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quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

AS PALAVRAS DA CONFERÊNCIA EPISCOPAL ATINGIRAM O ALVO... FINALMENTE!

A Conferência Episcopal veio, pela voz de um porta-voz, sublinhar que o Povo deve votar em ideários, projectos e valores. Foi isto que retive da declaração saída da última reunião da Conferência através do padre Manuel Morujão.
Ora, nem mais. Sem qualquer ironia, assumo que estou em absoluto acordo. Deve, por isso, a Conferência Episcopal recomendar essa posição a todos os membros da Igreja na Região Autónoma da Madeira, para que falem a verdade ao Povo, para digam ao Povo, desde o Porto Moniz ao Porto Santo, do Funchal a Santana, que há tantos projectos sérios e defensores de valores, que interessam à felicidade deste Povo Madeirense, e que são sistematicamente eliminados pela presença do mais forte na selva política regional, por aqueles que têm acesso prioritário e muitas vezes abusivo aos meios de comunicação social. Há que dizer às pessoas, a todo esse Povo humilde, que sofre e que se encontra enredado numa complicada teia, que não basta a Igreja receber alguns milhões por ano do Orçamento Regional para ser fiel no voto, que esse Povo deve votar em ideários, projectos e valores. Considero essa mensagem importante o que implica que a leitura da Conferência não deva ficar, apenas, pelo território Continental mas que se estenda à Madeira. Que a sua mensagem englobe uma visão aberta, sincera e em defesa dos 50.000 pobres da Região, em defesa da libertação total do Homem, em defesa da sua cultura, em defesa do trabalho com deveres mas também com direitos, em defesa dos idosos, em defesa de um desenvolvimento sustentável e em defesa de uma política Humanista. Que a Conferência traga essa douta mensagem para junto do Povo de Deus nesta Região. Que afirme, claramente, que existem ideários, projectos e valores sérios, estudados e portadores de um futuro, que não se confinam a um blá, blá de trinta anos de poder absoluto. Que assuma, definitivamente, que a Palavra não pode ficar pelas intenções e subvertida pela construção de uns Templos; que assuma que o importante é ir ao encontro dos mais frágeis, dos que se encontram nas margens da sociedade e sem direitos; que assuma que a Palavra implica o exercício da política em prol do bem-estar de todos e não apenas de alguns. Portanto, que estejam atentos aos ideários, projectos e valores proclamados na Assembleia Legislativa Regional e, repetidamente, chumbados.
O problema dos casamentos homossexuais é apenas uma particularidade que pouca relevância dou porque não há qualquer ameaça à sociedade. À Igreja o que pertence à nobre função da Igreja; à Justiça, os valores constitucionais, a liberdade e a igualdade perante a Lei. Aliás, naquela particularidade, a Conferência Episcopal deveria olhar para Espanha e para o que lá se passa numa população maioritariamente Católica.

3 comentários:

Anónimo disse...

Senhor Professor
As Igrejas têm todo o direito de recusar o casamento religioso a quem não se enquadre e/ou colida com os seus cânones.
Nesta ordem de ideias deveriam limitar a sua acção ao âmbito dos seus múnus pastorais.
E,esses,serão,também,respeitáveis direitos seus.
Por outro lado,em quase,se não em tudo o mais,à sociedade civil - de um Estado de Direito, constitucionalmente, Laico e Livre - compete a decisão de aceitar ou rejeitar o que lhe diga respeito,sem admitir abusivas interferências de quem quer que seja.

"A César o que é de César, a Deus o que é de Deus."

André Escórcio disse...

Caríssimo,
Absolutamente de acordo.

Anónimo disse...

Senhor Professor

Também acho que as Confissões Religiosas não deviam intrometer-se nas opções políticas dos cidadãos,e, muito menos,orientar e condicionar o seu voto.
No caso em apreço,não preciso que me expliquem que a Natureza tem aberrações.
Teremos de,generosa e pacificamente,conviver com elas.
Mas, daí a dar-lhe uma excessiva e predominante importância, vai uma enorme distância(até parecendo que a maioria da população portuguesa é homossexual)!
Num Estado de Direito,logo, Democrático,ninguém deve ser incomodado pelos seus gostos, desde que,estes,não se transfigurem em intolerável imposição a quem deles não partilha.
Por secular,lógica e natural tradição,o Casamento é heterossexual.
E, assim, deverá manter-se.
Quando digo que sou casado,não preciso especificar que o sou com uma mulher.
Agora, se se pretende salvaguardar direitos (designadamente, patrimoniais,fiscais ou de sobrevivência)aos parceiros do mesmo sexo,tanto bastaria que a lei lhes conferisse o estatuto da União de Facto.Tout court.
Claro está, que será de excluír, liminarmente,a possibilidade de adopção, por razões,formativas e educacionais, mais que óbvias.
Porquê complicar, e crispar socialmente, o que é de tão fácil solução?!
AH! os votos...