Há muito que são conhecidas as estatísticas do futebol profissional no que concerne ao número de espectadores. Basta consultar os trabalhos da empresa Delloite para ficarmos inteirados sobre a realidade nacional. Tenho tido a paciência(!) para arquivar os dados dos anos anteriores, mas de pouco valerá ir aos arquivos. A realidade desta época em curso (1ª Liga, para não falar das outras com implicações profissionais) é sensivelmente idêntica e prova que o governo desbarata os dinheiros públicos numa prática profissional ao serviço da sua política, cujo fim último é a manutenção do poder. Esta análise é por demais evidente. O que a estatística demonstra é que os jogos do C. D. Nacional registam uma assistência de cerca de 2000 espectadores e os do C. S. Marítimo sensivelmente o dobro. Muito pouco para dois clubes da 1ª Liga se considerarmos os altos encargos que derivam de tais presenças naquela competição nacional. E isto leva-me a duas leituras que, aliás, há muitos anos que defendo: a primeira, que os clubes com competição profissional não devem ser apoiados pelo erário público. Tratando-se de empresas devem organizar-se de acordo com as lógicas do sistema empresarial privado. Se têm meios, pois muito bem, são livres de traçarem o seu percurso, definirem os seus projectos onde cabem objectivos e metas, mas com a necessária responsabilidade. Trata-se de uma indústria e quem lá entra não pode nem deve ficar dependente do erário público. É uma questão de princípio e de rigor na administração dos sempre escassos recursos financeiros pertença de todos. O futebol, ou melhor, as sociedades que se constituem visando a participação nessa indústria, não podem constituir-se no quadro de uma excepção às regras aplicáveis a todas as outras. E, por isso mesmo, ou têm meios para lutar por legítimas aspirações no que diz respeito aos resultados dos exercícios ou, então, devem recuar para patamares de intervenção concordantes com os recursos humanos, materiais e financeiros.
Em segundo lugar, admitindo essa participação profissional ao mais alto nível nacional, na Madeira, do meu ponto de vista, não faz qualquer sentido a existência de dois estádios para a sua prática. Tal como existem vários exemplos na Europa, em cidades de grande dimensão e clubes com largo prestígio europeu e mundial, apenas um estádio (público) deveria servir os interesses da competição. Infelizmente não é o que acontece na Região. Há estádios para todos, para os considerados grandes como para aqueles de limitada projecção.
Por outro lado, mesmo admitindo que os espectadores dos encontros do Marítimo não são os mesmos que assistem aos jogos do Nacional, não descontando alguns visitantes que acompanham as equipas continentais, temos, grosso modo, um registo, por exagero, de 6000 espectadores. Ora, isto equivale a 2,37% relativamente ao universo da população (253.000 habitantes) ou a 4,76% relativamente à população activa (126.000 trabalhadores). E estes espectadores não são rotativos pois há uma larga base de adeptos de presença assídua. Significa isto que existe uma significativa discrepância entre o "investimento" público (se o considerarmos como tal) e os resultados, aqui, no sentido da mobilização dos adeptos.
Por outro lado, mesmo admitindo que os espectadores dos encontros do Marítimo não são os mesmos que assistem aos jogos do Nacional, não descontando alguns visitantes que acompanham as equipas continentais, temos, grosso modo, um registo, por exagero, de 6000 espectadores. Ora, isto equivale a 2,37% relativamente ao universo da população (253.000 habitantes) ou a 4,76% relativamente à população activa (126.000 trabalhadores). E estes espectadores não são rotativos pois há uma larga base de adeptos de presença assídua. Significa isto que existe uma significativa discrepância entre o "investimento" público (se o considerarmos como tal) e os resultados, aqui, no sentido da mobilização dos adeptos.
Sabe-se, também, por vários estudos elaborados com o rigor das instituições universitárias, que o futebol, para a Região Autónoma da Madeira, não é, no plano turístico, promocional da própria região. Os estudos demonstram isso, tal como aqui já publiquei dados sobre essa matéria. É muito residual o número de visitantes que à pergunta, conhece algum clube da Região(?), responde afirmativamente. Curiosamente, identificam os clubes de golfe e não os clubes representados na 1ª Liga do futebol. Há estudos que, inclusive, replicaram os protocolos de investigação e chegaram a resultados semelhantes ou com desvios não significativos. Aliás, cada vez mais os turistas visitam as cidades pelo seu património, pela necessidade de conhecimento de culturas diferentes e não em função de um dado clube.
Estas duas leituras de processo leva-se a assumir que não faz qualquer sentido a Região ser participante activa (sócia) das Sociedades Anónimas Desportivas criadas. Não faz sentido por uma questão de princípio empresarial e porque não faz sentido derramar os sempre escassos recursos financeiros por sectores não prioritários, quando subsistem tantas e graves carências económicas, sociais e culturais por resolver. A Madeira é uma região pobre, assimétrica, em permanente sufoco financeiro mas dá-se ao luxo de entregar de mão beijada muitos milhões que tanta falta fazem a sectores de investimento prioritário. Tenho pena que um projecto que apresentei na Assembleia Legislativa da Madeira (em 2007) que estabelecia "as bases da Actividade Física, do Desporto Educativo Escolar, do Desporto Federado e aprovava o regime jurídico de atribuição de comparticipações financeiras ao associativismo desportivo na Região Autónoma da Madeira" tivesse sido liminarmente chumbado.
Este "desporto" ao serviço da política e não do desenvolvimento tem os seus dias contados. Vamos pagar muito caro esta loucura onde vale mais uma inauguração do que o bem-estar da população.
Fotos: Google Imagens.
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