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segunda-feira, 7 de setembro de 2009

A GESTÃO DAS MENTES

Segui com muito interesse o debate entre a Drª Manuela Ferreira Leite (PSD) e o Professor Doutor Francisco Louçã (BE). E acompanhei o debate fazendo apelo ao necessário distanciamento político-partidário. É sempre mau quando nos predispomos a analisar mas embuídos dos conhecimentos, crenças, atitudes, presunções, preconceitos e experiências que transportamos. Não é um exercício fácil, sublinho, mas tento que a minha análise não sofra em função da minha própria história. E falo deste aspecto porque, ainda ontem, após o debate, acompanhei os comentários de alguns convidados, sobretudo jornalistas, em dois outros canais. A conclusão a que cheguei é que, em relação à generalidade dos comentadores, eu não vi o mesmo debate. Falavam de uma candidata que tinha surpreendido através de um conjunto de importantes contrapontos, quando o que eu vi foi a líder do PSD bloqueada e sem capacidade para se libertar dos argumentos e da pressão do líder do BE na generalidade dos dossiês em debate. Não estou, repito, a fazer um juízo de valor relativamente às propostas de ambos os partidos, mas em função do ponto-contraponto, quem melhor soube defender e justificar o seu projecto. Do meu ponto de vista, o Doutor Francisco Louçã foi, de longe, muito mais convincente. A parte final, aquando da abordagem das sensíveis questões da família, das uniões de facto e dos casamentos entre pessoas do mesmo sexo, foi decisiva, com a Dr. Manuela Ferreira Leite completamente aos papéis, como soe dizer-se.
O problema é que o tempo dos comentários é superior ao tempo do debate e daí que os comentadores acabem por ser determinantes na formação da opinião pública. Jorge de Campos, no livro A Caixa Negra (1994, pág. 106), salienta que os media criam, processam, refinam e presidem à circulação de imagens e informações que determinam as nossas crenças e atitudes e, em última instância, o nosso comportamento. Quando produzem mensagens que não correspondem à realidade, acabam por se tornar gestores das mentes. Concordo.

3 comentários:

Fernando Letra disse...

Eu também concordo.

Além disso, os meus parabéns pela sua opinião sincera. É que eu fiz a mesma análise, mas tinha receio de estar a ser tendencioso, sabe-se lá porquê... :)

Um abraço.

Rolando Almeida disse...

Caro André,
Por acaso acho que o André tem sido demasiado partidário nas suas análises. Concordo com o que diz em relação à MF Leite, mas não vi nada do que o André viu num dos debates aqui comentados com José Sócrates. Mas por agora espero com ansiedade o que é que a máquina de marketingue de José Sócrates tem a dizer sobre isto: Fim da recessão técnica, eis os dados frescos:
1) Rohde vai avançar para lay off e pedir insolvência
2) Falhou o projecto para salvar a quimoda solar
3) os últimos dados revelam uma queda da indústria no mês de Julho.
Mas é verdade que estou em acordo em relação a determinadas virtudes do governo PS. Com efeito é impensável votar PS quando recebo o tratamento que recebi por parte da farçola política do partido. Nem sequer percebo qual o problema com a debilidade política da Madeira quando o governo socrático o demonstrou de forma inequívoca em relação à educação. E o que me custa engolir é a jogada de charme recente para cativar os professores e suavizar os ânimos. Claro que não existe governação sem tensão, mas será necessário chegar quase ao insulto de toda uma classe?
Cruzamos aqui algumas opiniões e respeito a do André e não lhe quero negar o seu esforço em manter a isenção, mas não me parece que as consiga manter. Para além disso é um gosto saber da ideia de manter um blog onde procura de forma racional e inteligente analisar questões políticas. Quem dera esta abertura de espírito para mais pessoas ligadas à política.
Espero que compreenda as minhas razões para a não aceitação da continuidade do governo PS. Há quem diga que estou errado, que em educação se mudou muita coisa, para melhor. Não é assim que leio a realidade e a machadada final foi observar o comportamento dos governantes em período pré- eleitoral. Reconheço que a política se faz assim, mas parece-me excessivo.
Obrigado

André Escórcio disse...

Caro Colega,Rolando Almeida.
Como sabe a crise bateu à porta de todos os países. Dados sobre o encerramento de empresas e concomitante desemprego, infelizmente, temos aos milhares por toda a Europa e por todo o mundo. Não aconteceu e não acontece apenas aqui. E eu sei, o meu Caro sabe, certamente, tudo isto a que se ficou a dever. A origem está na desistência dos Estados em criarem regras que imponham aos "senhores da aldeia global", aqueles que determinam o que comer, o que vestir e até em quem votar, que as suas ambições têm de estar compaginadas com os grandes interesses da Humanidade.
Portanto, a origem encontra-se no contínuo resvalar dos princípios que deveriam (devem) nortear uma sociedade equilibrada para um posicionamento neoliberal onde uns ganham e a maioria perde.
Todos os meus comentários baseiam-se nessa luta que os Homens devem encetar no sentido do reequilíbrio, da sustentabilidade e da Humanidade. Sinto que não sou sectário nas análises que faço, embora não esconda a minha filiação partidária. Quer melhor exemplo do que digo do que o meu posicionamento relativamente à equipa que lidera a Educação em Portugal?
Meu Caro, mas isso não me faz desviar um milímetro dos princípios e dos valores sociais. Este é o meu caminho. Muito mal estaria se, por uma razão profissional (também eu fui afectado e, por isso, luto contra os erros) deixasse de ver tudo o resto!
Meu Caro, também nas nossas aulas, sabe tão bem quanto eu, que, por vezes, olhamos para um aluno e ficamos de "pé atrás" e, nesse mesmo aluno, mais tarde, acabamos por verificar as grandes qualidades que ele transporta. Simplesmente porque o olhámos melhor.