Trata-se de um discurso repetido. Há anos que o conheço e nem sequer apresenta ligeiras modificações no estilo e na linguagem. Ainda que o Congresso do PS-M se realize a 23/24 de Janeiro, o presidente do PSD e do governo regional já iniciou a sua campanha contra o líder eleito. É a ladainha habitual, isto é, ao mesmo tempo que as suas palavras visaram o desgaste da imagem do novo líder dos socialistas (correcto, no plano democrático, teria sido cumprimentá-lo e desejar-lhe felicidades) fez um rasgado elogio ao MPT, ao CDS e ao PCP, sobre a Lei das Finanças Regionais, no que concerne à postura política assumida nesta matéria. Elogiou-os porque sabe que, apesar da sua importante luta política, experimentam muitas dificuldades para disputar o poder de igual para igual. Ignorou o PS, obviamente, porque também sabe que é nesse quadrante político que poderá surgir uma alternativa de poder.
Intencionalmente, ignorou que nas eleições regionais de 2007, no programa apresentado aos eleitores, na página 33, sobre o estabelecimento de um "sistema financeiro e fiscal ao serviço do desenvolvimento", pode ler-se "(...) Um governo PS colocará na agenda política uma revisão intercalar da Lei das Finanças Regionais, antecipando assim os prazos previstos para a sua revisão" (...) O governo PS mantém como princípios desta revisão aqueles que enunciou no seu programa eleitoral de 2004, a saber:
1. a necessidade de rigor na governação (...)
1. a necessidade de rigor na governação (...)
2. a afirmação de princípios de rigor e de transparência nas relações financeiras entre a República e a Região (...)
3. a regulamentação dos projectos de interesse comum previstos na lei, cobrindo os investimentos executados na Madeira com características de projectos nacionais (...).
Na página 34 lê-se, ainda:
Na revisão intercalar da LFR, em 2008, um governo PS, na Região Autónoma da Madeira, a partir de uma avaliação rigorosa da situação das contas públicas da Região, bater-se-á pelos princípios expressos nas suas declarações aos madeirenses ao longo do debate público da nova lei. Defender-se-á, em particular: 1. a iniciação urgente dos trabalhos do INE conducentes à disponibilização anual de um indicador de poder de compra regionalizado, permitindo, desta forma, a sua utilização como indicador de desenvolvimento económico e social em alternativa ao PIB; 2. a manutenção das transferências a título de coesão, na linha dos resultados do indicador poder de compra ou de uma bateria de indicadores sócio-económicos; 3. a urgente regulamentação e decisão sobre projectos de interesse comum.
Ora bem, se esta não é uma posição honesta, pergunto, afinal, quem as teve?É evidente que os partidos da oposição não têm, diariamente, vários palcos para denunciarem a mentira e a deturpação das palavras. Outros têm e valem-se da memória curta. Há trinta anos que o fazem e sempre da mesma maneira.
Apenas uma nota final: o líder do PSD atacou hoje o PS atribuindo-lhe, deselegantemente, a designação de "pequeno partido", falou de "pouca vergonha" interna, da "copiosa derrota" de 2007, mas esqueceu-se de sublinhar que o mesmo líder que agora atacou conseguiu eleger 19 deputados na ALM e, nas legislativas nacionais, igualou o PSD no número de deputados eleitos (3-3). Muito por isso e não pela LFR demitiu-se, provocando eleições antecipadas, pois sabia que tinha de jogar um cartada no sentido de fazer da repetida mentira uma verdade. E conseguiu. A metodologia foi aplicada com o Dr. Emanuel Jardim Fernandes, com o Dr. Mota Torres, com o Dr. José António Cardoso e com o Dr. João Carlos Gouveia. Era inevitável que o mesmo não acontecesse com o Dr. Jacinto Serrão.
Resta-me acreditar que a mentira tem perna curta, pois é óbvio que, para mim, o exercício da política não passa por estes canais. Passa pela decência no comportamento político!
Desenho: Google Imagens.
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