Mais curioso, ainda, quando, recentemente, o referido Secretário Regional dos Assuntos Sociais, salientou que a 14.000 pessoas beneficiam de apoio diário alimentar, o que, em relação à população significa cerca de 5,5%. E é curioso porque transmite a ideia de uma cobertura total das necessidades sentidas. E não é assim. Essa taxa é quase um terço da designada pobreza persistente que, na Madeira, atinge cerca de 15% da população (35.000 pessoas).
Que razões levam estes senhores governantes da Madeira a esconderem a pobreza? Que razões levam esta Senhora que lidera, localmente, a Segurança Social, há um ano a fazer de conta que não recebeu um pedido do Grupo Parlamentar do PS, para com ele ter um encontro de trabalho? Que razões levam os governantes da Madeira, teimosa e acefalamente, a não quererem um estudo sobre a realidade da pobreza? Que razões estão na origem da não existência do Banco Alimentar Contra a Fome? Que razões estão na origem, perante tanta pobreza, a Madeira limitar o acesso ao Rendimento Social de Inserção, registando menos 50% relativamente aos Açores, quando existem verbas nacionais disponíveis?
Percebo o desconforto do governo, desde logo quando o Secretário dos Assuntos Sociais aponta para 4% de pobres, o Presidente do Governo, dias depois, para 8 a 10%, face aos vários estudos nacionais que quantificam em cerca de 30% a realidade da pobreza (mais de 70.000 pessoas). Mais curioso, ainda, quando, recentemente, o referido Secretário Regional dos Assuntos Sociais, salientou que a 14.000 pessoas beneficiam de apoio diário alimentar, o que, em relação à população significa cerca de 5,5%. E é curioso porque transmite a ideia de uma cobertura total das necessidades sentidas. E não é assim. Essa taxa é quase um terço da designada pobreza persistente que, na Madeira, atinge cerca de 15% da população (35.000 pessoas).
Só encontro paralelo com esta política de ocultação da verdade nos países de regime ditatorial. Conhecemos vários, alguns, apenas alguns, recentemente com sérios conflitos e que as imagens vieram a por a nu a realidade social. De zonas turísticas por excelência, da aparente riqueza, entre outros, até pela exploração petrolífera, todos, sobretudo os menos familiarizados com a política internacional, assistiram à miséria em que viviam. Enquanto isto, os do regime, desfrutam de fortunas verdadeiramente obscenas.
Não estou aqui a comparar regimes e níveis de crescimento e de desenvolvimento. Estou, apenas, com as devidas diferenças políticas, sociais, económicas e culturais, a desenvolver o raciocínio da ocultação da verdade, a falta de transparência e a ausência de um pingo de humanismo no sentido de enfrentar a realidade e combatê-la.
Só os excedentes da União Europeia que cabem, por direito, à Madeira, envolvem cerca de 400 toneladas de alimentos por ano. Mais de uma tonelada de alimentos por dia. Só este valor justificaria a implementação do Banco Alimentar Contra a Fome, essencial para poder ajudar as diversas instituições de solidariedade social nesse combate à fome que tanta gente sente. Distribuem alguma coisa, é verdade, mas de forma desarticulada. Tenho exemplos bastantes!
Ora, não querem o Banco Alimentar, porque o Banco, no quadro da sua rigorosa independência estatutária, que não depende nem da Igreja, nem dos governos, trataria este assunto de forma diferente, trataria na base da estatística da realidade, das verdadeiras bolsas de pobreza e isso, obviamente, não interessa. A razão é essa, é política e é do que mais reles tem a política, porque joga contra um dos direitos fundamentais do Homem.
Mas esta história tem uma outra vertente: é que esses mesmos governantes e as segundas e terceiras linhas da governação, quando se trata de falar de apoios, aparecem a divulgar iniciativas como se elas fossem pagas pelo Orçamento da Região. Ignoram, por completo, que tudo se deve (e bem) à Segurança Social Nacional. Estou a falar do abono de família, do subsídio vitalício, das bonificações a crianças e jovens portadores de deficiência, os subsídios por doença, os subsídios de desemprego, os pensionistas por invalidez, os pensionistas por sobrevivência, o rendimento social de inserção, o abono pré-natal, o complemento solidário para idosos, etc. Esquecem-se que apesar de todos os constrangimentos do País, as transferências sociais para a Região beneficiaram de 57% de aumento entre 2004 e 2009. De 28 milhões em 2004 passou para 44 milhões em 2009. E é vê-los, por aí, a cumprimentar com o chapéu que não lhes pertence, nem na cabeça lhe cabe, com o chapéu que a TODOS OS PORTUGUESES pertence. Atacam por todos os lados a República, mas são incapazes de assumir, junto de todos, que a Segurança Social é Nacional e que do Orçamento da Região nem um cêntimo sai para qualquer tipo de apoio complementar. Até os funcionários da Segurança Social, de toda a Região, é paga pelo Estado.
Ilustração: Google Imagens.
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