BASTA. Olhem para a degradação dos princípios e dos valores, olhem para os suicídios, para os assaltos e roubos, para os assassinatos, olhem para a fome de tudo e não empurrem para longe os problemas que são daqui e aqui têm de ser geridos e resolvidos. BASTA. Párem com essa história de andar a pedir dinheiro à República para depois esbanjá-lo daquela maneira, em obras vergonhosas, sem sentido de oportunidade e que apenas servem a estupidificação de uns e a "glória" de outros.
A inversão das prioridades |
É intolerável, inaceitável, contraproducente, obsceno e sei lá que mais, enterrar € 45.000.000,00 no Estádio dos Barreiros, quando temos milhares de pessoas a passar muito mal. BASTA de atitudes miseráveis, cretinas, sem qualquer ponta de humanismo, de amor ao próximo, de respeito pelas prioridades e de sentido de justiça. Desculpem-me os leitores desta página, até porque não gosto de escrever com palavras de tom acintoso, mas BASTA, vão-se embora, vão pregar para outra freguesia, deixem de mentir ao povo, larguem a droga do poder, remetam-se ao silêncio, não massacrem mais as pessoas, apenas por quererem, como lapas, manter o controlo total desta terra. BASTA. Olhem para os pobres, olhem para o que aí vai de desgraça social, olhem para a miséria, olhem para o lado e vejam o ambiente familiar, social, económico, financeiro e cultural em que esta Região mergulhou. BASTA. Olhem para a degradação dos princípios e dos valores, olhem para os suicídios, para os assaltos e roubos, para os assassinatos, olhem para a fome de tudo e não empurrem para longe os problemas que são daqui e aqui têm de ser geridos e resolvidos. BASTA. Párem com essa história de andar a pedir dinheiro à República para depois esbanjá-lo daquela maneira, em obras vergonhosas, sem sentido de oportunidade e que apenas servem a estupidificação de uns e a "glória" de outros. O limite da tolerância, parece-me óbvio, está a ser atingido, face ao descaramento, à sistemática perseguição a quem pensa diferente, à castração do pensamento de todos aqueles que, enquadrados no círculo vicioso da pobreza, não têm armas, nem a do voto, para "combater" este estado de situação reles, sem nível e esgotado.
"Muita coisa não se faz por culpa política" |
Ontem, assisti a uma conferência do Doutor Alfredo Bruto da Costa que aqui veio abordar as questões da pobreza. O Secretário dos Assuntos Sociais não assistiu. Deveria ter lá estado, toda a manhã para ouvir quem sabe e para ser confrontado com a verdade nua e crua dos números: no último estudo nacional, entre 1995 e 2000, nesse intervalo de seis anos, o investigador concluiu que 80% dos madeirenses passaram dois ou mais anos por uma situação de pobreza e que 30% viviam em pobreza persistente. Mas ele não quis ouvir, saiu da sala após cumprido o protocolo de abertura do seminário. Regressou ao seu gabinete e, hoje, leio que, para ele, "não faz sentido" qualquer estudo local sobre a pobreza. Como é que se pode actuar se não se conhece a realidade? Bastará, apenas, pago pela República, somar aqueles que são beneficiários dos vários apoios sociais? Não basta. E como foi sublinhado pelo orador, "a causa da pobreza não está nos pobres", está nas mudanças sociais que são de natureza política. "Tudo o que seja combate à pobreza mantendo o padrão da desigualdade" não tem sentido, pois apenas a mantém uma parte da consciência tranquila. Mais, ainda, a solução não está na CARIDADE. É uma palavra que não gosto. Respeito e muita consideração nutro pelas mais diversas instituições que combatem a pobreza, de dia e de noite, respeito o notável trabalho das paróquias que matam a fome e esbatem casos muito sérios de carências várias, mas entendo também que não é pela via da caridade que os problemas se resolvem. É pela via política, com deliberações que "dêem o peixe mas também a cana", em simultâneo, como ontem salientou o Professor Alfredo Bruto da Costa. A "caridade" deve ser o fim da linha, o ataque às margens, para quem mergulhou tão fundo que experimenta dificuldades em se erguer. A caridade não resolve, a prazo, problema algum, apenas se destina a esbater os erros dos políticos. O governo tem de se convencer que a "armadilha da pobreza é a armadilha das desigualdades" e, portanto, na esteira do que disse o Professor, não se pode cair no círculo vicioso de que "os pobres são pobres porque são pobres", antes "os pobres são pobres porque os ricos são ricos".
Por tudo isto, lamento que o Secretário dos Assuntos Sociais continue a varrer, para debaixo do tapete, tão importante assunto, porque a manutenção do poder está em primeiro lugar. O pobre e a fome de muita coisa, podem esperar.
Ilustração: Google Imagens.
Sem comentários:
Enviar um comentário