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quarta-feira, 30 de setembro de 2009

FACTURAS PREGADAS NO TECTO

Como várias vezes tenho salientado, nutro uma grande consideração e respeito por todos os empresários. Sobretudo pelas empresas de menor dimensão, pelo esforço que fazem em manter postos de trabalho e as contribuições em dia. Muitos vivem num sufoco diário, com a concorrência desleal, com os significativos atrasos nos pagamentos pelos trabalhos efectuados, com o IVA que têm de pagar sem o terem cobrado, enfim, há muito empresário a passar mal.
Hoje, estava eu numa loja comercial e, ao meu lado, ouvi a conversa que se desenrolava. Fiquei com a sensação que falavam de uma maneira e num tom com o objectivo de eu os escutar. Dizia um dos interlocutores o qual, depois, percebi que era o proprietário: ainda há dias o presidente da Câmara do Funchal inaugurou uma série apartamentos aqui perto mas à custa de pequenas empresas que têm as facturas pregadas no tecto. Eu que o diga quanto me devem aqui. Fazem a festa, falam para a televisão e coitados dos fornecedores!
No meio da conversa olhou para mim e fiz-lhe, naturalmente, um aceno de concordância. Isso fez com que entrasse no diálogo. Procurei ter dois ouvidos e uma boca. Disse-me: o senhor não sabe o que por aí vai. Sei, sei, respondi-lhe. Não sabe, retorquiu. É pior do que pensa. E a conversa continuou, desfiando uma série de casos, de empresários à nora, de facturas que levam meses para serem pagas, horas extraordinárias que mandam fazer porque a obra tem de ser inaugurada no dia x, de empresas de construção civil que, passada esta onda de inaugurações, vão mandar embora o pessoal, enfim, apresentou-me, em rápidos minutos, um cenário preocupante. No fundo, o que se conhece mas contado na primeira pessoa.
E assim vamos, com a festa das inaugurações, com os comes-e-bebes, com os inflamados discursos, com a subversão das consciências, mas com a certeza que, por esta via, o poder está consolidado. A cabeça continua enterrada na areia... até ao dia que o Povo conheça a verdade. Tudo isto, sinceramente, preocupa-me.

UM PRESIDENTE QUE É PARTE DO PROBLEMA

Depois de ouvir o Senhor Presidente da República, a imediata posição dos vários partidos com assento parlamentar, os vários jornalistas e comentadores e, sobretudo, a excelente e cuidadosa intervenção do Ministro Dr. Pedro da Silva Pereira, apeteceu-me discorrer sobre esta nova baralhada do Presidente. Frenei o ímpeto para amadurecer as ideias. Esta manhã, li o texto de Óscar de Freitas Branco, Jornalista do DN-M. Li exactamente aquilo que pensava escrever. Subscrevo-o na íntegra. Aqui fica a excelente síntese:
"Cavaco falou, mas nada explicou ou concretizou. Acusou altos dirigentes do PS de manipulação, mas não os identificou. Em vez de esclarecer criou mais confusão e suspeitas. E acabou por marcar com o ferro da manhosice e da suspeição a testa de quem acabou de ser eleito pelo eleitorado. Cavaco falou, mas não explicou se existem condições para indigitar um homem em que não confia. Em vez de esclarecer, meteu-se em mais uma triste embrulhada. Já não bastava a protecção dada a Dias Loureiro no caso BPN, que foi muito além do admissível. Já não bastava o alegado chorudo negócio que fez com a SLN, dona do BPN, que lhe rendeu um lucro de 150 mil euros, numa daquelas jogadas que faz a alegria de qualquer especulador. Depois de tudo isto, vem agora colocar em causa a idoneidade de quem o povo elegeu. Talvez não tenha sido o resultado desejado, mas a vontade do eleitorado é soberana. E sobrepõe-se a tudo, até à birra de um presidente que não explica nada de nada. Face a isto é caso para perguntar em que ficamos? As escutas afinal ficam para segundo plano? São para esquecer? Vai indigitar Sócrates?Sinceramente, já ninguém aguenta esta novela mexicana. Faça um favor a si próprio e ao país: demita-se. É o mínimo que pode fazer depois de tanta argolada, pois eu quando quero ir ao circo prefiro pagar bilhete".
Este Presidente começa a ser um pesadelo. Já não basta o momento particularmente complexo que o País atravessa, o Doutor Cavaco Silva ao contrário de se mostrar um garante da estabilidade e parte importante da solução, denuncia, claramente, ser uma parte importante do problema. Da intervenção de ontem deduzo que está a jogar no tabuleiro do conflito institucional que, tarde ou cedo, acabará por levar os portugueses para novas eleições. Veremos.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

SINDICATO DE PROFESSORES DA MADEIRA: A URGÊNCIA DE UMA CLARIFICAÇÃO

No seu habitual artigo de opinião publicado na edição de hoje do Jornal da Madeira, o Dr. Alberto João Jardim deixa um post-scriptum no qual critica a Coordenadora do Sindicato de Professores da Madeira, Profª Marília Azevedo, pelas posições recentemente assumidas. Diz o texto:
A D. Marília...
De estranhar o facto de a cidadã que, por enquanto, é presidente de um dos Sindicatos de Professores, também ter aparecido com uns absurdos, neste período de campanhas eleitorais. Dá um ar de «frete» a alguém... Pois a Dama sabe o trabalho que se está a fazer para defender os Professores do «amado Sócrates», na medida em que... integra os mesmos trabalhos! Há atitudes individuais que merecem repulsa!... E, já agora, é bom que não esqueça quem a ajudou a ganhar as eleições no dito Sindicato!...
Como é evidente, nem tudo o que o Dr. Jardim escreve é de confiar. Muitas vezes lança atoardas sem o mínimo fundamento. Enquadra-se no velhinho e gasto princípio de pressionar, lançar núvens de suspeição e de deixar nas pessoas uns "rabinhos de palha" que, no mínimo, sugerem desconfiança.

Ora bem, conhecendo eu a Professora Marília Azevedo e um conjunto de pessoas que a acompanham no SPM (no meu sindicato), fica para mim claro que não me passa, nem minimamente, pela cabeça que a recente campanha eleitoral interna, tenha tido a participação directa ou indirecta do PSD ou do governo regional. Não escrevo isto por uma questão de amizade nem por uma questão de ingenuidade. É o que eu penso, apesar de saber que o PSD gosta de controlar todas as instituições com sede na Região. De resto, a Professora Marília Azevedo, independentemente da luta eleitoral travada em que estiveram em debate dois projectos globalmente distintos, sempre se mostrou uma pessoa lutadora na defesa da classe e quando, há dias, entre outros aspectos, veio a terreiro com um problema que a todos afecta, (o problema da eficácia da classificação de BOM a todos os professores nos três últimos anos lectivos) não fez mais do que equacionar uma questão que o próprio PS, na Assembleia Legislativa, já o tinha colocado em termos de uma necessária alteração legislativa, e que, saliento, foi chumbada pelo PSD. Neste caso, a intervenção da Coordenadora do Sindicato serviu, apenas, para reavivar a memória.
Agora, o que é dito no post-scriptum é muito grave. Muitíssimo grave. O que é dito configura que o SPM foi ajudado (como, não se sabe) e que as eleições não terão sido verdadeiramente democráticas e, sobretudo, LIVRES. E isto merece uma tomada de posição dos corpos sociais do Sindicato. O silêncio terá uma penosa leitura, enquanto que a assunção de uma posição clarificadora ajudará, creio eu, a apagar esta colagem ao poder que eu rejeito liminarmente. Se houve ajuda, obviamente que perderei a confiança no SPM.
Eu quero um SINDICATO livre do poder e partidariamente livre; não quero UM DEMOCRÁTICO 2! Espero pela urgente clarificação. O silêncio levar-me-á à suspensão da minha filiação sindical. Tão simples quanto isso.
Nota:
Fica muito deselegante ao Presidente do Governo tratar a Coordenadora do SPM pela D. Marília e por Dama. Enfim, evidencia o respeito que tem pela classe e pelas pessoas. Mais, "por enquanto" é presidente do Sindicato? Vai encontrar uma forma de substituí-la? Significa isto que é o governo regional que põe e dispõe no SPM?
No último acto eleitoral a diferença entre as duas listas foi de 178 votos (1047/869).
Foto: Google imagens, do blogue de campanha da actual direcção do SPM.

A DESUMANIZAÇÃO DO MUNDO LABORAL

Atente-se nesta notícia:
"Um trabalhador da France Telecom, de 51 anos e pai de dois filhos, cometeu suicídio ontem, elevando para 24 o número de funcionários da empresa de telecomunicações que nos últimos 18 meses acabaram com a própria vida. Numa carta deixada à família descrevia o seu sofrimento "motivado pelo contexto profissional". A esposa explicou às autoridades judiciais que o marido estava com uma depressão há vários meses. Desde Fevereiro do ano passado que os casos de suicídio assolam a France Telecom, onde o Estado francês tem uma participação de 27 por cento. Os sindicatos já pediram mais protecção aos cem mil trabalhadores que, à custa das reestruturações provocadas pela privatização, são obrigados a mudar de local de trabalho, de chefias ou área".
Há muito que me preocupo com a crescente desumanização do mundo laboral. A luta dos trabalhadores de Chicago, em Maio de 1886 (80 operários foram assassinados no massacre de Chicago) que, mais tarde, veio culminar na divisão do dia em três partes, oito horas de trabalho, oito de repouso e oito de lazer, sorrateiramente, quase sigilosamente, sem grandes alaridos, está em permanente destruição do conceito pelo qual muitos perderam a vida na luta pelos direitos. Dir-se-á que a inteligência capitalista perdeu um combate mas, pacientemente, contornou a situação. Deu-lhe a volta. Multiplicou os bens de consumo, criou expectativas, desenvolveu a ideia do ter antes do ser, colocou tudo frente aos olhos das pessoas e elas, alegremente, deixaram-se ir, acreditaram e foram aplaudindo ao mesmo tempo que eram expropriadas dos seus mais legítimos direitos. E veio o código de trabalho, a pressão diária, o não pagamento das horas extraordinárias, os contratos a prazo, a "prateleira", as baixas remunerações e a louca correria pela produção. As crianças que tinham tempo para serem crianças passaram a ficar nessa inconcebível escola a tempo inteiro, "armazenadas", distante dos pais e dos avós, eles, agora sem tempo para viver e educar, porque é preciso juntar os magros salários para sobreviver. Destruíram o conceito de família. Hoje, morre-se devagar, aos poucos, de uma forma diferente, de angústia e de depressão.
Diz-nos Rosemary Quintas, professora brasileira: "O retrocesso vivido nestes primórdios do século XXI remete-nos diretamente aos piores momentos dos primórdios do Modo de Produção Capitalista, quando ainda eram comuns práticas ainda mais selvagens. Não apenas se buscava a extração da mais-valia, através de baixos salários, mas até mesmo a saúde física e mental dos trabalhadores estava comprometida por jornadas que se estendiam até 17 horas diárias, prática comum nas indústrias da Europa e dos Estados Unidos no final do século XVIII e durante o século XIX. Férias, descanso semanal e aposentadoria não existiam. Para se protegerem em momentos difíceis, os trabalhadores inventavam vários tipos de organização – como as caixas de auxílio mútuo, precursoras dos primeiros sindicatos".
Este novo tempo, embora embrulhado em colorido papel de celofane, está de volta, silenciosamente, de forma adaptada mas mortífera. Basta ler a notícia que deu origem a este comentário onde o próprio Estado françês tem uma participação de 27% do capital. França que proclamou: "Liberté, Egalité, Fraternité". Que dirá Nicolas Sarkosy? A sua ex-mulher considera-o uma enorme “peça de decoração do Ocidente por trás da qual não há nada”.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

FUNCHAL - CIDADE COM FUTURO

Dir-se-á que o poder instalado dificulta qualquer tentativa de discussão desse poder. Por lá passei e reconheço as dificuldades. Poucos se importam em saber quem são os candidatos, os seus programas, o que trazem de novo e a importância das suas áreas de competência profissional. Uns preferem não arriscar, outros sentem o dever de agradecer com o voto a migalha do cimento, do ferro, da telha, da areia ou do cabaz que lhes chega à porta. Estão longe de perceberem uma verdadeira cultura de cidade, de interpretarem outras formas mais consistentes de olhar a CIDADE, de defendê-la dos parasitas e dos que a vendem a retalho. Não estão interessados em saber se o tráfego e os transportes podem ser equacionados de uma forma diferente, se o ordenamento do território merece um outro olhar, se o património deve ser defendido, se a pobreza pode ser esbatida, se os idosos merecem um lar, se as várias dependências podem ser preventivamente combatidas, se a política de habitação pode ser outra, se os empresários podem ter direito à esperança, enfim, sinto que falta às pessoas essa maturidade no acto de definir quem querem para liderar a cidade. As pessoas vão pelas aparências, pelo conhecido e não pelos conteúdos. Tampouco se lembram que outros já lá estão há muitos anos, que as rotinas são preocupantes, que há necessidade de romper com os interesses instalados e que, eventualmente, outros são capazes de fazer mais e melhor com o mesmo orçamento. Na hora do voto mantêm uma fidelidade canina como se isto da política fosse comparável ao desejo de ver o Benfica enfiar mais uma goleada. Não é!
Depois, infelizmente o digo, há muita ignorância. Eu que deixei a vereação da Câmara há quatro anos, cruzo-me na rua e ainda há pessoas que pensam que ainda por lá ando. Batem à porta de casa a expor os seus problemas. E ficam pasmadas quando lhes digo que não sou Vereador. Há dias, uma pessoa Licenciada cruzou-se comigo e perguntou-me que tal ia a "nossa" escola. Tratava-se de um colega de profissão. Respondi-lhe que há dois anos que lá não estou pois desempenho a função de Deputado na Assembleia Legislativa da Madeira. Respondeu-me: ah sim, não sabia!
Por estas e por outras, obviamente que se torna difícil intrometer-se na disputa, não por ausência de qualidade mas por manifesta diferença de meios. Tem sido sempre assim. Desde 1988 que acompanho de perto o rebuliço autárquico. Olhando para trás dou com as excelentes equipas e os fantásticos programas têm sido apresentadas e questiono-me sobre o porquê dos resultados não serem proporcionais a essa qualidade.
É evidente também que estas eleições autárquicas estão seriamente prejudicadas pela proximidade das eleições legislativas. Simplesmente porque não é em duas semanas que se passa uma mensagem mesmo que os candidatos se desdobrem em múltiplas tarefas. Deveriam ter começado no início do ano. Não foi possível e, por isso, não vale a pena "chorar sobre o leite derramado". Mas eu quero acreditar e acredito que é possível enfrentar a engrenagem montada, essa "máquina" com muitos mecânicos em redor, com longos anos de experiência, com muito dinheiro para comícios e "pimbas" e muito discurso que, espremido, pouco ou nada diz.
Sinceramente, gostaria que os funchalenses percebessem o valor e a importância das mudanças. Espero, por isso, apesar de tudo e sem qualquer ingenuidade da minha parte, que no dia 11 de Outubro o povo entenda o valor da mudança, por um lado, porque os insubstituíveis não existem e, por outro, complementarmente, porque o Funchal já existe há 500 anos. E nunca parou! De resto, conheço um a um esta equipa liderada pelo Dr. Rui Caetano e sei do que são capazes.
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O MEU DESABAFO

Não me conformo com os resultados do PS-Madeira. Com todas as conhecidas vicissitudes regionais, apesar de todos os constrangimentos que impedem a criação de uma alternativa, com toda a engrenagem regional montada (e de que maneira!) confrange-me o facto do PS-M ter passado de 35% de votantes nas eleições de 2005 para 19,5% em 2009, o que significa passar de uma igualdade de deputados na Assembleia da República (3-3) para apenas 1, cedendo um lugar para o PSD e outro para o CDS-PP.
Este resultado, confirma que o PS-M está objectivamente sem rumo. Não vale a pena arquitectar desculpas. Eu conheço as dificuldades, eu sei e todos os que acompanham o dia-a-dia político sabem quanto difícil é fazer oposição na Madeira. Mas é possível fazê-la. E tanto assim é que o PS, ainda há poucos anos repetia, com alguma regularidade, resultados acima dos 30% o que significava faltar-lhe o clique final para ser reconhecido como partido preparado para a disputa do poder. Esteja eu enganado mas, por este andar, não se adivinham mudanças substantivas nas autárquicas, o que constituirá um novo e doloroso revés.
A Madeira precisa de um PS muito forte e consistente como de resto de toda a restante oposição, necessita que todos tomem consciência, no pleno respeito pelas diferenças ideológicas, que a nossa sobrevivência enquanto POVO não se compagina com egoísmos partidários. Particularmente o PS, serena mas profundamente, terá, com toda a urgência, de reunir em "conclave" e definir, objectivamente, o que pretende, isto é, se deseja continuar no jogo dos pequenos interesses internos ou se opta por um percurso de sucesso. Está aos olhos de qualquer pessoa que o PS precisa de credibilidade política e social e não é um qualquer que está em condições de disputar, em pé de igualdade, as eleições de 2011. A preparação dos próximos dois anos necessita de uma equipa de reconhecida qualidade política e técnica e de indiscutível reconhecimento social. E isto terá de começar no dia seguinte às eleições autárquicas. Todos são necessários, os que legitimamente estão dentro e os muitos que andam por fora. O processo político, o projecto de trabalho, a base programática, o entusiasmo e a credibilidade é que têm de mudar. Radicalmente. Como? Os órgãos do Partido que, soberanamente, os definam, todavia, com humildade, com cada um no seu lugar, sem falsas partidas, sem egoísmos, sem contagem de espingardas, sem ofensas e sem atribuição de culpados.
A Madeira está profundamente doente em variadíssimos campos do seu corpo social e as doenças de que padece carecem de uma substancial mudança nos actores políticos. E essa mudança só será possível quando o eleitorado interiorizar que estes senhores podem se ir embora porque há gente para os substituir. Só que isso só é possível com demonstração de qualidade e essa ganha-se com muitos meses de trabalho. Não se ganha na Assembleia Legislativa mas através de outros processos. E, felizmente, gente não falta para interpretar essa qualidade. A questão é pois interna, está nas mãos dos seus órgãos. De resto, o PS-M tem o exemplo dos Açores onde os socialistas deixaram-se de tricas e da gestão dos pequenos interesses e hoje, continuam no governo e, ontem, para as legislativas nacionais, voltaram a ganhar.
Em suma, os próximos dois meses serão absolutamente determinantes na vida interna do PS se, porventura, o Partido quiser apresentar-se em 2011 com a tal credibilidade necessária para disputar as legislativas regionais de igual para igual.

O PAÍS ENDOIDOU... HOMESSA!

Com que então...
"O País endoidou" (...) "Portugal está sob um pesadelo", foram estas as expressões-chave, entre outras, ditas pelo presidente do governo regional da Madeira no seu comentário aos resultados das legislativas nacionais. Curiosamente, com tanto disparate feito por estas bandas, com a pobreza que por aí anda, com a aflição do desemprego, a falência de empresas e tantos outros indicadores preocupantes, digo eu, pelos resultados registados, a Região não endoidou e a Madeira não está sob um pesadelo! Compreendo. E compreendo porque também ouvi-o dizer de forma muito clara que "não basta ser um galo palheiro... interessa perceber o povo".
Ora bem, indiscutivelmente, que ele conhece o povo, conhece as suas fragilidades culturais, a sua submissão e dependência, os complicados elos da sua vida, o sentimento de medo que "democraticamente" instalou, as "redes sociais de controlo" que montou, enfim, ele conhece bem todos os patamares da máquina política, todos os parafusos e porcas, a quantidade de óleo diário necessário para a manter em perfeito funcionamento, ele conhece, enfim, todos os itens do protocolo tal como um piloto o faz antes das descolagens. E cumpre-os com rigor ao mesmo tempo que mantém a rédea curta nos seus contactos com o povo. Quem não lhe estende a mão para o cumprimentar é identificado pela polícia e quem se atreve, na sala de imprensa, a questionar de forma mais precisa e contundente é insultado. Tudo isto faz parte do caderno de normas a cumprir. São peças do puzzle fundamentais para que mantenha o poder. Trinta e três anos de poder consecutivo absoluto na Madeira são considerados normais, mas já não é legítimo o Povo atribuir mais quatro anos de poder relativo ao PS. Estamos conversados. Afinal, pergunto, quem anda doido e quem anda sob um pesadelo?

domingo, 27 de setembro de 2009

VITÓRIA CLARA DO PS E JOSÉ SÓCRATES CONTINUARÁ PRIMEIRO MINISTRO DE PORTUGAL

Como tudo levava a crer o Partido Socialista venceu as eleições legislativas nacionais. E ganhou por margem significativa (36 a 40% contra 25 a 29% do PSD segundo os estudos da Universidade Católica), o que me leva a dizer que, embora tenhamos assistido ao longo dos últimos anos a manifestações de claro descontentamento em função de alguns actos reformadores, a verdade é que a maioria dos votantes entendeu ser o PS o referencial da estabilidade que o País precisa. Não chegou à maioria absoluta mas isso, pelo menos do meu ponto de vista, não é de extrema importância. Por dois motivos essenciais: primeiro, porque a arte de bem governar implica a negociação e essa é possível quando o PS tem, à sua esquerda, dois partidos que poderão garantir essa tal estabilidade ou, então, negociar, pontualmente, com cada um deles os diversos dossiês da governação; em segundo lugar, eu que, por princípio, no contexto do que tem sido o exercício da política portuguesa, não sou adepto das maiorias absolutas, considero que este período que Portugal está a viver, nos planos interno e externo, obrigará a uma séria ponderação sobre algumas medidas tomadas ao mesmo tempo que despoletará um sentido inovador na busca das soluções para os problemas que a todos nos afligem. Haja bom senso, sentido de responsabilidade, capacidade para dialogar e integrar e a questão da maioria absoluta deixará de fazer sentido. É o que acontece por essa Europa fora onde a maturidade democrática é outra. (20:15 h)
Resultados Finais Nacionais (23:30 h):

PS - 36,6% 96 Deputados
PSD - 29,1% 78 Deputados
CDS - 10,5% 21 Deputados
BE - 9,9% 16 Deputados
CDU - 7,9% 15 Deputados

sábado, 26 de setembro de 2009

ASSUMA QUE É MADEIRENSE DE ORIGEM PORTUGUESA

Ontem, no decorrer de uma inauguração, o presidente do Governo Regional voltou a defender que a Madeira está numa situação colonial e que entre continentais e madeirenses dá conta de civilizações marcadamente diferentes. Disse: "Nós agarrámos esta Autonomia. Pegámos nela e fizemos um instrumento de desenvolvimento" (...) "é esta a Autonomia que nos permitiu trabalhar, que provámos que foi positiva para o povo madeirense, o que dá, portanto, o direito de aperfeiçoá-la da maneira que o povo madeirense quiser" (...) e recordou que "a carta das Nações Unidas diz que existe uma situação colonial quando um território impõe a outro um determinado Estatuto, contra a vontade desse mesmo território".
Ora bem, hoje, ele é capaz de dizer que é português, que deseja continuar português mas ontem lá veio, subtilmente, com o discurso da chantagem, das palavras que não são neutras, que envolvem um significado para além do sentido conotativo das mesmas. Não falou de independência mas de aperfeiçoamento estatutário. Subtilezas, digo eu, para manipular o povo, para esconder a verdade que lhe corre no pensamento e que apenas não é afirmado abertamente porque não pode. Mas o pensamento está lá e germina, isto é, a criação de um ambiente separatista está lá. A manipulação dos menos capazes e que menos dominam os problemas da governação é evidente que é sensível de sementeira em sementeira discursiva. Quando, do meu ponto de vista, o problema é outro, é de boa ou de má governação, é de rigor em todos os sectores e áreas, é de um novo paradigma económico, é de não confundir o crescimento com o desenvolvimento, é de ausência de um sistema educativo sério e apostado na qualidade, é de políticas de família e de políticas sociais que garantam a erradicação da pobreza e a melhoria da capacidade de resposta dos cidadãos aos problemas, é de menor ambição e de maior racionalidade nos investimentos, é de esbanjamento ou não, é de muita coisa e não do orçamento que a Madeira dispõe. E disto o presidente não fala, não equaciona nem quer saber. Chuta para a frente mantendo a lógica do inimigo externo. Para ele o importante é dispor de dinheiro, cada vez mais dinheiro, de ser cada vez mais patrão de todos e de toda a sociedade gravitar à volta do poder regional.
É óbvio que as Regiões Autónomas têm de dispor de meios, mas o futuro colectivo não depende de atitudes guerrilheiras, depende, sobretudo, da inteligência, da capacidade inovadora, de uma postura de grande rigor e seriedade. E isso, está aos olhos de todos, pelos indicadores disponíveis, que o seu não é o melhor caminho.
Uma nota final: a palavra civilização significa, "estado de adiantamento e cultura social; modo de desenvolvimento cultural". Exactamente o que se verifica por aqui!!!
Foto: Google imagens (as tetas do governo)

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

CIDADES E LUGARES 564. TALLINN/ESTÓNIA


Um pormenor do Centro Histórico de Tallinn - Estónia.

UMA CAMPANHA QUE CHEGA AO FIM COM SÓCRATES NA LIDERANÇA

Sobre a candidata do PSD a Primeiro-Ministro, Drª Manuela Ferreira Leite, penso que pouco há a acrescentar. A sua campanha e mais do que isso, a sua afirmação pública, do meu ponto de vista, justifica o motivo pelo qual cada vez mais está distante da possibilidade de discutir a vitória nas eleições do próximo domingo. Pareceu-me sempre uma pessoa apagada, com falta de confiança, com um discurso muito superficial e, sobretudo, um discurso gerador de pânico sobre o que, no seu dizer, aí vem. Pouca importância dou às gaffes e à falta de sentido de oportunidade política (quem as não tem) mas não aceito a ausência de sentido estratégico e de proposta clara sobre o futuro. Uma coisa é dizer que isto anda mal, outra, obviamente, é apontar caminhos com segurança, convicção, sem tabús e que todos percebam. E isso não aconteceu. Desde muito antes da campanha a Drª Manuela Ferreira Leite pareceu-me sempre uma candidata na defensiva, sem argumentos, acabrunhada e repetitiva. E se os estudos de opinião constituem um indicador, apesar de algumas reformas que o governo socialista fez ao longo dos últimos quatro anos e que geraram significativos desconfortos em vários grupos profissionais, a verdade é que, o "povão", por um lado, dá a entender que percebeu o alcance de muitas delas e, por outro, não vê na candidata do PSD capacidade para ficar ao leme desta complexa nau.
Os dados estão pois lançados e, daqui até Domingo, estou convencido que pouco se alterarão. O dia seguinte será, agora, o mais importante. Neste quadro de resultados, com uma diferença de oito pontos percentuais entre os dois maiores partidos (38%/30%) resta ao PS, no sentido da governabilidade, encontrar uma ponte de entendimento com o Bloco de Esquerda que será, tudo indica, a terceira força política. As crispações anteriores têm se ser colocadas à margem e a negociação tem de ser possível, na defesa dos superiores interesses do País. Se aquele for o quadro, portanto, se as sondagens confirmarem-se, não vejo outra alternativa. Com a CDU, talvez, mas estarão nessa disposição? Com ambos tenho sérias dúvidas. Seja como for penso que terá de ser encontrada uma saída com alguma consistência por dois motivos: primeiro, o país não está em condições de dentro de um ou dois anos regressar às urnas e, em segundo lugar, uma coligação com sucesso seria politicamente importante se a esquerda tiver os olhos na Presidência da República, cujas eleições decorrerão dentro de dois anos. Com todas as trapalhadas que temos vindo a assistir será importante colocar em Belém uma outra figura na qual, maioritariamente, os portugueses se revejam.
É claro que, por aqui, haverá ondas de choque. O presidente do PSD-M ainda ontem mostrou-se muito nervoso com aquela hipótese pós-eleitoral. Pareceu-me furioso em cima do palco quando, por exclusão de partes e em função das sondagens, apelou ao Presidente da República para que não permita essa legítima opção de governo à esquerda. Um discurso que, por outras palavras, significou dizer que a Drª Manuela está fora da corrida e que, agora, necessário se torna passar ao plano B, à pressão sobre o Doutor Cavaco no sentido da inviabilização de um qualquer cenário que não lhe convém. De facto, tudo isto está muito interessante. Os próximos dias serão, politicamente, de grande tensão.
O pior disto é que a campanha autárquica sofrerá danos significativos. Muito dificilmente os candidatos, sobretudo os da oposição, em duas semanas, terão tempo para afirmar-se junto das populações. Quem ocupa o poder tem sempre vantagem e quem o disputa precisa de tempo para fazer chegar a mensagem e a credibilidade pessoal. Na próxima semana falar-se-á de rescaldo das legislativas e as Câmaras ficarão para segundo plano. E isto é muito mau porque há Câmaras, várias, a começar pelo Funchal, onde necessário se tornaria uma mudança na orientação política.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

AS QUEIXINHAS DA VITIMIZAÇÃO

Não conheço a história em toda a sua extensão mas, pelo que depreendi, o PSD-M apresentou queixa à Comissão Nacional de Eleições pelo facto da RTP ter feito a cobertura de uma iniciativa do PS na Ilha do Porto Santo e, segundo o seu entendimento, não ter procedido de igual forma com o PSD numa iniciativa também naquela ilha.
Certamente que não trataram de saber o porquê, se existiam recursos humanos e técnicos ou não, ligações aéreas ou não, etc.. Não estão presentes, ora bem, segue uma queixa!
Mais uma sem fundamento mas que serve para a costumada vitimização. Como se todos nós não estivessemos atentos e percebêssemos que, no mesmo dia, o PSD intervém no âmbito da campanha eleitoral, o governo (PSD) intervém nas inaugurações e a Câmara lá descobre qualquer coisa para poder falar. Normalmente é três em um! Esquecem-se de tudo, tampouco deitam contas aos tempos totais de participação, no período de campanha eleitoral, relativamente aos tempos de intervenção dos partidos da oposição. Querem mais, muito mais, sôfregos por uma vitória esmagadora. Para quê, meus senhores. Eu bem sei, mas fica-lhes mal. E, depois, com uma tamanha lata insurgem-se contra quem defenda que aqui sim, há factos que demonstram a existência da tal "asfixia democrática".
Não leva muito tempo e os jornalistas terão de andar com o "Livro de Reclamações" debaixo do braço.

CIDADES E LUGARES 563. TALLINN/ESTÓNIA


Centro histórico de Tallin - Estónia.

O DIA E A NOITE: A COMPARAÇÃO DO DISCURSO DE BARACK OBAMA SOBRE O INÍCIO DO ANO ESCOLAR E OS DISCURSOS DOS MEMBROS DO GOVERNO REGIONAL

Recebi, por e.mail. o texto do Presidente B. Obama no início de mais um ano escolar. Decidi aqui publicá-lo, na íntegra, para que possa ser comparado com os discursos do Presidente do Governo Regional da Madeira e entrevistas do Secretário Regional da Educação, no decorrer das recentes inaugurações de estabelecimentos de educação e de ensino, no quadro da abertura do novo ano escolar. Há uma evidente diferença... do dia para a noite.
"Sei que para muitos de vocês hoje é o primeiro dia de aulas, e para os que entraram para o jardim infantil, para a escola primária ou secundária, é o primeiro dia numa nova escola, por isso é compreensível que estejam um pouco nervosos. Também deve haver alguns alunos mais velhos, contentes por saberem que já só lhes falta um ano. Mas, estejam em que ano estiverem, muitos devem ter pena por as férias de Verão terem acabado e já não poderem ficar até mais tarde na cama.Também conheço essa sensação. Quando era miúdo, a minha família viveu alguns anos na Indonésia e a minha mãe não tinha dinheiro para me mandar para a escola onde andavam os outros miúdos americanos. Foi por isso que ela decidiu dar-me ela própria umas lições extras, segunda a sexta-feira, às 4h30 da manhã. A ideia de me levantar àquela hora não me agradava por aí além. Adormeci muitas vezes sentado à mesa da cozinha. Mas quando eu me queixava a minha mãe respondia-me: "Olha que isto para mim também não é pêra doce, meu malandro..."Tenho consciência de que alguns de vocês ainda estão a adaptar-se ao regresso às aulas, mas hoje estou aqui porque tenho um assunto importante a discutir convosco. Quero falar convosco da vossa educação e daquilo que se espera de vocês neste novo ano escolar. Já fiz muitos discursos sobre educação, e falei muito de responsabilidade. Falei da responsabilidade dos vossos professores de vos motivarem, de vos fazerem ter vontade de aprender. Falei da responsabilidade dos vossos pais de vos manterem no bom caminho, de se assegurarem de que vocês fazem os trabalhos de casa e não passam o dia à frente da televisão ou a jogar com a Xbox. Falei da responsabilidade do vosso governo de estabelecer padrões elevados, de apoiar os professores e os directores das escolas e de melhorar as que não estão a funcionar bem e onde os alunos não têm as oportunidades que merecem. No entanto, a verdade é que nem os professores e os pais mais dedicados, nem as melhores escolas do mundo são capazes do que quer que seja se vocês não assumirem as vossas responsabilidades. Se vocês não forem às aulas, não prestarem atenção a esses professores, aos vossos avós e aos outros adultos e não trabalharem duramente, como terão de fazer se quiserem ser bem sucedidos. E hoje é nesse assunto que quero concentrar-me: na responsabilidade de cada um de vocês pela sua própria educação.Todos vocês são bons em alguma coisa. Não há nenhum que não tenha alguma coisa a dar. E é a vocês que cabe descobrir do que se trata. É essa oportunidade que a educação vos proporciona.Talvez tenham a capacidade de ser bons escritores - suficientemente bons para escreverem livros ou artigos para jornais -, mas se não fizerem o trabalho de Inglês podem nunca vir a sabê-lo. Talvez sejam pessoas inovadoras ou inventores - quem sabe capazes de criar o próximo iPhone ou um novo medicamento ou vacina -, mas se não fizerem o projecto de Ciências podem não vir a percebê-lo. Talvez possam vir a ser mayors ou senadores, ou juízes do Supremo Tribunal, mas se não participarem nos debates dos clubes da vossa escola podem nunca vir a sabê-lo. No entanto, escolham o que escolherem fazer com a vossa vida, garanto-vos que não será possível a não ser que estudem. Querem ser médicos, professores ou polícias? Querem ser enfermeiros, arquitectos, advogados ou militares? Para qualquer dessas carreiras é preciso ter estudos. Não podem deixar a escola e esperar arranjar um bom emprego. Têm de trabalhar, estudar, aprender para isso. E não é só para as vossas vidas e para o vosso futuro que isto é importante. O que vocês fizerem com os vossos estudos vai decidir nada mais nada menos que o futuro do nosso país. Aquilo que aprenderem na escola agora vai decidir se enquanto país estaremos à altura dos desafios do futuro.Vão precisar dos conhecimentos e das competências que se aprendem e desenvolvem nas ciências e na matemática para curar doenças como o cancro e a sida e para desenvolver novas tecnologias energéticas que protejam o ambiente. Vão precisar da penetração e do sentido crítico que se desenvolvem na história e nas ciências sociais para que deixe de haver pobres e sem-abrigo, para combater o crime e a discriminação e para tornar o nosso país mais justo e mais livre. Vão precisar da criatividade e do engenho que se desenvolvem em todas as disciplinas para criar novas empresas que criem novos empregos e desenvolvam a economia. Precisamos que todos vocês desenvolvam os vossos talentos, competências e intelectos para ajudarem a resolver os nossos problemas mais difíceis. Se não o fizerem - se abandonarem a escola -, não é só a vocês mesmos que estão a abandonar, é ao vosso país. Eu sei que não é fácil ter bons resultados na escola. Tenho consciência de que muitos têm dificuldades na vossa vida que dificultam a tarefa de se concentrarem nos estudos. Percebo isso, e sei do que estou a falar. O meu pai deixou a nossa família quando eu tinha dois anos e eu fui criado só pela minha mãe, que teve muitas vezes dificuldade em pagar as contas e nem sempre nos conseguia dar as coisas que os outros miúdos tinham. Tive muitas vezes pena de não ter um pai na minha vida. Senti-me sozinho e tive a impressão que não me adaptava, e por isso nem sempre conseguia concentrar-me nos estudos como devia. E a minha vida podia muito bem ter dado para o torto. Mas tive sorte. Tive muitas segundas oportunidades e consegui ir para a faculdade, estudar Direito e realizar os meus sonhos. A minha mulher, a nossa primeira-dama, Michelle Obama, tem uma história parecida com a minha. Nem o pai nem a mãe dela estudaram e não eram ricos. No entanto, trabalharam muito, e ela própria trabalhou muito para poder frequentar as melhores escolas do nosso país. Alguns de vocês podem não ter tido estas oportunidades. Talvez não haja nas vossas vidas adultos capazes de vos dar o apoio de que precisam. Quem sabe se não há alguém desempregado e o dinheiro não chega. Pode ser que vivam num bairro pouco seguro ou os vossos amigos queiram levar-vos a fazer coisas que vocês sabem que não estão bem. Apesar de tudo isso, as circunstâncias da vossa vida - o vosso aspecto, o sítio onde nasceram, o dinheiro que têm, os problemas da vossa família - não são desculpa para não fazerem os vossos trabalhos nem para se portarem mal. Não são desculpa para responderem mal aos vossos professores, para faltarem às aulas ou para desistirem de estudar. Não são desculpa para não estudarem. A vossa vida actual não vai determinar forçosamente aquilo que vão ser no futuro. Ninguém escreve o vosso destino por vocês. Aqui, nos Estados Unidos, somos nós que decidimos o nosso destino. Somos nós que fazemos o nosso futuro.E é isso que os jovens como vocês fazem todos os dias em todo o país. Jovens como Jazmin Perez, de Roma, no Texas. Quando a Jazmin foi para a escola não falava inglês. Na terra dela não havia praticamente ninguém que tivesse andado na faculdade, e o mesmo acontecia com os pais dela. No entanto, ela estudou muito, teve boas notas, ganhou uma bolsa de estudos para a Universidade de Brown, e actualmente está a estudar Saúde Pública.Estou a pensar ainda em Andoni Schultz, de Los Altos, na Califórnia, que aos três anos descobriu que tinha um tumor cerebral. Teve de fazer imensos tratamentos e operações, uma delas que lhe afectou a memória, e por isso teve de estudar muito mais - centenas de horas a mais - que os outros. No entanto, nunca perdeu nenhum ano e agora entrou na faculdade. E também há o caso da Shantell Steve, da minha cidade, Chicago, no Illinois. Embora tenha saltado de família adoptiva para família adoptiva nos bairros mais degradados, conseguiu arranjar emprego num centro de saúde, organizou um programa para afastar os jovens dos gangues e está prestes a acabar a escola secundária com notas excelentes e a entrar para a faculdade. A Jazmin, o Andoni e a Shantell não são diferentes de vocês. Enfrentaram dificuldades como as vossas. Mas não desistiram. Decidiram assumir a responsabilidade pelos seus estudos e esforçaram-se por alcançar objectivos. E eu espero que vocês façam o mesmo.É por isso que hoje me dirijo a cada um de vocês para que estabeleça os seus próprios objectivos para os seus estudos, e para que faça tudo o que for preciso para os alcançar. O vosso objectivo pode ser apenas fazer os trabalhos de casa, prestar atenção às aulas ou ler todos os dias algumas páginas de um livro. Também podem decidir participar numa actividade extracurricular, ou fazer trabalho voluntário na vossa comunidade. Talvez decidam defender miúdos que são vítimas de discriminação, por serem quem são ou pelo seu aspecto, por acreditarem, como eu acredito, que todas as crianças merecem um ambiente seguro em que possam estudar. Ou pode ser que decidam cuidar de vocês mesmos para aprenderem melhor. E é nesse sentido que espero que lavem muitas vezes as mãos e que não vão às aulas se estiverem doentes, para evitarmos que haja muitas pessoas a apanhar gripe neste Outono e neste Inverno. Mas decidam o que decidirem gostava que se empenhassem. Que trabalhassem duramente. Eu sei que muitas vezes a televisão dá a impressão que podemos ser ricos e bem-sucedidos sem termos de trabalhar - que o vosso caminho para o sucesso passa pelo rap, pelo basquetebol ou por serem estrelas de reality shows -, mas a verdade é que isso é muito pouco provável. A verdade é que o sucesso é muito difícil. Não vão gostar de todas as disciplinas nem de todos os professores. Nem todos os trabalhos vão ser úteis para a vossa vida a curto prazo. E não vão forçosamente alcançar os vossos objectivos à primeira.No entanto, isso pouco importa. Algumas das pessoas mais bem-sucedidas do mundo são as que sofreram mais fracassos. O primeiro livro do Harry Potter, de J. K. Rowling, foi rejeitado duas vezes antes de ser publicado. Michael Jordan foi expulso da equipa de basquetebol do liceu, perdeu centenas de jogos e falhou milhares de lançamentos ao longo da sua carreira. No entanto, uma vez disse: "Falhei muitas e muitas vezes na minha vida. E foi por isso que fui bem-sucedido." Estas pessoas alcançaram os seus objectivos porque perceberam que não podemos deixar que os nossos fracassos nos definam - temos de permitir que eles nos ensinem as suas lições. Temos de deixar que nos mostrem o que devemos fazer de maneira diferente quando voltamos a tentar. Não é por nos metermos num sarilho que somos desordeiros. Isso só quer dizer que temos de fazer um esforço maior por nos comportarmos bem. Não é por termos uma má nota que somos estúpidos. Essa nota só quer dizer que temos de estudar mais. Ninguém nasce bom em nada. Tornamo-nos bons graças ao nosso trabalho. Não entramos para a primeira equipa da universidade a primeira vez que praticamos um desporto. Não acertamos em todas as notas a primeira vez que cantamos uma canção. Temos de praticar. O mesmo acontece com o trabalho da escola. É possível que tenham de fazer um problema de Matemática várias vezes até acertarem, ou de ler muitas vezes um texto até o perceberem, ou de fazer um esquema várias vezes antes de poderem entregá-lo. Não tenham medo de fazer perguntas. Não tenham medo de pedir ajuda quando precisarem. Eu todos os dias o faço. Pedir ajuda não é um sinal de fraqueza, é um sinal de força. Mostra que temos coragem de admitir que não sabemos e de aprender coisas novas. Procurem um adulto em quem confiem - um pai, um avô ou um professor ou treinador - e peçam-lhe que vos ajude. E mesmo quando estiverem em dificuldades, mesmo quando se sentirem desencorajados e vos parecer que as outras pessoas vos abandonaram - nunca desistam de vocês mesmos. Quando desistirem de vocês mesmos é do vosso país que estão a desistir.A história da América não é a história dos que desistiram quando as coisas se tornaram difíceis. É a das pessoas que continuaram, que insistiram, que se esforçaram mais, que amavam demasiado o seu país para não darem o seu melhor. É a história dos estudantes que há 250 anos estavam onde vocês estão agora e fizeram uma revolução e fundaram este país. É a dos estudantes que estavam onde vocês estão há 75 anos e ultrapassaram uma depressão e ganharam uma guerra mundial, lutaram pelos direitos civis e puseram um homem na Lua. É a dos estudantes que estavam onde vocês estão há 20 anos e fundaram a Google, o Twitter e o Facebook e mudaram a maneira como comunicamos uns com os outros.Por isso hoje quero perguntar-vos qual é o contributo que pretendem fazer. Quais são os problemas que tencionam resolver? Que descobertas pretendem fazer? Quando daqui a 20 ou a 50 ou a 100 anos um presidente vier aqui falar, que vai dizer que vocês fizeram pelo vosso país?As vossas famílias, os vossos professores e eu estamos a fazer tudo o que podemos para assegurar que vocês têm a educação de que precisam para responder a estas perguntas. Estou a trabalhar duramente para equipar as vossas salas de aulas e pagar os vossos livros, o vosso equipamento e os computadores de que vocês precisam para estudar. E por isso espero que trabalhem a sério este ano, que se esforcem o mais possível em tudo o que fizerem. Espero grandes coisas de todos vocês. Não nos desapontem. Não desapontem as vossas famílias e o vosso país. Façam-nos sentir orgulho em vocês. Tenho a certeza que são capazes".
Duas Notas:
1ª Lembro-me do episódio, em Câmara de Lobos, aquando da visita do Presidente da República, em que o Presidente do Governo Regional disse a um estudante que tinha perdido o ano escolar: não te preocupes, eu também perdi três e sou hoje presidente do governo.
2ª Nesta foto, a cadeira do presidente está tão inclinada que um dia cai!

A POSIÇÃO DO PRESIDENTE DO GOVERNO SOBRE A AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DOS DOCENTES

Disse o Senhor Presidente do Governo Regional que, na Madeira, a avaliação de desempenho dos professores será substancialmente diferente do restante espaço nacional. "Eu não concordo com esta avaliação dos professores. Quem tem de ser avaliado são os alunos", salientou. Trata-se de uma declaração que merece duas reflexões: primeiro, por ser politicamente demagógica e oportunista. Por um lado, porque os educadores e professores sempre foram avaliados e, hoje, reclamam uma avaliação através do aperfeiçoamento do anterior processo. Ignorar o processo avaliativo, no quadro de uma cultura de desempenho, significa perder o controlo estratégico sobre o sistema, retirar aos estabelecimentos de educação e ensino uma fonte de informação táctica e, finalmente, impedir os docentes do acesso a instrumentos necessários no âmbito da melhoria do processo pedagógico ao nível da sala de aula. Por outro, se assim pensa o presidente, pergunto, para quê uma Comissão constituída por dezassete pessoas (salvo erro) para definir o processo de avaliação de desempenho docente? Dê por finalizado o seu trabalho.
Mais, ainda, se assim quer parecer amigo dos professores, porque razão permitiu e permite que o Estatuto da Carreira Docente da Madeira, na parte correspondente à avaliação de desempenho, seja uma cópia do Estatuto da Carreira Docente do Ministério da Educação? Mais, porque razão não deu instruções aos Deputados do PSD na Assembleia da Madeira para votarem, favoravelmente, as propostas apresentadas pelo PS (e houve outras de outros partidos) no sentido da revisão global do Estatuto Regional? Ora bem, ou não domina o que se passa na Educação ou a sua posição acaba por constituir uma clara desautorização ao Secretário Regional da Educação, aos Deputados do PSD na Assembleia e à comissão responsável pela apresentação de uma proposta.
Mas com tanta demonstração de amizade pelos professores, já agora, entre outros, mande resolver o problema da contagem integral do tempo de serviço docente congelado durante 28 meses para efeitos de reposicionamento nos novos escalões da Carreira (como fez o governo dos Açores para todos os funcionários públicos), ignorada que foi uma petição assinada por 4000 docentes, resolva a pouca-vergonha da prova pública de acesso ao 6º escalão, depois de 23 anos de consecutivas avaliações de desempenho, a redução da componente lectiva em função da idade e do número de anos de serviço, o agravamento para 35 anos de serviço para atingir o topo da Carreira e o horário nocturno que passou das 19 para as 20 horas. Se resolver isso talvez os professores entendam aquelas súbitas manifestações de amizade.
Nota:
Carta do Leitor, da minha autoria, publicada na edição de hoje do DN-Madeira.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

CIDADES E LUGARES 562. TALLINN/ESTÓNIA


Tallin - Estónia, a praça principal do centro histórico. Ao fundo o edifício dos serviços municipais.

À DRª MANUELA FERREIRA LEITE

Minha Senhora,
Mário Soares, histórico na defesa da Liberdade, falou, na Madeira, de "défice democrático", expressão que, ainda hoje, tanto engulho provoca. Vossa Excelência, relativamente ao espaço Continental, isolando, por motivos óbvios, esta Região, evidenciou, eufemísticamente, o estado de "asfixia democrática". No seu caso bastaram quatro anos fora do poder para ficar sufocada, do Minho ao Corvo, com o ar político tóxico, conspurcado, venenoso e irrespirável, segundo depreendo das suas palavras. Valeu-lhe, nas poucas horas que por aqui passou, finalmente, aliviar a falta de ar puro que a persegue. Não viu e, convenhamos, nem podia ter sentido o monumental silêncio claustrofóbico legitimado pelo voto. Compreendo-a, por dois motivos:
primeiro, por aproximação à Química, a asfixia que disse aqui não existir ou o silêncio claustrofóbico que eu sublinho, existem, mas em estado gasoso. Um estado que varia, apenas, na forma e no volume, em função dos vapores e calendários políticos. E ao contrário de uma interpretação simplista da Química, por aqui, esse estado gasoso não é desorganizado nem dispõe de mais espaço entre as partículas. É um estado com forma definida. Vossa Excelência não o viu, não o apalpou, mas existe. Explico-lhe melhor: é "raffiné" na expressão do seu companheiro de partido e mentor da farsa. As partículas sabem como devem comportar-se, conhecem o manual de instruções e moldam-se ao espaço onde vivem. Basta um telefonema, a fiscalização a um pobre desalinhado, um artigo de jornal, uma inauguração, uma promoção ou um afastamento e as partículas enchem-se de orgulho ou de medo e submetem-se a esse silêncio claustrofóbico que corrói e mata aos bocados a sociedade por dentro. Sobrevivem alguns democratas.
Sabe, Minha Senhora, não basta uma arruada, do Mercado à Sé, para compreender uma sociedade de mil enganos, perceber as causas do drama asfixiante da pobreza (80.000), a angústia asfixiante dos empresários e dos 12.000 desempregados, a compra asfixiante do silêncio das pessoas à custa de subsídios e de compromissos, os proteccionismos e as fortunas mal explicadas, o porquê da desorganização territorial, compreender, Minha Senhora, os baixíssimos níveis culturais e a asfixiante e calculista pressão sobre a imprensa que quer ser livre. É preciso por aqui ficar, calcorrear e ouvir os desencantos segredados.
Compreendo-a, também, por um segundo motivo não menos importante. É que Vossa Excelência, ao ignorar, ao vergar-se e ao passar a mão pelo pêlo do seu "grande líder" e "inigualável patriota" denuncia que tem medo do arsenal bélico, feito de palavras assassinas, que, politicamente, a qualquer momento a podem matar. E esse medo é incompatível com a liderança do País, onde necessário se torna chamar os bois pelo nome, dizer não às cedências, às megalomanias, aos ditadores de paróquia e aos actos de retaliação e chantagem. Deveria saber que, em todas as dimensões, corrupto não é apenas aquele que corrompe mas quem se deixa corromper pelos interesses do poder em jogo.
Finalmente, Drª Manuela, tenho presente a sua passagem pelos ministérios das Finanças e da Educação. Anos perdidos, relembro-lhe. Vossa Excelência não deixou qualquer marca da qual nos possamos orgulhar. Tenho presente o endividamento zero imposto à Região, o pagamento especial por conta e a maquilhagem das contas públicas nacionais; e não me esqueço da forma prepotente como conduziu a Educação bem como os resultados que deixou. Não tem um passado que permita estabelecer diferenças. Por tudo isto espero que o Povo não tenha memória curta.
Com todo o respeito.
Nota:
Opinião, da minha autoria, publicada na edição de hoje do DN-Madeira.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

O CONTROLO DE TUDO QUANTO MEXE

O MAR (Registo Internacional de Navios) anda com ondas alterosas. A nomeação de Dr. Óscar Gonçalves para presidir à Comissão Técnica do MAR tem provocado engulhos no governo regional da Madeira. Tudo porque a pessoa indicada é, desde há muitos anos, militante do Partido Socialista. E como esta é, ironicamente o digo, uma terra onde não existe "asfixia democrática", torna-se, por isso, intolerável que um não alinhado com o governo tenha sido nomeado para tão importante função. Daí a "guerra", o olhar enviesado, a subtil limitação dos meios para a plena realização do seu trabalho. Considero isto intolerável porque significa, claramente, o interesse em controlar tudo quanto mexe. Não é a instituição e o trabalho de qualidade que pode e deve ser feito por uma pessoa independentemente da sua opção de natureza política, mas o lugar e a necessidade de ter mão sobre tudo e todos. Não é assim que interpreto a Democracia nem a vivência democrática. Estas "ondas" alterosas provoca-me enjoo.
Já não basta o controlo sobre todo o associativismo desportivo e cultural, sobre as instituições criadas pela sociedade civil, sobre todas as autarquias, sobre a Assembleia Legislativa da Madeira, não bastando isso, todos os dias querem mais poder, mais controlo sobre a sociedade e pergunto, para quê?

CIDADES E LUGARES 561. PARGAS/FINLÂNDIA


Por toda a Finlândia o verde e a água, compaginados com povoações de pequena e média dimensão, constituem um quadro dominante que tornam bucólicos os espaços humanizados. Posted by Picasa

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

FINLÂNDIA (IV) - EDUCAÇÃO: A COMPREENSÃO DAS NECESSIDADES DAS CRIANÇAS É O SEGREDO DO SUCESSO

Continuação...
Reflexão, neste primeiro dia de um novo ano escolar.
Escola gratuita para todos
O sistema escolar finlandês apoia-se na aprendizagem constante. Nos primeiros anos da independência, já se entendia na Finlândia que a educação era o factor de sucesso mais importante para a nação. Estabeleceram-se disposições na Constituição de 1919, como a educação básica obrigatória e gratuita para todos, instrução vocacional e instituições educacionais académicas fornecidas por autoridades públicas.
Escola abrangente
As crianças finlandesas entram na escola abrangente aos sete anos de idade. Essa instrução, que é gratuita para toda a faixa etária, tem uma duração de nove anos. Todos os finlandeses gozam de uma educação obrigatória até os 17 anos de idade, ou até o fim da escola abrangente. A educação da escola abrangente é fornecida pelo município e a rede de escolas do primeiro ciclo é ampla. Todos os materiais educacionais básicos são gratuitos para as crianças, e os serviços incluem uma refeição quente todo os dias, assistência à saúde na escola e transporte gratuito para as crianças que moram muito longe da escolha para ir a pé ou utilizar o transporte público.
Já há alguns anos que fornecem instrução preparatória para o ensino pré-escolar para as crianças com seis anos de idade, cobrindo a maioria da faixa etária.
A Finlândia é um país bilingue, e o ensino é fornecido igualmente em finlandês e em sueco. As grandes cidades têm escolas que fornecem ensino noutras línguas também, acessíveis para crianças finlandesas e imigrantes.
Cabe também às autoridades locais fornecerem a instrução para jovens e crianças que não podem participar no ensino da escola abrangente normal por motivos de doença ou incapacidade. Praticamente todas as crianças finlandesas vão à escola.
Escolas secundárias e ensino profissionalizante básico
Aproximadamente 50% de cada faixa etária prosseguem para as escolas secundárias. O ensino de nível secundário fornecido pela cidade também é gratuito e inclui uma refeição quente diariamente durante o ano lectivo. O currículo baseado em cursos que abrangem muitas matérias opcionais leva, em média, três anos e termina com um exame nacional de "matrícula". Essa "matrícula" fornece um arcabouço para a continuidade dos estudos em instituições de ensino superior, ou institutos de instrução profissionalizante.
Além das escolas de ensino secundário, existe uma alternativa de ensino profissionalizante básico de três anos que abrange tanto matérias de educação geral como o ensino profissionalizante. Essa é a linha de estudo escolhida por quase todos os que não frequentam as escolas de ensino secundário. Somente 6% de cada faixa etária não prossegue os estudos após a conclusão da escola abrangente. Pode-se também obter o ensino profissionalizante básico através de instrução para aprendizes, ou seja, serviço prático na área apoiado por ensino teórico. Os que obtêm uma qualificação profissionalizante adicional podem continuar os estudos em escolas politécnicas ou outras instituições de ensino superior.
Continua
Extraído do sítio da internet: http://www.finlandia.org.pt/
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EDUCAÇÃO: INVESTIR MAIS NÃO SIGNIFICA QUE SE INVISTA MELHOR

O DN-M, na sua edição de ontem (20.09.09), assinado pelo Jornalista Miguel Torres Cunha, insere um excelente trabalho de recolha e tratamento de dados sobre o investimento comparado no sector educativo. Conclui esse trabalho que a Madeira investe mais em Educação que Portugal Continental e, em alguns indicadores, encontra-se acima das médias da OCDE. Aqui fica o texto inicial da peça jornalística e o posterior comentário:
"A Madeira tem um gasto médio por aluno muito superior ao despendido pelo Governo da República para os restantes alunos portugueses, situando-se, mesmo, acima da média dos países da OCDE quando se trata de alunos do 2.º ciclo. Na Madeira, os gastos com a Educação representam 27,5% do orçamento, enquanto nos Açores (21,8%) e em Portugal (14,8%) os gastos têm um peso menor. Se considerarmos que os países da OCDE afectam 12,9% do seu orçamento à Educação, então a Região investe muito dos seus recursos. Se olharmos para os indicadores dos gastos em referência ao Produto Interno Bruto é possível concluir que Portugal gasta de 5,6% do PIB em educação, valor inferior ao esforço financeiro feito pela Madeira: 8,1% do PIB. Também os Açores gastam mais dinheiro no seu sistema educativo: 8,8% de toda a riqueza gerada no arquipélago. Estes valores quando aplicados ao valor total afecto à Educação - incluindo investimento - revelam um dado surpreendente. A Madeira gasta 7.858 euros/ano por cada aluno, enquanto a média nacional se situa nos 4.772 euros. Já os Açores têm 5.843 euros para cada um dos 50 mil alunos que frequentam os estabelecimentos de ensino pré-escolar, básico e secundário".
Seguem-se outros importantes dados que o visitante deste espaço pode seguir no trabalho ontem publicado.
COMENTÁRIO
Não dispunha de valores tão precisos e exaustivos mas sabia que era assim. Apenas confirmei neste, repito, notável trabalho de recolha e tratamento de dados. Elementos que apenas vêm provar, uma vez mais, o autêntico desnorte do Sistema Educativo Regional. Em síntese, a Região investe mais mas não apresenta resultados proporcionais ao investimento. Simplesmente porque os resultados medem-se através de estatísticas (taxas e índices de insucesso, de abandono, de qualificação profissional, de cultura e de analfabetismo) que nos colocam em situação muito delicada e até, se bem que este seja apenas um indicador (importante) no posicionamento das nossas escolas nos "ranking's" nacionais em função dos resultados do 9º e 12º anos de estudos. A situação no Secundário é dramática mas apreciemos, por agora, os resultados do Ensino Básico.
No conjunto das 1292 escolas básicas do País, a Madeira, globalmente, encontra-se em posições muito delicadas. Dos 30 estabelecimentos de ensino referenciados e dividindo o total das escolas por 3 grupos: (0-430; 431-860 e 861-1292) encontramos o seguinte resultado:
1º Grupo (0-430) - 05 escolas.
2º Grupo (431 - 860) - 09 escolas.
3º Grupo 861 - 1292) - 16 escolas.
Acresce dizer que, no terceiro grupo (16 escolas), existem 12 colocadas acima do lugar 1000º correspondendo esta classificação à posição que ocupam independentemente do número de provas realizadas. Isto porque o Jornal "Público" que habitualmente elabora os "ranking's" estabelece, ainda, um "ranking" (R2) por escolas onde são realizados pelo menos 50 exames. Há diferenças nas posições ocupadas, porém não muito significativas.
Ora, perante resultados destes, onde 20 escolas da Madeira (em 30) numa classificação de 1 a 5, obtiveram nível inferior a 3 (negativo) é caso para perguntar se isto, só por si, não deve ser motivo de aprofundada reflexão e de crítica política, numa Região Autónoma, onde a Educação está regionalizada, tem orçamento próprio e autonomia organizativa e gestionária próprias. Portanto, o facto de "investir" mais não significa que investa melhor. A comparação dos dados entre o investimento e os resultados provam exactamente isso.
Isto acontece porque nunca existiu nem existe uma estratégia correcta e portadora de futuro na política educativa regional. Dir-se-á que a Escola está cheia de tudo, de múltiplas actividades e iniciativas que consomem recursos humanos e materiais, mas está vazia de significado pedagógico por manifesta insuficiência gestionária, administrativa e sobretudo de definição entre o essencial e o acessório.
Este é um aspecto, mas há dois outros: por um lado, a fragilidade do tecido social nos planos económico e cultural. E quando este é um facto na Madeira, a Escola surge como remediadora social que a conduz, também por essa via, a um excessivo consumo de recursos humanos e financeiros; por outro, os excessivos montantes transferidos para o sector educativo de natureza privada que deveria suportar a "parte de leão" dos encargos do seu funcionamento. Evidentemente que há outros aspectos que gostaria aqui desenvolver, mas em todo este processo, em suma, uma coisa tenho como certa, a histórica (i)responsabilidade da governação regional a montante do sistema educativo, que se traduz em uma só frase: se a sociedade está errada a Escola não pode estar certa, daí a desproporcionalidade entre o dito "investimento" e os resultados.

domingo, 20 de setembro de 2009

O APELO À VIOLÊNCIA

Dois dias depois de ter contrariado o Presidente da Câmara Municipal de Santana, o qual, num discurso a propósito de uma inauguração, apelou à desobediêndia das leis, oiço o Presidente do Governo Regional, absolutamente fora de controlo, fazer um descarado e muito perigoso apelo à violência. A propósito e desagradado com a presença do PND nesse acto oficial, disse que estava na altura, já que a Polícia não trata deles, que a presença daqueles "fascistas" "passou a ser um assunto do povo".
Ora, se quem mantém a ordem pública é a polícia e se no entender do presidente tal não acontece, constituir "um assunto do povo" só pode ser interpretado e enquadrar-se na lógica da "legalidade" exercida pelas próprias mãos. Não foi a primeira vez que esta situação aconteceu.
Lembro-me, há uns anos, ter sido dito algo semelhante julgo que em Câmara de Lobos.
É evidente que declarações daquela natureza são graves, muito graves. Desde logo, um político investido nas altas funções da governação, deve, em minha opinião, passar ao lado de qualquer outra manifestação de desagrado pelas suas políticas. É óbvio que há quem goste e quem deteste a forma como governa. A Democracia assim o exige. Em qualquer circunstância, a função que desempenha não pode deixar de se revestir de uma permanente atitude pedagógica, de exemplo e de distanciamento. Depois, porque as palavras não são neutras, há sempre um efeito prático em função dessas mesmas palavras. Apenas dois exemplos: o caso daqueles que entram escola adentro e maltratam os professores com palavras, por enquanto, e a violência doméstica, entre muitas outras expressões de violência.
Mas aquele apelo à violência contitui, finalmente, um desprestigiante ataque à Polícia de Segurança Pública, quando o presidente tem ao seu dispor canais institucionais para repor aquilo que ele considera ser a legalidade democrática. Por tudo isto considero uma vergonha para todos nós aquele discurso de ontem. Ou está de cabeça perdida em função da conjuntura política regional e das sérias dificuldades que o seu governo atravessa ou, então, cada vez mais, no plano político, a máscara cai. Uma pergunta final: terá sido verdadeiro quando contrariou o presidente da Câmara de Santana? Duvido!
Foto:
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sábado, 19 de setembro de 2009

MEDO, MINHA SENHORA...

"Medo, medo." É assim que a Drª Manuela Ferreira Leite vê o país ao fim de quatro anos e meio de mandato de José Sócrates e da maioria absoluta socialista. "Vivemos numa sociedade bloqueada da qual só se pode esperar decadência, porque enquanto não ultrapassarmos o medo não é possível crescermos". A candidata do PSD disse tudo isto e muito mais, ainda ontem durante um jantar em Aveiro.
Ora bem, penso que esta é uma cassete que não passa, pois dá todos os sinais de se enquadrar numa atitude de algum desespero eleitoral. Basta que, serenamente, passemos um olhar sobre a sociedade portuguesa a quatro níveis:
1º Olhe-se para o Continente e se alguém, hoje, tem algum problema em afirmar, publicamente, o que pensa. Olhe-se para os telejornais, onde desde o patrão da Sonae, Engº Belmiro de Azevedo, ao mais humilde trabalhador de uma empresa, surgem aos olhos de todos em severa crítica ao governo.
2º Olhe-se para a presente campanha eleitoral e quantas centenas ou milhares de pessoas por todo o País, acompanham os candidatos da direita à esquerda.
3º Olhe-se para a comunicação social em geral, fundamentalmente, para os programas de rádio e de televisão onde intervêm jornalistas e convidados e facilmente se depreenderá da liberdade existente.
4º Olhe-se, ainda, para a Assembleia da República e, sobretudo para o seu novo Regimento, implementado pelo partido que suporta o governo e facilmente se constará a abertura que hoje existe ao nível do debate sério e actual, quase sempre transmitido em directo.
5º Olhe-se, ainda, para as grandes manifestações de trabalhadores, algumas que atingiram mais de uma centena de milhar de participantes e interroguemo-nos se haverá medo na sociedade.
Portanto, penso que se trata de um desespero de campanha de uma candidata e de um partido que não se conforma em não ser poder.
Agora, que por aqui, na Região, esse sentimento de castração do pensamento existe, obviamente que sim. Pela mesma ordem, pergunto, (1) quem se atreve, desde empresários a trabalhadores (afora alguns representantes sindicais), a criticar o governo; (2) quantos, livremente, sem filiação partidária, acompanham os políticos na rua durante a campanha; (3) que programas (só conheço o "dossier de imprensa" livre) analisam, profundamente, a actividade governativa; (4) que regimento regula a actividade parlamentar madeirense; (5) quantas manifestações se fazem na Madeira e quantos se atrevem a participar. Ora, se há constrangimentos políticos, sociais e culturais, parece-me evidente que, infelizmente, a Região da Madeira está no topo.
Finalmente, considero grave que a candidata entre por estes caminhos sobretudo porque acaba por despoletar e gerar nos portugueses esse sentimento que considero pavoroso numa sociedade que se deseja livre e responsável. Deveria, isso sim, a Drª Manuela Ferreira Leite combater o que aqui se passa, onde, diariamente, se joga madeirenses contra madeirenses e se destila um ódio aos portugueses do Continente. Deveria começar por aí.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

COM QUE ENTÃO... UMA CARREIRA ÚNICA! E A PROVA PÚBLICA DE PASSAGEM DO 5º PARA O 6º ESCALÃO?

Li, esta manhã, uma entrevista do Jornal da Madeira ao Secretário Regional de Educação. Disse o que já se sabia mas não disse aquilo que se esconde por detrás da sua verdade. Em síntese, sublinhou, uma vez mais, que o Estatuto da Carreira Docente Regional, em alguns pontos, é melhor do que o do Ministério da Educação e que, no processo de avaliação de desempenho docente, todos os educadores e professores terão BOM no ano lectivo que agora vai começar (2009/2010).
Não disse, porque não convém ao governo, que embora em teoria, na Madeira, a carreira seja única, isto é, não esteja dividida entre professores e professores-titulares, quando um docente atinge o 5º escalão, para passar para o 6º é-lhe exigida uma prova pública que incide sobre toda a carreira até então realizada. Na prática o que isto significa é que um professor, avaliado de dois em dois anos, quando atinge vinte e três anos de serviço (se não tiver algum percalço pelo meio) terá de fazer um EXAME (prova pública documental e entrevista) sobre a actividade já realizada e avaliada. O que isto significa é que, na Madeira, o Secretário não lhe chama "acesso a professor-titular" mas, na realidade, o que pretende é estrangular a possibilidade de acesso aos escalões de topo. Ora, se assim não é, só tem um caminho: eliminar essa prova porque a avaliação é constante.
Não disse, também, porque convém ao governo esconder, que mandou chumbar as várias propostas apresentadas pelo PS-M no sentido da contagem integral do tempo de serviço congelado durante 28 meses, para efeitos de reposicionamento nos novos escalões da carreira docente. Aspecto que o governo dos Açores resolveu de acordo com os sindicatos. E não quis saber também de uma petição assinada por 4000 professores da Madeira no sentido do governo determinar essa contagem. Não disse, porque não convém. Da mesma forma que não assumiu que, agora, para chegar ao topo da carreira são necessários 35 anos de serviço, que foi substancialmente agravada a redução da componente lectiva em função da idade e do número de anos de serviço e que o horário nocturno passou das 19 para as 20 horas. Afinal, onde está o diálogo com os sindicatos e com os professores que tanto apregoa? Uma total mistificação, meu caro!
E assim vamos de sistema educativo e de mentira em mentira!

FINLÂNDIA (III) - EDUCAÇÃO: A COMPREENSÃO DAS NECESSIDADES DAS CRIANÇAS É O SEGREDO DO SUCESSO

Continuação...
De volta às salas de aula: alguns dos grupos têm aulas nas suas próprias salas de aula onde, por exemplo, estudam finlandês e matemática. Para essas aulas, os alunos determinam metas semanais com os seus professores e escolhem as tarefas que conseguem efectuar nos seus próprios ritmos. Alguns grupos estão na oficina, aprendendo através de treinos práticos e fazendo coisas sozinhos. Por exemplo, cada grupo passa uma semana na oficina de revistas em sistema de rotatividade, trabalhando nas publicações dos seus próprios grupos. São usados poucos livros de texto, mas as crianças carregam diversos cadernos diferentes nas suas mochilas, e nesses cadernos anotam informações e diversas tarefas. As aulas não são "gastas", de forma alguma, em memorização silenciosa; a criança anda pela sala, colhe informações, pede ajuda ao professor, coopera com outros alunos e ocasionalmente até descansa no sofá. A situação da sala de aula é activa, mas o professor controla a situação para que não haja excessos – nesta escola, os professores têm autoridade, o que reduz a necessidade de recorrer a métodos autoritários.
A duração de uma aula é de noventa minutos. Os alunos normalmente ficam fora da escola nos trinta minutos de intervalo, independentemente do clima. Existem acessórios para brincadeiras ao ar livre no jardim da escola, e ao lado da escola existe um grande campo que as crianças podem usar para jogar futebol no Verão e patinar no Inverno.
A escola segue os princípios pedagógicos do francês Célestin Freinet, que enfatiza o aprender fazendo e a orientação para a comunidade. A Sra. Ristolainen-Husu frisa que tanto o currículo nacional básico da Finlândia, como o currículo da cidade de Helsínquia estão em conformidade com as ideias de Freinet, mas que a Escola Strömberg eleva o modelo para um patamar superior, uma vez que as instalações foram feitas para possibilitar oficinas de estudo e actividades dos alunos desde o início.
Isso também significa que a escola tem aulas integradas por grupos de idade, por exemplo, cada grupo tem crianças de dois grupos de idade diferente. As diferenças podem ser substanciais entre crianças da mesma idade, mas num grupo de idades integradas, as diferenças são encaradas de forma natural, existindo menos comparação. Os que são mais lentos, ou mais rápidos do que a média recebem tarefas condizentes com suas necessidades.
JANELAS PARA O MUNDO
Aprender ao realizar tarefas é um elemento chave no currículo da escola. Isso significa que os alunos participam em tarefas comuns, já a partir do primeiro ano. Revezando-se em grupos, eles cuidam das plantas da escola, biblioteca, recolha de papel usado, reciclagem, recolha de materiais orgânicos para decomposição, jardim e aquário; ajudam na cozinha e na sala dos Castores e cuidam da tartaruga Pertsa, mascote da oficina ambiental. Nessas tarefas, eles não são guiados pelos professores, mas pelos outros adultos que trabalham na escola: equipa de limpeza, de cozinha, tratador, secretária e assistentes. A responsabilidade de educar as crianças é dividida igualmente por todos, evitando-se estruturas hierárquicas desnecessárias entre as equipas.
A escola também se encontra aberta à comunidade local. Isto significa, por exemplo, que os pais são sempre bem-vindos às salas de aula e que as suas experiências são utilizadas nas oficinas e sessões escolares vespertinas. As salas fazem muitas excursões para diversos lugares para aprender sobre eles. Toda a escola segue e apoia o projecto de cooperação do WWF, para salvar o Lago Malawi.
A escola, anualmente, tem um tema especial para todos os alunos. A temática é discutida de um ponto de vista interdisciplinar e é tratada artisticamente. Os temas que variam de ano para ano são: água, terra, ar e fogo. A aprendizagem sobre os temas ocorre em cooperação com o grupo do playground próximo e com a creche e lar para idosos.
E depois, o almoço!
É hora de uma pausa após um longo período de estudos. E nós também estamos famintos! Vamos para o refeitório para almoçar. Como em todas as escolas finlandesas, a escola Strömberg serve diariamente uma refeição quente gratuita. Hoje é dia de almôndegas e puré de batata, prato favorito de gerações de crianças, servido com salada, pão e leite. Foram reservadas porções especiais para crianças, que fazem uma dieta especial por motivos religiosos ou de saúde. As crianças comem em mesas aconchegantes com toalhas e flores em vasos durante todo o ano. Não foram gastos fundos adicionais acima da média na construção, ou manutenção da escola Strömberg. Porém, aqui foram implementadas muitas ideias sobre as quais pessoas de toda a Finlândia e do mundo vêm para aprender. Arquitectos também vêm de todo o mundo para ver o prédio da escola projectado por Kari Järvinen e Merja Nieminen.
O dia escolar termina entre o meio-dia e as duas horas da tarde, dependendo do dia e do grupo. Os pais de quase todas as crianças trabalham o dia todo como é hábito na Finlândia, e as crianças pequenas da escola acham que as tardes em casa são muito longas. Consequentemente, as autoridades da cidade construíram um playground próximo da escola, com acesso seguro em relação ao tráfego de veículos. O playground oferece às crianças da escola uma generosa e ampla área recreativa com equipamentos, jogos e dois prédios onde elas podem fazer os trabalhos de casa, ou jogar jogos em ambiente fechado. Cinco auxiliares do playground tomam conta das crianças, que também recebem gratuitamente um lanche da tarde. De resto, todo o playground é gratuito. Aqui observam-se também os princípios pedagógicos de Freinet: as crianças participam na criação de um ambiente bom e agradável para elas próprias.
Depois das quatro da tarde, o portão do playground abre-se e fecha-se vezes sem conta. Os pais chegam do trabalho para recolherem os seus filhos. Os joelhos das calças das crianças estão sujos e as suas luvas estão molhadas. Muita coisa foi vista e feita, jogos foram jogados e todos tiveram um bom dia. Pegam nas mochilas e acenam aos auxiliares. Até amanhã!
Continua.
Do sítio da Internet: http://www.finlandia.org.pt/