Tenho pelo Senhor Representante da República, Juíz Conselheiro Monteiro Dinis, mais do que pela função que desempenha, consideração e estima. Com ele estive reunido algumas (poucas) vezes e sempre me ficou a ideia de um Homem culto, conversador, abrangente e que não olha para o relógio quando o diálogo vai longo. É um conversador nato que desliza muito para além do propósito de uma qualquer audiência. Porém, como já tive a oportunidade de referir, politicamente, não gostei da sua intervenção aquando da última crise parlamentar. Talvez tenha sido mais vítima do que culpado pelo silêncio do Presidente da República, a quem deveria competir uma tomada de posição. Mas adiante...
Desta vez, uma sua declaração ao Semanário Sol, fez beliscar e de que maneira a dita consideração pelo Senhor Juíz Conselheiro. Afirmou: "(...) Não sou eu nem o senhor Presidente da República quem pode resolver estas crises. É o povo madeirense. E o povo madeirense, quando chega às eleições, não tem alternativas e mantém o mesmo partido no poder".
Senhor Represente da República: o Povo não tem alternativas?
Tem Senhor Representante, olhe que tem e o Senhor sabe tão bem quanto eu que elas existem. Basta olhar, na parte do partido a que pertenço, desde logo nas candidaturas autárquicas, quantas excelentes equipas têm sido apresentadas em vários concelhos da Madeira, onde sobressaem as que se candidataram ao Funchal. Vasculhe e verá. E quantos excelentes programas têm sido divulgados em todas as áreas. E à Assembleia Legislativa, Senhor Representante, quantas listagens de candidatos a Deputados, contemplando um vasto leque de gente formada, abrangente no conhecimento e capazes de, políticamente, assumirem responsabilidades governativas? Quantas?
Há alternativas, Senhor Representante. O que os partidos não podem resolver, por insuficiência de meios, é mudar um estado de menoridade cultural, esta anestesia colectiva paulatinamente fabricada, uns por interesses materiais, outros, porque não conseguem cruzar a informação disponível. O que os partidos não conseguem é comprar consciências através da subsidiodependência, não conseguem romper com o controlo absoluto de todo o associativismo. O problema reside aí. Reside também num Estado fraco e em Órgãos de Soberania que tantas vezes ofendidos consideram, hoje, a Madeira um caso perdido. Tenhamos em consideração, por exemplo, o que fez o Senhor Presidente da República na sua última passagem pela Região. Não participou numa sessão solene na Assembleia, teceu elogios ao Presidente do Governo quando sabe o que aqui se passa. Todos se encolhem e ninguém tem coragem de dizer Basta!
Há alternativa, Senhor Representante da República, apesar de tudo o que se passa na Assembleia Legislativa, das ofensas, dos chumbos a projectos importantes, apesar de uma maioria mal preparada para aceitar o jogo da democracia. Há alternativa, não duvide.
3 comentários:
Senhor Professor
Claro que há alternativa!
Para isso, toda a oposição teria de perceber que, em primeiro lugar,havia que desbloquear o garrote que o partido do Bispo Santana implantou nesta desgraçada Região.
Os cidadãos com alguma formação política, há muitos anos, desejam que as várias forças partidárias, em vez de olharem para o seu próprio umbigo,se encontrem e,superando as naturais divergências emanentes dos respectivos projectos,conjuguem esforços que conduzam a uma dimensão democraticamente aceitável, a aberração maioritária que tomou de assalto o que a todos deveria pertencer.
Aqui louvo a atitude dos Partidos que,no dia de ontem, marcaram uma digna posição, ao recusar a participação na hedionda farsa de comemorar uma data que, em rigor, não pode ombrear com a grandeza do Dia da Liberdade. Dia esse que os "anfitriões" da Assembleia, caricaturada de Regional,tudo fazem por menosprezar e vilipendiar.
Assim,ao invés do que possam pensar os oposicionistas que, com a sua presença, avalisaram o acinte...saem muito mal na fotografia.
A versátil agilidade de actuação, imprescindível no execrável panorama político, não mora aí.
Digam o que disserem.
Uns,por pura hipocrisia;outros, por dogmático e esclerosado sectarismo;outro,insuportavelmente lamechas,por mal disfarçado revanchismo,transforma a sua Terra em viscosa lama.
Quem sabe se o "zelo" não lhes sairá caro?!
Lá que era muito bem feito, era!
A ver vamos...
Obrigado pelo seu comentário.
Eu também entendo que sim, da necessidade de uma convergência de esforços. Sempre defendi isso como pressuposto fundamental, num primeiro momento, ganhar o poder e corrigir os desvios de que esta pseudo-democracia padece. Olhar apenas para dentro e esquecer-se que, isolados, só damos trunfos à continuação do sistema, parece-me não constituir a melhor estratégia.
O meu tempo está a passar e a outros competirá definir as linhas de um futuro que me parece cada vez mais sombrio.
Ontem a comemoração do 25 de novembro foi só meia hora.Será que no final da "discussão?" do orçamento ,quando sua senhoria, o D.AJJ, botar palavra,se a oposiçao saísse do emiciclo,o discurso durará as tais duas hora ou mais?,sería engraçado presenciar tal fenónemo (se é que viesse a acontecer).Cumprimentos e parabéns pelo seu artigo.Continue com esta genica,porque "devagar a água chega ao seu moinho".
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