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domingo, 9 de novembro de 2008

HÁ MAROSCA, MEDO E INCAPACIDADE PARA INTERVIR

A pergunta que se impõe é esta: o que leva o Presidente da República a manter-se calado num assunto tão dramático quanto aquele que envolve o primeiro órgão de governo próprio da Região Autónoma da Madeira? Do meu ponto de vista, o silêncio significa que há marosca, medo e incapacidade para intervir. Um Presidente da República tão célere para tecer considerações ao Estatuto dos Açores (interrompeu as férias para um directo às 20:00 horas) por considerar que estão em jogo ou em causa os seus poderes constitucionais, face a este atentado à Democracia, ao estrangulamento do normal funcionamento das instituições de que ele, constitucionalmente, é o garante, fecha-se em copas e o máximo que fez até agora foi estabelecer uns contactos telefónicos. Definitivamente, há marosca, medo e incapacidade para intervir. Este Presidente não consegue perceber que, na essência, não há nenhum caso Coelho mas uma história de 32 anos de erros políticos, de acumuladas situações de conflitualidade das quais resultou o extremar de atitudes que, em circunstâncias de vivência democrática normal, nunca teriam acontecido. Definitivamente, não é um Presidente de todos os portugueses, atento aos desvios comportamentais e outros que colocam em causa o respeito pelas instituições. Quem assim se comporta não tem perfil adequado para o exercício daquele importante cargo. Tome-se em consideração a falta de respeito que demonstrou pela Autonomia e pelo Parlamento ao não "exigir" uma sessão parlamentar na semana que, oficialmente, visitou a Madeira.
O Jornalista Luís Calisto, Director do DN-M, ainda hoje, descreve de forma sucinta mas incisiva o problema: "(...) Mas se se passar uma rápida vista de olhos ao processo que levou a este baixo estilo, se se recordar as vezes em que Alberto João Jardim chamou fascistas e comunistas a adversários que usavam da palavra na Assembleia, a 'casa de loucos' que já chamou ao parlamento, o caso do exame ao estado mental de um adversário, o desabafo 'quero que a Assembleia da República se f...', os jornalistas que são uns 'bastardos' para não dizer 'filhos da p...' - com este exercício de retrospectiva, as anormalidades desta semana infelizmente passam a ser as normalidades da nossa anormalidade".
O problema reside aí. Tem uma causa que não se resolve com uns telefonemas. Exige-se muito mais. Exige-se autoridade e uma resposta adequada a tanto atropelo que está muito para além de três revisões, no espaço de pouco mais de um ano, do Regimento da ALM. É que, para além do mais, a leitura que tenho dos acontecimentos é que nada do que aconteceu ficará por ali. Agravar-se-ão, naturalmente. Não tenho a menor dúvida relativamente ao que se está a passar e às características dos próximos capítulos, porque a vida política regional está radicalizada, há ódio quando se pontapeia alguém ao invés de, serenamente, resolver um problema, há desconfiança, há mentira e encenações que ficam muito mal a quem tem responsabilidades políticas. Há, inequivocamente, um manifesto desejo de manter o poder a qualquer preço. Num quadro destes, pergunto, o que é que significa o regresso à normalidade como terá sido intenção do Presidente da República? Será o regresso ao faz-de-conta e às aparências de que o Presidente da República parece apostado? Definitivamente, repito, há marosca, medo e incapacidade para intervir. Os elogios feitos na Madeira pelo Presidente estão a sair muito caros. Melhor teria sido se se tivesse mantido distante.
Ora, resulta de toda a história que estes não são assuntos para serem resolvidos pelo telefone. Resolvem-se chamando e reunindo, em Belém, as figuras políticas certas; resolve-se analisando os factos históricos e tomando decisões adequadas à degradação da vida política madeirense.
Este encolher de ombros, este deixa a onda passar porque a "normalidade" regressará, pode assumir proporções gravíssimas a curto prazo. O Orçamento vem aí a caminho. Dentro de um mês ele será discutido na Assembleia com a presença, espero, do Governo. Receio que esse momento seja dramático para a estabilidade democrática. E se tal acontecer, que fará o Presidente da República? Voltará a fazer uns telefonemas? Ainda por cima ao Dr. Guilherme Silva? Ridículo!
Ah, que saudades tenho de alguns Presidentes da República?

2 comentários:

Anónimo disse...

Alguns destes senhores comentadores são bem divertidos !!! E, politicamente, muito correctinhos !
Querem fazer-nos crer que o deputado Coelho, pelo facto de o ser pelo PND, defende a ideologia nazi-fascista.
Por acaso serão tão primários que não conseguem vislumbrar a IRONIA inerente às situações criadas?!
Fiquem sabendo que o homem, nem ele próprio sabe em que quadrante político se situa. Talvez esteja embebido de uma forte dose de anarquismo, que, o PND - Madeira, inteligentemente usou (e usa) para confrontar a seita, tentacular, instalada na RAM há mais de três décadas.
Uma coisa é certa: pela primeira vez, na vida par(a)lamentar regional o reizete AJJ encontra pela frente um interlocutor quase ao seu desbragado nível.
As "coelhadas" dão-lhe a provar do seu próprio veneno, e, a cambada medíocre que o sustenta, na Assembleia dita Regional, não soube, nem sabe (por estar mal habituada) como lidar com o imprevisto. Imprevisto que decorre do facto de estar convencida que as malfeitorias são sua exclusiva e impune propriedade. Exemplos não os dou por demais conhecidos e , ainda, sob pena de esgotar o espaço disponível para um comentário.
Outra coisa, também é certa: não é possível a comunicação entre um ordinário e um educado.
Para que o diálogo seja producente (a linguagem e a simbologia) tem de adequar-se ao nível do interlocutor menor, por forma a ser perceptível.
O Deputado Coelho, nesse domínio, fez mais e melhor, que toda a outra oposição ao longo de muitos anos.
E não só a oposição partidária; os sucessivos PRs, designadamente o denominado, pelo reizete, por sr. Silva, assobiam para o ar.
A razão é simples. Nenhum deles arriscou, nem arrisca, a dissolução do "circo", sob pena de, em função do mais que previsível resultado, da nova eleição, ter de, curialmente, renunciar ao seu dourado mandato.
Até o Jaime Gama, tendo dito o que disse, muito recentemente... disse o que disse!!!
Alguém acredita que a D. Maria (que nunca se viu noutra) autoriza o seu Aníbal a fazer "disparates" ?!
Esperem. Bem sentados.
Ah!... Viva o Povo Superior (Cruzes, onde e quando é que já ouvimos isto?)
Bom fim de semana.

Anónimo disse...

Pois, pois...
Ele é Povo Superior, ele é Madeira Nova...e ficam muito arrepiados quando alguém tem a coragem de lhes esfregar nas ventas a Cruz Suástica!!!
Se a hipocrisia matasse...