Há uma cartilha que é rotineiramente utilizada, e que cada vez é mais sonora quanto maior é o sentimento que o barco se afunda. É um pouco isto que leva as pessoas a perderem o discernimento.
Com o navio a afundar-se estão a perder o discernimento |
Não conheço, pessoalmente, o professor Walter Correia, Presidente da Câmara do Porto Moniz. Sei que foi Presidente da Escola Básica e Secundária do Porto Moniz e um professor sério e trabalhador. É a imagem que tenho. Lamento, por isso, que em plena reunião pública da Câmara Municipal do Porto Moniz tenha afirmado: "(...) Cada um vai ter que se "desemerdar" porque ele (Sócrates) está-se a "cagar". Quero acreditar que foi um momento infeliz e faço-o em defesa de um colega de profissão.
Não deixo de dizer, porém, que isto pode traduzir duas coisas: um acto de aflição política, jogando para os outros as responsabilidades que são de cá. Se há crise nas autarquias deveria o professor e autarca responsabilizar o Dr. Alberto João Jardim por desrespeitar o sector autárquico não cumprindo com um princípio fundamental e determinante da governação: o da SUBSIDIARIEDADE. Desde logo isso. Depois, um outro princípio, o da PRIORIDADE ESTRUTURAL. E só mais um, o princípio da TRANSFORMAÇÃO GRADUADA. São princípios estruturantes do desenvolvimento que a governação regional nunca entendeu. O problema não está em Lisboa, em mais uns euros nas transferências, está, fundamentalmente, aqui, na capacidade de gerir e administrar a capacidade financeira, não dando passos superiores à perna. Aquilo que não se pode fazer em quatro anos, faz-se em oito, mas de forma sustentável a todos os níveis. O problema parece-me ser esse e não do Sócrates ou de qualquer outro que chefie o governo da República.
Mas aquela afirmação pode eventualmente explicar uma outra coisa, a influência, o contágio da forma como o seu chefe político habitualmente se comporta. Há uma cartilha que é rotineiramente utilizada, e que cada vez é mais sonora quanto maior é o sentimento que o barco se afunda. É um pouco isto que leva as pessoas a perderem o discernimento. Na Assembleia Legislativa é a mesma coisa, como tenho vindo a escrever. Por tudo e por nada lá surge o insulto, a ofensa gratuita, não de todos, felizmente, mas de um ou outro, cuja cor é muito viva nas convicções do quero, posso e mando. Ora, se o "chefe" tantas vezes demonstra desequilíbrio na forma do relacionamento com os seus opositores políticos, os restantes tendem a sentirem-se legitimados para o mesmo.
Ilustração: Google Imagens.
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