Adsense

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

DISCRIMINAÇÃO POSITIVA

"Açores com mais dois mil milhões do que a Madeira". Obviamente que sim. Mas onde está a dúvida? É básico que só se pode comparar naturezas comparáveis. Desde logo porque a Região dos Açores tem nove ilhas e a da Madeira tem duas habitadas. Só por aqui é evidente que a dispersão geográfica, a divisão administrativa que conta com 19 concelhos (a Madeira dispõe de 11 e de uma população sensivelmente idêntica) e o que isso acarreta ao nível dos encargos organizacionais nos vários sectores da governação, parece-me óbvio que devem merecer uma discriminação positiva no que concerne aos apoios, quer pela via do Orçamento de Estado quer pela via dos apoios da União Europeia. Ademais, por má negociação e pelo facto do governo regional da Madeira querer parecer aos olhos da UE uma região menos pobre, a Madeira perdeu 500 milhões de Euros, ao passar de Região Objectivo 1 para Região Objectivo 2.
É evidente que os recursos são sempre escassos e, portanto, toda a reivindicação e conquista no sentido de uma melhor disponibilidade orçamental, deve constituir uma preocupação de quem tem a missão de governar. Mas uma coisa é dispor de enquadramento orçamental justo para fazer face aos encargos necessários do desenvolvimento sustentável, outra, é comparar o que nos é disponibilizado, com regras idênticas, com uma outra região que apresenta factores de análise completamente distintos.
Em amena cavaqueira sobre a realidade das duas regiões, há tempos, dizia-me um ilustre político açoriano, em jeito de metáfora, que quando o governo quer fazer uma estrada numa determinada ilha, muitas vezes tem de multiplicá-la por nove. Não sendo bem assim, porém, sabe-se que as reivindicações surgem, naturalmente, até porque, ao contrário do que acontece na Madeira, sete dos dezanove municípios açorianos, são liderados pelo PSD (oposição à maioria no governo) e só este aspecto implica equilíbrios que suscitam, no plano político, disponibilidades orçamentais de significativa relevância. Por isso mesmo, este é apenas um exemplo, não me parece razoável a permanente comparação orçamental onde emerge uma subliminar intenção da Madeira passar por espoliada e perseguida. Seria bom o estudo das realidades mas em função de variáveis que sejam comparáveis. Assim, não!
Ilustração: Google Imagens.

3 comentários:

Anónimo disse...

Cuidado que ainda o tratam por traidor...é que esta gente passa a vida a olhar para o prato dos outros! Pensam que a Madeira é o centro do Mundo...É a mentalidade do Rendimento Mínimo (RSI)!

amsf

Carris disse...

Não dois milhões.
Dois MIL milhões...
Essa ideia de que nove ilhas justificam mais dinheiro que duas é aceitável. E isso concretizava-se pela anterior LFR. A do PS de Guterres. A que foi votada consensualmente em 1998.
A mexida de 2007 (só votada pela arrogante maioria do PS) só tinha um objectivo: o garrote.
A verdade
e que esta mexida já levou o PS a ser o partido da carrinha e, agora, lá irá o PP.
O que será do agrado de AJJ. Porá ainda mais longe os dois maiores partidos da (sua) oposição. Pois 80 milhões é um valor miserável (não só para Lisboa... como para a Madeira - não diz que a dívida são 6 mil milhões). Só que com esta teimosia, Sócrates acaba por fazer o frete a Jardim. Depois de enterrar o PS, vai enterrar o PP. Pois 80 milhões anuais seria uma gota de água.
Comparem-se com os 4200 milhões que a CGD já meteu num banco falido. Ou no déficite anual dos autocarros em Lisboa...
Realmente Jardim faz o que quer e como quer...

André Escórcio disse...

Obrigado (Carris) pela correcção. Obviamente, dois mil milhões.
Sabe, eu gosto e faço um esforço por analisar os assuntos de uma forma desprendida, isto é, sem o "garrote" partidário. Sinto-me, muitas vezes, livre-pensador sobre o que nos rodeia e aflige. Escrevo o que penso e com a humildade do meu conhecimento (limitado).