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segunda-feira, 11 de outubro de 2010

A GREVE


Será interessante perceber, para os sindicatos sediados na Região, de quem é a culpa, se de lá ou se de cá, pelos pagamentos em atraso às empresas que depois despedem. Será interessante, também, constatar se ilibam o governo da Região de todo este processo de aplicação cega das medidas de austeridade, ou se consideram que há possibilidades de encontrar aqui, no âmbito da AUTONOMIA, estabilizadores que não coloquem em causa a vida das pessoas. Se querem ou não a aplicação directa das medidas de austeridade, apenas para garantir maiores receitas ao governo para, por sua vez, gastar em obras que não são prioritárias.

É bem provável que sejam centenas de milhar que se juntarão no próximo dia 24 de Novembro, oriundos de todo o País. Com as duas grandes centrais sindicais unidas no protesto (UGT e CGTP), obviamente que a mobilização atingirá cifras nunca antes atingidas. Pressuponho que sim. O problema, agora, está em saber como se comportarão as forças sindicais na Madeira, se utilizarão o momento para colocar em causa o governo do Dr. Alberto João Jardim, pela ausência de medidas, no quadro da AUTONOMIA, de protecção aos trabalhadores da Região, ou se vão apenas marchar contra o governo da República. Será interessante olhar para o histórico de todo este processo, em todos os sectores da governação regional, e perceber até que ponto a AUTONOMIA tem valor e até que ponto os sindicatos interpretam os chumbos na Assembleia a todos as propostas que visam a melhoria das condições de vida dos madeirenses e porto-santenses. Será interessante verificar como é que os sindicatos se posicionam em função dos 15.000 desempregados cuja responsabilidade decorre da política económica do governo regional. Será interessante perceber, para os sindicatos sediados na Região, de quem é a culpa, se de lá ou se de cá, pelos pagamentos em atraso às empresas que depois despedem. Será interessante, também, constatar se ilibam o governo da Região de todo este processo de aplicação cega das medidas de austeridade, ou se consideram que há possibilidades de encontrar aqui, no âmbito da AUTONOMIA, estabilizadores que não coloquem em causa a vida das pessoas. No essencial, se querem ou não a aplicação directa das medidas de austeridade, que apenas irão garantir maiores receitas ao governo para, por sua vez, gastar em obras que não são prioritárias. Será, ainda, importante, perceber se os sindicatos têm consciência de uma dívida de seis mil milhões de euros, a pagar por todos nós e gerações vindouras, criada pela política megalómana do governo regional.
Tudo isto será muito interessante avaliar. Da mesma forma, no plano individual, os trabalhadores de cada sector de actividade, se vão ou não colocar em causa as medidas desenvolvidas na Madeira que ofendem a dignidade das suas funções. Estou-me a lembrar dos professores que há cinco anos não progredim na carreira, nem possibilidades têm de ser reposicionados em função dos 28 meses de congelamento (nos Açores foram); estou a lembrar-me dos médicos e enfermeiros que tão mal tratados têm sido pelo SESARAM e pelo Governo Regional; estou-me a lembrar das negociações com a hotelaria, com o comércio e serviços, entre muitos outros, em que a sensação que fica é que os trabalhadores ficam sempre aquém das propostas apresentadas; estou-me a lembrar do chumbo do PSD à proposta de um apoio complementar às pensões dos reformados e pensionistas; enfim, estou-me a lembrar de tantas situações que NÃO DEPENDEM DA REPÚBLICA, mas sim do GOVERNO REGIONAL DA MADEIRA.
E escrevo assim, não pela atitude actuante dos Sindicatos, mas porque muita gente é levada na lengalenga do governo regional. Porque é muito fácil manipular. Veja-se o on-line do DN, onde à pergunta... "A Madeira deve acompanhar as medidas de austeridade decretadas para o País?, pois aí, numa terra pobre e dependente, 53% dizem que sim e 47% não. Deve haver muita gente ligada ao governo a clicar no SIM. Porque lhe interessa.
Quanto aos sindicatos, eu que tenho um grande sentido sindicalista e que apoio as suas lutas (nunca deixei de aderir a uma greve no meu sector de actividade, porque sempre as considerei justas), já aqui o disse uma vez, que não aprecio que, seja em que circunstância for, no actual contexto político regional, os sindicatos jantem com o Dr. Brazão de Castro. E isso tem acontecido, com alguma regularidade. E não aprecio, simplesmente, porque não há nem almoços nem jantares grátis. Espero que no dia 24 de Novembro, os sindicatos peçam responsabilidades a quem governa a Madeira.
Ilustração: Google Imagens.

4 comentários:

António Trancoso disse...

Caro André Escórcio
Tem,duplamente,razão, na Crítica que faz ao Poder e no Questionário que coloca ao Universo Sindical desta Região Autónoma.
Na verdade, se, aqui, for pífia(como tem sido no passado)a adesão à paralisação nacional de 24 de Novembro, perdem, os "sacrificados do costume",a grande oportunidade de julgar quem "se governa"(desgovernando) em nome de um maquiavélico e propalado Interesse Nacional e Regional.
Aguardemos.
Por outro lado, é de admirar que os "donos" da Autonomia não agarrem,com as duas mãos, a "benesse", que lhes é oferecida, de materializarem uma oposição consequente ao Governo Central e às suas terríficas medidas de austeridade!
A ganância vigente,pelo visto,sobrepõe-se e... cega!
Ainda,por mais um lado, perdoar-me-á o meu Caro Amigo,que lhe manifeste o meu espanto pela implícita e severa reprovação daquelas medidas,provenientes, que são, do seu próprio Partido!!!
Bem sei que o PS-M tem sido tratado,designadamente por altos dirigentes nacionais, que nos têm visitado,como se fora um "filho bastardo" a tolerar...
Concedo que algum suporte existirá,para os repetidos e conhecidos encómios,porquanto já não são poucos,ou menos importantes,os lamentáveis comportamentos da oposição do PS-M caracterizada por uma inconsequência,no mínimo,...oportunista.
Refiro-me,como deve calcular,a título de exemplos,às situações respeitantes à Vice-Presidência da Assembleia Regional,à anuência dos crucifixos nas instituições públicas(nomeadamente nas Escolas),e,ao que se deduz da leitura atenta da Comunicação Social,ao recuo, e perda, da oportunidade de ouro,da "concretização na acção",no âmbito da emergente Convergência Democrática,da Comemoração do Centenário da República...que a maioria instalada recusou comemorar!
A Credibilidade de um Partido,meu Bom Amigo,exige e assenta na Coerência da sua Acção.
Doutro modo...nem daqui a cem anos!
Um abraço.

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário. Sabe, consigo aprendo sempre. São comentários que permitem reflectir. E isso é muito importante. Reflectir para dentro e para fora.
Quando escrevi este texto, confesso, que foi com algum receio de ser mal interpretado. O meu Amigo, por uma consciência política de muitos anos, descansou-me. Uma vez mais obrigado.
Julgo que é tempo de todos nós, sindicalistas ou não, começarmos a não oferecer, de bandeja, o poder a quem por lá anda há 36 anos. É este poder que tem de ser questionado e quanto ao que por lá se passa, obviamente, que também tenho as minhas leituras. Não embarco em tudo, até porque o PS-Madeira tem autonomia para definir o seu próprio caminho. E esse caminho, no seio de toda a oposição, é de combate a este "regime" gostem ou não os de lá!

António Trancoso disse...

Meu Caro André Escórcio
Agradeço a bonomia com que aceita os meus desabafos.
Desabafos esses que resultam da posição, muito cómoda, de não estar sujeito a qualquer disciplina partidária e,tão só, aos ditames de uma consciência que faz algum esforço por ser isenta e atenta aos fenómenos que nos rodeiam.
Como vê,o mérito não é lá grande coisa...
Na nossa idade,ultrapassadas as ilusões, resta-nos a preservação da integridade que não envergonhe os nossos filhos.
Integridade que, para muitos poderosos,anda, irremediavelmente,arredia...
Bem haja pela sua persistência.
Um abraço.

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu novo comentário.
Conheço-o há muito anos, reconheço e tenho absoluta consciência da sua verticalidade política, só possível por uma coluna que não é é plasticina.
Um abraço.