho isto há 40 anos. Ah, colaborei com a RTP, durante quinze, numa altura que não havia produtores e realizadores. Os realizadores eram os de continuidade. E os produtores também apresentavam. Conheci quatro directores e sei o que me contavam. Por isso, meu Caro, tenho toda a história presente.
Lamento é que a sua ironiazinha pareça consubstanciar a defesa do que se passa. Se é assim, é mau que aconteça. Mas o problema não é meu.
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