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domingo, 3 de janeiro de 2010

QUANDO A MEMÓRIA É CURTA

Nunca nutri simpatia política pelo Doutor Cavaco Silva, Presidente da República. Não pela sua oriegem partidária mas pelo que não fez enquanto Primeiro-Ministro (X, XI e XII governos). Eu respeito quem lidera e quem mereceu o voto da maioria mas, tal posição, não me obriga ao silêncio sobretudo quando a figura em causa exerce o mais alto cargo político da Nação. Do meu ponto de vista, o Doutor Cavaco não só não tem perfil como não tem sido um Presidente de comportamento político isento, actuante e de confiança.
Aliás, se há 24 anos, quando exerceu, durante 10 aos, a liderança dos seus governos de maioria absoluta, tivesse lançado as bases de um País consistente, hoje, certamente, estaríamos a colher os frutos das políticas económicas, educativas, de saúde, de emprego, enfim, talvez nos dias que correm a situação não fosse aquela que todos conhecemos. É que ele teve 10 anos para estruturar o País e não o fez. Pelo contrário, apesar da overdose de entrada de fundos europeus, deixou Portugal com um défice público que se situava entre os 6,5% e 7,5%. E na Educação, enquanto sector chave na formação e qualificação das pessoas, em dez anos, nomeou cinco ministros, num claríssimo desnorte político. Portanto, sabendo que os resultados das políticas são sensíveis a médio e longo prazo, custa-me aceitar um Presidente da República que agora apareça a criticar outros quando o seu passado não é brilhante em idênticas matérias.
Isto para sublinhar que a sua mensagem de Ano Novo não me deixou perplexo. Ele foi igual a si mesmo. Esqueceu o passado, as agruras da governação de um País com erros históricos gravíssimos por resolver e não passou, como lhe competia, uma mensagem de esperança para o futuro. Chamando à atenção, obviamente que sim, mas sobretudo com sentimento, distanciamento e exercendo o seu magistério de influência. Aliás os últimos tempos têm sido demonstrativos de que a costela partidária tem influenciado sobremaneira o seu discurso político. Daí que não espante que, com algumas reservas (trata-se, afinal, do Presidente da República) quase todos os partidos políticos tivessem criticado a mensagem de Ano Novo. E com razão, digo eu.
Depois, existe a questão da Região Autónoma da Madeira, face à qual o seu comportamento não tem sido isento de reparos. A este propósito o Jornalista Luís Calisto tece, na edição de hoje, um comentário que vale a pena ler e reler. Aqui fica um excerto:
"Já não falta muito para o estoiro. O Presidente da República disse no 1.º do Ano que Portugal corre o risco de entrar numa situação explosiva. Cavaco sabe que na Madeira a situação já é explosiva. E sabe que detonadores não faltam por cá - há um arsenal deles amontoados durante 30 anos. Simplesmente Cavaco Silva não se rala com esta parte de Portugal. Assim, jurou cumprir e fazer cumprir a Constituição, mas há uma região do País onde não se cumpre a Constituição. O Chefe de Estado sabe onde é. Para não ouvir mais um "Sr. Silva" ou nova ordem de "expulsão do PSD", pede às vítimas dos atropelos constitucionais que tenham paciência cá na ilhota, porque 'está quase a acabar".
"É este Senhor Professor que quer salvar Portugal da gestão danosa, corrupta e incompetente do Primeiro-Ministro Aníbal Cavaco Silva que governou Portugal no período em que tivemos a oportunidade histórica de nos aproximarmos dos países mais desenvolvidos da Europa" - disse José Luís Cardoso, Advogado e ex-capitão de Abril, aquando da candidatura da Manuel Alegre à Presidência da República. Concordo, totalmente.

1 comentário:

Fernando Vouga disse...

Pois é. Cavaco Silva fala pouco. Mas, quando fala, nem sempre acerta!