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terça-feira, 2 de março de 2010

SITUAÇÃO DRAMÁTICA NA MADEIRA (XIII)

Desiludam-se os que pensam que os "beijos" de ontem em S. Bento são sinceros. Não são!
Tenho vindo a observar o comportamento do presidente do governo regional. No essencial, todas essas histórias do enterro do "machado de guerra", do senhor Pinto de Sousa que passou a José Sócrates, do senhor que agora é Engenheiro, dos salamaleques em S. Bento e das surpresas que teve depois de falar e conhecer o homem Primeiro-Ministro. Bom, só quem não conhece a História, todo o tempo de agressividade constante numa torrente de palavras ofensivas, caudal esse destruidor da integridade e do direito ao bom nome, é que pode, politicamente, prever relações tranquilas e de grande responsabilidade. Quem assim pensa tem lugar no altar dos anjinhos porque tudo o que se vê tem a chancela da farsa e da hipocrisia. O passado não se apaga assim, tipo esponja que passa pela ardósia. Muito menos o passado político, porque esse fica entranhado, pertence ao "adn político", corre nas veias e submete a consciência ao jogo do e pelo poder.
Toda esta encenação faz parte dos jogos de guerra, dos avanços e dos recuos ou, se quisermos ser mais soft's, de um jogo de xadrez em que as peças do tabuleiro movimentam-se com a inteligência de três, quatro ou cinco jogadas anteriores para permitir, mais tarde, o xeque-mate. A idade das pessoas, por vezes, amolece-as, torna-as mais brandas, mais compreensíveis, mais inteligentes fruto da sabedoria acumulada, mas também é possível torná-las mais "raffiné". E esta palavra foi utilizada pelo próprio presidente do governo regional. É disso que se trata. Esse sentido político refinado, delicado, fino e requintado que esconde, também, o sentido político apurado, subtil, hábil e astuto. Passada esta onda e com o cheque na mão, o combate político voltará à normalidade feita de novos desencontros.
Ainda ontem, conversando com o meu Amigo Dr. Bernardo Martins, ele sentitizava e bem os três tempos deste processo que gira em redor da imagem do "herói": primeiro, ele assume-se como o construtor da Madeira Nova; segundo, ele sente que a natureza destruiu-a; terceiro, ele, o "herói", permanecerá para reconstruí-la. Uma síntese perfeita que leva, hoje, destacados dirigentes do PSD a apadrinhar a sua continuidade. E esta continuidade não é compaginável com a alteração do modelo discursivo e de governação, pois se ele tem como dado adquirido que aquele modelo sempre foi vitorioso que razões encontrará para mudá-lo? Nenhuma.
Portanto, desiludam-se os que pensam que os "beijos" de ontem em S. Bento são sinceros. Não são. São circunstanciais. E porque à luz da História são, responsabilidades acrescidas tem esta "Comissão Paritária Mista" que irá avaliar as consequências da tragédia, nos domínios das famílias, do tecido empresarial e da reconstrução das infra-estruturas afectadas. Da mesma forma que o presidente do governo, deselegantemente, para alguns empresários, mas enfim, disse que não se trata de passar cheques para "uns cavalheiros" levarem para casa, também o cheque para cobrir, na totalidade, as consequências da tragédia, não pode ficar nas mãos de uns quantos para dele fazerem o querem e entendem. A Comissão Paritária Mista tem o dever de acompanhamento exemplar para que da desgraça ninguém retire dividendos políticos.
Ilustração: Google Imagens. Publicada no DN-Lisboa.

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