Se a sociedade está doente a escola não pode estar melhor!
Com que então... os professores é que são culpados! Acabo de ouvir o Director Regional de Educação da Madeira assumir mais ou menos isto: que se o professor é amargo não espere ter alunos doces ou se não é sorridente não espere ter alunos que correspondam! Confesso que não esperava esta espécie de aviso à classe docente. Em uma altura que crescem os sinais de indisciplina por todo o lado e de alguma violência, consequência de uma desastrada actuação na sociedade, em geral e, na família, em particular, em um momento em que se pede a valorização da autoridade do professor, é de uma total infelicidade para não dizer irresponsabilidade, um governante sacudir para a cima dos professores o que de grave se passa nas escolas. Pelo menos deixar transparecer. Ainda mais grave, tendo sido ele responsável por um estabelecimento de ensino e, portanto, conhecedor do que se passa. Às vezes dou comigo a pensar se alguns professores que seguiram a carreira do trabalho de gabinete não deveriam regressar à escola, não para para funções de direcção mas para a leccionação de turmas, sobretudo, algumas, da parte da tarde. Por vezes, penso que as pessoas se esquecem da realidade e preferem ficar com alguma amnésia compaginada com as flores discursivas próprias de quem governa.
Ora, já aqui tantas vezes equacionei que o problema está muito para além dos professores. Que há a necessidade de um novo olhar sobre a formação inicial dos professores, obviamente que sim e que há necessidade de uma melhor formação contínua, claro. Mas isto não chega. Pode existir tudo isso, mas se a sociedade está doente a escola não pode estar melhor. Portanto, enquanto governante, bom seria que olhasse para o número de alunos por escola e por turma e, para já, garantisse uma efectiva autonomia aos estabelecimentos de educação e ensino, a desburocratização do sistema, a defesa do essencial sobre o acessório do processo ensino-aprendizagem e mais, com essa peregrina mania de tudo quererem controlar. Seria um primeiro passo interessante.
2 comentários:
Meu amigo, mude lá no título o 'docente' por doente... Acho que era o que queria dizer.
Cumprimentos
Obrigado.
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