Trata-se de um escândalo, esta de dever à Associação Nacional de Farmácias a incomportável dívida de 80 milhões de Euros. Vinte e sete meses de atraso relativamente aos fornecimentos feitos e não pagos, explicam uma parte do completo desnorte das finanças regionais. Seria bom conhecer o rol de todas as dívidas da Secretaria dos Assuntos Sociais junto dos seus fornecedores. Esta situação evidencia três coisas: primeiro, a falta de respeito pelos proprietários das farmácias que têm, obviamente, as suas obrigações, desde impostos até ao pagamento dos trabalhadores, relativamente às quais ninguém as livra; segundo, porque tratando-se de um sector vital na saúde dos madeirenses e portosantenses, assiste-se a uma clara inversão das prioridades sociais; terceiro, porque o sistema autofinancia-se com as dívidas que mantém no sector privado. Falta de respeito e de idoneidade política.
Mas enquanto isto acontece, sendo certo que esta dívida é apenas uma gota no largo oceano de dívidas, continua-se a assistir ao lançamento de obras não prioritárias, financiamentos abusivos, avales, subsídios para isto e para aquilo, milhões para o futebol profissional onde se enquadram desajustados estádios, milhões para novos templos quando os existentes não enchem, enfim, um descalabro que está aos olhos de todos e que vamos todos, tarde ou cedo, ter de pagar. No meio desta complexa situação, oiço o Senhor Presidente do Governo, em jeito de ameaça, dizer que "é preciso saber resistir" (...) que isto "está cada vez mais complicado" (...) porque o "Estado central apenas existe na Madeira para nos fiscalizar, para ver o que é que a gente faz e se meter na nossa vida" (...) portanto, que "é preciso saber resistir e aquilo que vai ser o nosso futuro, mesmo para além do meu tempo, vai resultar, vai depender da forma inteligente como soubemos resistir". Pergunto: resistir a quê? Trata-se, novamente, da velada ameaça da independência?
Mas enquanto isto acontece, sendo certo que esta dívida é apenas uma gota no largo oceano de dívidas, continua-se a assistir ao lançamento de obras não prioritárias, financiamentos abusivos, avales, subsídios para isto e para aquilo, milhões para o futebol profissional onde se enquadram desajustados estádios, milhões para novos templos quando os existentes não enchem, enfim, um descalabro que está aos olhos de todos e que vamos todos, tarde ou cedo, ter de pagar. No meio desta complexa situação, oiço o Senhor Presidente do Governo, em jeito de ameaça, dizer que "é preciso saber resistir" (...) que isto "está cada vez mais complicado" (...) porque o "Estado central apenas existe na Madeira para nos fiscalizar, para ver o que é que a gente faz e se meter na nossa vida" (...) portanto, que "é preciso saber resistir e aquilo que vai ser o nosso futuro, mesmo para além do meu tempo, vai resultar, vai depender da forma inteligente como soubemos resistir". Pergunto: resistir a quê? Trata-se, novamente, da velada ameaça da independência?
Ora bem, penso que essa chantagem foi chão que deu uvas. Já não atormenta seja quem for. O problema está a outro nível, na capacidade de governar bem, sem megalomanias, impondo rigorosas prioridades, gerindo correctamente as disponibilidades orçamentais no quadro de um contínuo desenvolvimento, diminuindo a despesa pública, gerando as condições de uma educação de qualidade e de excelência da qual resultem efeitos multiplicadores no futuro, na quase radical mudança de paradigma económico que possibilite a criação de emprego e, por essa via, bem-estar social e cultural. O problema está aí e não na Lei das Finanças Regionais. O mal de tudo isto já esteve na Constituição da República, todos estamos lembrados disso. De tempos em tempos, o mentor desta trágico-comédia, inventa qualquer coisa para desviar as atenções. Até já se demitiu para, através de uma colossal mentira, conseguir mais uns anos de governação.
Concordo que "isto está complicado". Agora, quem complicou tem o dever de se explicar, de propor caminhos e de não fugir às responsabilidades, atirando-as para outros de quem beneficiou ao longo de trinta e tal anos. A tal "Madeira Nova" ou a tal "Madeira Contemporânea" foi feita à custa de quê? Também eu digo BASTA!
Ilustração: Google Imagens.
2 comentários:
Lamento mas não acredito que tenha sido por acaso e não por perfídia que o jardim escolheu os medicamentos para serem cortados e para chantagear todo o País com a falta desses produtos na Madeira.
O homem pode ser corrupto e fascistoide. O que não é, é parvo nem ingénuo!
Não vai haver falta de medicamentos. Tão só as famácias vão passar a vender os medidamentos ao preço de embalagem, sem comparticipação alguma...
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