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quinta-feira, 25 de março de 2010

MUROS E PONTES

Venham as pontes, venha o diálogo, porque ninguém é portador da verdade absoluta. Mas atenção, pontes sem controlos no início, no meio e no fim, porque, senão, correm o risco de criarem novos muros.


Voltei a ouvir declarações do Senhor Director Regional da Educação da Madeira. Falou de muros e pontes, isto é, no contexto da educação prefere que se estabeleçam diálogos profícuos do que bloqueios que nada adiantam. Penso que foi isto que quis transmitir. Só que este tipo de frase feita não passa de uma inconsequente retórica. Começo por perguntar ou por pedir, apenas uma atitude, uma só, que prove esse diálogo em detrimento do bloqueio. Um exemplo de uma ponte em vez de um muro. Poderia começar pelos parceiros sociais, mas não. Comecemos pela Assembleia Legislativa onde o diálogo democrático, o debate e a concertação deveriam assumir a expressão da maior grandeza. Eu falo assim e posso falar assim, porque, em alto e bom som, naquela casa, já o disse várias vezes que "em matéria de política educativa as minhas vestes partidárias estão fora da Assembleia". Não brinco com a Educação. Trata-se de um assunto demasiado sério. E o que se verifica? Chumbo a todas as propostas velham elas de que bancada surgirem. Debates, zero e, quanto à Comissão Especializada de Educação, não há proposta que mereça qualquer discussão profunda e séria.
Mas saiamos da Assembleia e entremos na Escola. O que lá se verifica é a obediência cega à hierarquia, condicionamento severo à liberdade ditada pela autonomia dos estabelecimentos de educação e ensino, burocracia aos molhos, iniciativas sobre iniciativas (até a JSD, grupo partidário, ontem, propôs e julgo que foi aceite, um concurso literário, se bem me apercebi), intromissão abusiva na liberdade de leccionação dos professores, através de normas e mais normas que não fazem sequer os meninos adquirirem mais competências, e face a tudo isto, pergunto, onde estão essas pontes?
A Escola, ou melhor, o sistema, precisa de ser reinventado e nisso esta equipa governativa já demonstrou que não sabe nem tem unhas para tocar esta guitarra. Basta ver os resultados do insucesso e do abandono. No entanto, venham as pontes, venha o diálogo, porque ninguém é portador da verdade absoluta. Mas atenção, pontes sem controlos no início, no meio e no fim, porque, senão, correm o risco de criarem novos muros.

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