Eu percebo o motivo da transmissão do "Debate da Nação". E elogio a RTP-M por o ter transmitido. Lamento, isso sim, o facto de não comparecer na Assembleia Legislativa, sobretudo aquando dos momentos importantes e marcantes da vida política regional. Mas esta transmissão tem outros contornos: é que lá, democraticamente, toda a oposição critica o governo aos olhos de todos os portugueses, porém, aqui, não interessa ao PSD-M que toda a oposição fale das misérias governativas deste governo regional.
Segui uma parte do "Debate da Nação" transmitido a partir da Assembleia da República. E pasme-se, em directo, pela RTP-Madeira. Dois aspectos muito importantes (um dos quais interessante), ressaltam desta constatação: em primeiro lugar, a presença do governo, liderado pelo Primeiro-Ministro, frente a toda a oposição, permitam-me a expressão, a ser "bombardeado" por todos os lados, mas a todos respondendo. É ali a casa da Democracia e a casa do debate político. Sem ofensas a ninguém, sublinho. Um debate tenso mas com dignidade, enquanto aqui, ainda esta manhã, um Deputado foi visado com a seguinte expressão: "prostituta ofendida".
Mas regressemos ao debate do "Estado da Nação". Lá debate-se o "Estado da Nação", aqui torna-se impossível debater o "Estado da Região". Impossível porque o Presidente do Governo e todo o governo nega-se a participar e a debater os diversos e complexos temas políticos. Tome-se em consideração, por exemplo, o "debate" que hoje terminou sobre o Orçamento Rectificativo da Região Autónoma, cujo responsável primeiro é o Presidente do Governo Regional, mas que apenas contou com a presença do Secretário Regional do Plano e Finanças. Está tudo dito.
Em segundo lugar, a constatação que constitui, em si mesma, um facto interessante: a RTP-Madeira ter transmitido, em directo, da Assembleia da República, o "Estado da Nação". Interessante porque, sendo um Centro Regional, foi incapaz de fazer a transmissão do debate na generalidade ou, no mínimo, as intervenções finais do Orçamento Rectificativo da Assembleia Legislativa da Madeira. Curiosamente, (ou talvez não) também não deixa de ser significativo que esta RTP-M marque presença para transmitir, em directo, o Orçamento da Região (uma vez por ano), quando Sua Excelência o Presidente do Governo (única vez que comparece no Parlamento) o encerra e perora entre uma a duas horas sem possibilidades de ser questionado. A solo, a RTP solta-se e corre atrás do Presidente, de "rabinho a abanar".
Eu percebo o motivo da transmissão do "Debate da Nação". E elogio a RTP-M por o ter transmitido. Lamento, isso sim, o facto de não comparecer na Assembleia Legislativa, sobretudo aquando dos momentos importantes e marcantes da vida política regional. Pelo contrário, censura algumas intervenções que lá são produzidas, como ainda ontem aconteceu.
Mas esta transmissão do "Debate da Nação" tem outros contornos: é que lá, democraticamente, toda a oposição critica o governo aos olhos de todos os portugueses, porém, aqui, não interessa ao PSD-M que toda a oposição fale das misérias governativas deste governo regional. E, portanto, de forma compaginada, ao governo regional e aos directores desta RTP, ambos entendem que bater forte no Governo da República interessa porque ajuda a confirmar as críticas que daqui saem pela voz dos Deputados da maioria e pelo próprio Presidente do Governo. Tudo isto, pelo menos do meu ponto de vista, está muito bem engendrado.
O exame da RTP-Madeira, depois desta transmissão, fica agendado para o dia 29 de Julho, já que nessa data, por solicitação do PS-M, será realizado um debate sobre o "Desemprego na Região" que contará com a presença do Secretário Regional dos Recursos Humanos. Apesar de um Regimento absolutamente anacrónico, imposto pelo PSD-M, oxalá não faltem!
7 comentários:
O Senhor Deputado anda distraído. A RTP M sempre transmitiu o Debate da Nação. Qual foi o Debate da Região que a RTP M não transmitiu? Se os senhores chegassem ao Governo , pelos vistos seriam ainda piores que os que estão agora...Haja bom senso
Obrigado pelo seu comentário.
Eu não ando distraído, ao contrário do que referiu. Por essa razão elogiei e elogio o facto de transmitir. A razão é outra. A razão de fundo prende-se com o facto de não transmitir aquilo que é relevante na Madeira. Pergunto: por que razão? Foi essa a razão que me levou a escrever, assente no pressuposto que talvez não interesse! É a minha leitura.
Quanto ao facto de sermos iguais ou piores, uma vez no poder, apenas lhe digo o que já alguém disse: "olhe que não... olhe que não".
Penso não ter uma posição assumida ontem que não a assuma hoje. Sinto que tenho uma coluna onde não corre a plasticina. Quero, como cidadão, uma televisão independente, gerida de dentro para fora, distante de pressões, honesta, verdadeira e que cumpra o "serviço público", coisa que não faz.
Ainda mais uma coisa, Meu Caro:
Afinal, parece que quem anda distraído não sou eu. Até hoje não houve nenhum Debate da Região ou sobre o Estado da Região. Ainda este ano o PS fez uma proposta que foi chumbada. O que a RTP faz é o Debate do Orçamento, com aquelas características que salientei, mas que, obviamente, a RTP é alheia. Mas como sabe, nunca assisti, na RTP a um debate entre o Presidente do Governo e o líder da Oposição, ou então, um debate ao jeito de "prós e contras" onde de um lado estivesse o poder e do outro a oposição. Mas com o principal responsável presente. Concorda, não?
È evidente que a RTP devia fazer mais debate, desde que haja intervenientes...Como o Senhor disse a RTP é alheia à falta de um debate da Região no Parlamento.
A Assembleia não arrasta o governo para os debates. Na RTP tb não. Os jornalistas não são os eternos culpados. De resto a TV Madeira tem politica a mais nos telejornais...è record nacional.
Obrigado pelo seu comentário.
Se tem política a mais é porque está sujeita a pressões e porque não consegue definir o seu próprio rumo.
A Assembleia bem arrasta, porque há tentos temas importantes, eu diria determinantes na vida das pessoas, mas as pressões e os medos impedem... Medos internos e externos.
Eu não culpo os jornalistas. Nunca culpei, por mais jovens e inexperientes que se apresentem. O problema vem de cima, vem do vértice estratégico da instituição. Os quadros intermédios e os operacionais pouco podem fazer. Cumprem porque também têm as suas obrigações mensais e ninguém quer ter problemas.
Se tem muita política, ainda bem. Há é que separar o trigo do joio e não ir nessa velha e gasta história da ERC de contabilizar tempos. O "serviço público" deve contabilizar conteúdos, primeiro, ajustando-os, sempre que possível aos tempos. Um serviço de informação não é propriamente um "tempo de antena dos partidos. Foi a própria televisão que gerou isso. Todos fazem conferências de imprensa e outras iniciativas diárias, exactamente porque a RTP não cumpre a sua parte. Eu rejeito uma televisão que brinca com os jornalistas, transformando-os em "tranportadores de microfones".
Estou certo que concordará comigo.
Obrigado.
O Senhor deputado disse que a RTP M não devia ser um tempo de antena dos partidos. Certamente falava de agenda partidária apenas para marcar espaço de telejornal. Estamos de acordo. Foi o que aconteceu com a conferencia de imprensa do Sr. Carlos Pereira do PS ? sobre desemprego (mais uma para dizer o mesmo) quando daqui a dias vai haver um debate parlamentar. Este foi o exemplo mais recente de politiquice a mais no Telejornal só para "aparecer". Outros tantos há , todos os dias. E os Jornalistas "carregam" sempre com o fardo do critério partidário.
Obrigado pelo seu comentário.
Não estou de acordo consigo. Há assuntos que não podem nem devem passar ao lado. São demasiado importantes e já que a RTP-M não investiga e não produz, por antecipação aos partidos, resta, então, a possibilidade de equacionar, neste caso, o problema do desemprego que, como deve saber, na MADEIRA AUTÓNOMA, tem mais de 15.000 na fila.
Se a RTP-Madeira realizasse um debate sobre esta matéria, antecipando o próprio debate na Assembleia, talvez ganhasse com isso, o respeito de todos. Mas isso, como sabe, não é possível. Não fez sobre o Orçamento Rectificativo!
O problema do desemprego é grave e não é o mesmo que ir ali ver um muro tombou. Certo? É grave e, por isso mesmo, deveria o Senhor Vice-Presidente do Governo explicar e debater o que está a fazer para reduzir este drama. Ou será que a culpa é da Constituição?
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