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sábado, 23 de outubro de 2010

MINAS GERAIS AO CHÃO


Esta é a Madeira real, a Madeira onde os seus habitantes têm de falar baixinho, a Madeira anestesiada, sem poder de cidadania, sem capacidade de reagir à irresponsabilidade. Experimenta-se, não deu certo, paga-se e volta tudo ao normal. Entretanto, novas obras, novas inaugurações, novos discursos, novos ataques e a vida continua. Quem paga? O povo, claro!

Porque raio a culpa,
na Madeira,
morre sempre solteira?
Rima e é verdade!
"Minas Gerais ao Chão". E ninguém reage a isto? Sinceramente, esta situação revolta-me. Politicamente, é a cereja que faltava em cima do bolo da irresponsabilidade. O edifício foi autorizado e agora será expropriado por uma "pipa de massa"? Então, meus senhores, onde estão os estudos científicos, da Secretaria do Equipamento Social, do Instituto Superior Técnico, da Universidade da Madeira, do Laboratório Regional de Engenharia Civil, os pareceres técnicos da Câmara Municipal do Funchal, que determinaram a sua viabilização e de todos os edifícios circundantes, caso concreto, do "Marina" e do próprio "Dolce Vita"? Será que tudo aquilo nasceu, espontaneamente, como cogumelos selvagens?
Se os estudos só foram elaborados depois da catástrofe de 20 de Fevereiro, é muito grave, se não existiu planeamento urbanístico, pior ainda. Em um caso ou outro constituia, numa Região de vivência Democrática e com um alto sentido cívico, constituia motivo para que todos os responsáveis já tivessem colocado os seus lugares à disposição ou, então, já tinham sido demitidos. Numa empresa privada, um Engenheiro que cometesse um erro que levasse à perda de muitos milhões, nem ouvido era, tinha um despedimento certo e por e.mail. Mas, por estas banda, o Engenheiro que, "carinhosamente", o Deputado Edgar Silva apelida de "engenheiro da destruição", refiro-me ao Senhor Engenheiro Santos Costa, permanece no governo, imune a qualquer responsabilidade política. E num tempo de crise, de cofre vazio, voarão uns larguíssimos milhões (tenho a informação do quantitativo, apenas por confirmar), que tanta falta fazem a outros sectores da governação. Ao promotor daquela obra terá saído uma espécie de lotaria, pois não acredito que esta operação lhe traga qualquer prejuizo. E no meio disto, diz o Secretário Regional, que os projectos estão a ser realizados com todo o cuidado e com todos os estudos necessários, que envolvem mais de 50 técnicos e outros tantos projectistas, salienta o DN (...), na vertente segurança que assume particular importância em toda a intervenção prevista, permitindo encarar os fenómenos da Natureza com uma maior confiança. Esta posição política, revolta qualquer pessoa, porque nela descobre-se uma clara tentativa de branqueamento das responsabilidades. O ar sereno com que o Senhor Secretário aparece na página 10 do DN, dá a entender aos desprevenidos que nada aconteceu, que nada existe a montante deste problema, que a irresponsabilidade política morrerá solteira e que ninguém autorizou um conjunto de obras que vieram a se mostrar inapropriadas, exactamente contrárias àquilo que tantos lembraram e, por isso, foram enxovalhados na praça pública. Só agora percebeu que terá de existir um percurso de escoamento a céu aberto para aumentar o poder de vazão  das ribeiras.
Ora bem, esta é a Madeira real, a Madeira onde os seus habitantes têm de falar baixinho, a Madeira anestesiada, sem poder de cidadania, sem capacidade de reagir à irresponsabilidade. Experimenta-se, não deu certo, paga-se e volta tudo ao normal. Entretanto, novas obras, novas inaugurações, novos discursos, novos ataques e a vida continua. Quem paga? O povo, claro!.
Ilustração: Google Imagens.

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