Enquanto o poder regional conjugar o verbo esconder em todos os tempos e modos, nada feito. A minha solidariedade aos professores.
Nos vários contactos que tenho mantido com algumas Direcções Executivas de estabelecimentos de ensino da Região, há dias, a propósito do Regime Jurídico do Sistema Educativo que se encontra em fase de debate na Comissão Especializada de Educação da Assembleia Legislativa da Madeira, um professor dizia-me que deveríamos ir mais longe no que diz respeito aos aspectos relacionados com o Estatuto do Aluno. A proposta não me surpreendeu mas aguçou-me o interesse em perceber o alcance da preocupação desse docente. Em síntese, apercebi-me que eram muitas as preocupações relacionadas com a indisciplina no espaço escolar. De facto, ela cresce dia-a-dia, multiplicam-se os focos de perturbação e de receio e, sem querer ser alarmista, o problema, na Madeira, encontra-se já numa fase de algum dramatismo. Há muito que se sabe que é assim e há muito que tenho vindo a falar desta questão na Assembleia Legislativa. Quando intervenho no sentido do rigor e da disciplina e do cuidado que deve existir para que o que já acontece não evolua para a violência, normalmente, sou contrariado pela maioria parlamentar. Daí que, o relato que hoje feito, no DN, pela Professora Marília Azevedo, Coordenadora do Sindicato de Professores da Madeira (SPM), apenas vem confirmar testemunhos que conhecemos, que estão em crescendo e que estão a colocar muitos docentes numa situação de total desconforto por ausência de medidas que os proteja. Diz a líder do SPM "(...) quando chegam aqui estão tão destroçados que só querem saber o que perdem por meter um atestado" e que o atendimento do SPM é, em algumas situações, uma espécie de gabinete de crise. (...) "Antes de mais, os professores querem desabafar, dizer o que lhes aconteceu, queixar-se das ameaças dos alunos ou dos encarregados de educação". Além das ameaças de agressão fora da escola, não é raro o professor repreender um aluno dentro da sala de aula e depois deparar-se com o carro vandalizado, salienta o DN. "(...) Quando chegam ao estacionamento, os professores encontram os vidros partidos, os pneus em baixo e a pintura riscada. Às vezes, nos níveis de ensino mais baixos, são os pais que ameaçam agredir o professor".
E perante isto, o que faz o governo regional? Tenta esconder, em alguns casos, tenta esbater o problema, tenta transmitir a falsa ideia de que tudo está bem. Ora, não está e, há muito que não está. As Direcções Executivas, por vezes, mais parecem uma "esquadra" de solução dos problemas, confidenciou-me, há tempos, um membro de uma direcção de escola. Mas é esta a cultura reinante neste poder regional, velho e gasto. A cultura do silêncio, do medo de enfrentar os problemas, de intervir no âmago dos mesmos, acaba por contagiar os docentes e remetê-los a um muito preocupante silêncio, que se consubstancia na ideia de que não vale a pena se queixar. Um outro professor, dizia-me, há pouco tempo, sobre casos de indisciplina, mais ou menos isto: queixei-me e, ainda por cima, vim a saber que comentaram que eu é que não tinha mão sobre os alunos!
Bom, o problema é delicado porque é multifactorial. Em 2007, no início desta Legislatura, na Assembleia, lembro-me de ter questionado o Secretário Regional da Educação sobre esta matéria. Em suma, respondeu que havia dois ou três casos! Enquanto for assim, enquanto o poder regional conjugar o verbo esconder em todos os tempos e modos, nada feito. A minha solidariedade aos professores.
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