Algumas notas desta manhã política.
1ª Por que é que aquela cabecinha veio dizer, na inauguração da Escola da Lourencinha, que "não haverá comissários políticos nas escolas"? Interessante, sem dúvida.
Porque aquela frase saiu boca fora de uma forma descontextualizada é minha convicção que o presidente quis dizer precisamente ao contrário. Ter-lhe-á fugido a língua para a verdade. No mínimo deve ser esse o seu desejo, pressuponho. Já não lhe basta o colete de forças a que os educadores e professores estão sujeitos, já não basta o controlo sobre as Direcções Executivas exercida das mais variadas e subtis formas, já não basta o medo e auto-censura que instalou nas escolas, agora vem dizer que não haverá comissários. Não era preciso dizer porque sabemos que eles andam por aí, em todo o associativismo desportivo e cultural, nas casas do povo, nas Juntas de Freguesia, nas escolas, também, enfim, em tudo o que cheire a poder e a controlo da sociedade.
2º Segui a entrevista do Senhor Representante da República concedida à RTP-Madeira. A páginas tantas varreu, ou melhor, caracterizou toda a Assembleia Legislativa por igual. Não é verdade, Senhor Representante (não gosto desta designação). Não somos todos iguais. Há substanciais diferenças entre Deputados e entre grupos parlamentares, na produção legislativa sustentada em estudo, na intervenção com rigor político e técnico e na atitude de elegância e respeito para com o primeiro órgão de governo próprio. Meter todos os Deputados no mesmo saco não me parece correcto nem justo. É preciso ter presente quem incendeia o ambiente há muitos anos, quem produz e quem pouco trabalha...
3º ... Por exemplo, fora do Parlamento mas com repercussões no hemiciclo, dizer à população para tratar da oposição porque ele trata das obras, significa um subtil incentivo à violência e a um desrespeito pelos mais elementares princípios e valores que enformam a Democracia. É esta atitude de combate político acéfalo, de disparar em todas as direcções, de gerar o ódio através da palavra que tem de acabar. Esse "terrorismo da palavra" como caracterizou o Deputado Edgar Silva, é que gera o Parlamento que temos, desacreditado na opinião pública. E enquanto esse "terrorismo da palavra" floresce, ele vai falando à população, vai passando a imagem de político imaculado, sem mancha, sem culpas no cartório, inocente face ao tal "bando de loucos". Ele sabe o que faz, porque faz e porque semeia ventos... simplesmente porque sabe que a população está anestesiada por razões múltiplas.
4º Fiquei perplexo, ou se calhar não, quando um Deputado do PSD, a propósito das designadas "cartas de risco" sublinhou que não está escrito em parte alguma que tais cartas sejam obrigatórias. Pode até não estar escrito mas sabendo todos nós o que a História da Madeira ciclicamente relata, bastaria que o bom senso prevalecesse e a Madeira possuiria uma Carta de Riscos estabelecedora das regras da nossa própria defesa. Mas a proposta foi CHUMBADA! O problema é que esta história arrasta-se há muitos anos e do governo nada sai. Percebo... é que com uma carta de riscos talvez seja mais difícil autorizar determinadas obras. Aliás, lembro-me do presidente do governo ter dito, aquando do desastre na Praia Formosa, que temos de viver com as leis da natureza. Certamente... desde que ele esteja a salvo.
Nota final:
Gostei da entrevista, com isenção, elegância e profundidade feita ao Senhor Representante da República. Assim fosse sempre a RTP-M. Mas isto não chega para que a RTP-M se credibilize aos olhos dos espectadores. Há muito por fazer e mudar.
1 comentário:
Caro André Escórcio
Toda a gente sabe que, na década de 30, do século passado, houve um louco megalómano que galvanizou, a quase totalidade do Povo Alemão, para um "superior" desígnio... que acabou como acabou!
Em Portugal, um frustrado, socialmente ressabiado, engendrou um Estado "Novo"... que, em Abril, se esfumou, esclerosado, em fase de adiantada decomposição.
Ressalvadas as devidas dimensões, o povo "superior" da propagandeada Madeira "Nova", será, num futuro próximo, confrontado com as nefastas consequências da leviandade e da incúria.
Leviandade de uns, incúria de outros. De quem governa, de quem elege.
A “factura”( pesadíssima), económico-cultural, recairá, inevitável e sacrificadamente, sobre muitas gerações vindouras.
Mas, então, o Grande Timoneiro, finalmente, já terá aberto mão do seu absoluto e anti-democrático poder.
Aí, muito provavelmente, assistiremos a um espantoso alijar de culpas.
De serventuários co-responsáveis, veneradores e mui gratos, rapidamente, transmutar-se-ão, em impotentes, forçados e “revoltados”… cumpridores de ordens.
Não será de admirar que, a haver humana generosidade, ela venha dos que mais maltratados foram ao longo de tantos anos de abuso e desrespeito.
A ver vamos!
Queira aceitar os meus cumprimentos.
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