Lembro-me, este é apenas um exemplo, de Collor de Melo, no Brasil, em 1986, elegante e bem falante, que na sequência da ditadura militar, chegou à Presidência apenas vendendo a imagem. Não foram precisos muitos anos, quatro ou cinco, e após uma Comissão Parlamentar de Inquérito, ficou provado ser um corrupto responsável pelo desvio de verbas públicas e tráfico de influência política.
Faltam pouco mais de 200 dias, cerca de sete meses, para decidir o próximo futuro da Madeira. Se olharmos para o calendário com alguma atenção e dele retirarmos o mês de Agosto, tradicionalmente, de uma certa acalmia política, e a isso juntarmos a eventualidade (talvez certa) de uma eleições Legislativas Nacionais, ficamos aí com cerca de cinco meses efectivos para caracterizar, junto da população, a verdadeira situação da Madeira e as propostas para todos sairmos deste redemoinho que nos arrasta para um futuro muito complexo. E se nos detivermos, ainda, com um olhar mais fino para todo este processo, das duas, uma: ou a oposição, nos próximos três meses, particularmente o PS, que tem responsabilidades de alternativa a este poder regional, se afirma de forma inequívoca, ou todos os madeirenses e porto-santenses correm o risco de mergulharem em mais quatro anos muito difíceis na Região e para a Região. Quanto mais a agonia do governo PSD se prolongar pior será para a Madeira. E é isto que todos os madeirenses e porto-santenses devem ter presente. Ter presente o sensível esgotamento político de quem ocupa os lugares de governo, tudo quanto de extremamente negativo se passa na Assembleia Legislativa, o apertadíssimo controlo de toda a sociedade que corresponde a uma traição aos princípios da democracia, embora tudo pareça em estado normal, ter presente o desperdício ao mesmo tempo que é negado o apoio de natureza social, ter presente o círculo vicioso da pobreza compaginado com um modelo económico que só está a gerar novos pobres.
São três meses pela frente para a mudança, já que ela não se opera durante a campanha eleitoral. Três meses para provar que há projecto de mudança e há pessoas para encarnarem esse projecto. E não me venham com a velha treta que se fosse X seria melhor que Y e, ainda melhor, se fosse um tal Z, esse sim, dava a volta a isto num instante. Essa é conversa de treta, desculpe-me o leitor. É a conversa para não mudar, de encontrar um alibi, que pode ser o fácies, o cabelo, o tom de voz, etc. para dizer que aquele não! Mas, porque não, pergunto.
O que está em causa é o conteúdo, o valor, a visão e a capacidade, ou o modelo fabricado e vendido? Ah, sim, o marketing, é muito importante. Eu sei que as pessoas compram imagem, compram fumo. Lembro-me, este é apenas um exemplo, de Collor de Melo, no Brasil, em 1986, elegante e bem falante, que na sequência da ditadura militar, chegou à Presidência apenas vendendo a imagem. Não foram precisos muitos anos, quatro ou cinco, e após uma Comissão Parlamentar de Inquérito, ficou provado ser um corrupto responsável pelo desvio de verbas públicas e tráfico de influência política. Em 22 de Dezembro de 1992 o Senado suspendeu-lhe o mandato presidencial. Compraram imagem e tramaram-se.
Ademais, a Madeira não precisa de um qualquer D. Sebastião. Precisa de gente íntegra, que não esteja presa a grupos sejam eles quais forem, gente de bem, com princípios e com capacidade técnica e política para resolver os problemas da Região. Dispensa gente politicamente velha, gente refém de poderes vários, gente que repete, repete e repete as mesmas "fórmulas" de governo, gente para quem governar é cumprir um horário de funcionário público. Até porque qualquer candidato, neste caso do PS-M, será sempre, mas sempre melhor que o Dr. Jardim.
Ilustração: Google Imagens.
4 comentários:
Como seria bom para a Madeira uma viragem... Mas, estou como Tomé, só acredito se ver mesmo. Porém, adiante com coragem e com o forte desejo que a mudança seja uma realidade.
Meu caro André.
O passado, já foi, o presente já era e, ao futuro,nunca lá chegaremos.
Lembrei-me do velho refrão que dizia:- Quem muito dorme, pouco aprende e, em especial o Povão Madeirense, não consegue acordar.
Infelizmente não é só o povo Madeirense, são todos os portugueses.
Reparemos que todos os dias se houve dizer que estamos todos em agonia, mas quando chegarem ao dia das eleições, melhor do que uma praia ou um pequeno passeio ou, simplesmente ficar em casa deixando a responsabilidade para os outros , é bem melhor.
Eu ando nesta luta antes e depois de 1974,sofri no pelo em 1958 quando Humberto Delgado se candidatou e, daí para cá tenho visto e meditado sobre tudo o que nos tem acontecido. Conversa de café, há muita, mas dar a cara poucos estão dispostos. Infelizmente depois do 25 de Abril, demos demais do que nossos filhos precisavam e, agora dizem que estamos à rasca. Somos e, temos o país que queremos.
Confesso que enquanto me puder mexer, não deixarei por mãos alheias o meu dever de cidadão.
Sou daqueles que antes quebrar que torcer.Estou sempre na linha da frente, pode ter a certeza. Quem me conhece, sabe de que estou a falar.
Ainda existem alguns na terra onde nasci que bem podem testemunhar.
Um abraço de amizade.
João
Obrigado pelo seu comentário.
É possível, porque o nosso POVO merece ser feliz. Há muita infelicidade por aí espalhada.
Luto porque parto deste princípio... se sou feliz porque raio os outros não podem ser?
A questão é essa.
Um abraço.
Obrigado pelo seu comentário, João.
Precisamos de todos, de pessoas como o meu Amigo João. As convicções não se apagam e, por isso, vale a pena continuar por um futuro de dignidade para todo o Povo da Madeira.
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