A Região da Madeira tem cerca de 52.000 alunos em todos os graus; dividindo-os por 6.500 educadores e professores, regista uma média de 8 alunos por docente. Parece uma maravilha. Ora, sabemos que não é assim. É um valor fictício relativamente à efectiva prática docente.
Leio no recente Relatório da OCDE que "a dimensão das turmas, em Portugal, é inferior à observada para a média dos países da OCDE" (...) Nos primeiros seis anos de escolaridade, a dimensão média das turmas, em Portugal, é de 18,6 alunos. Nos países da OCDE, as turmas têm em média 21,6 alunos. O Japão (28 alunos por turma), o Reino Unido (25,7 alunos por turma), os Estados Unidos (23,8 alunos por turma), a Austrália (23,2 alunos por turma), a França (22,7) e a Alemanha (21,9) apresentam turmas com uma dimensão muito superior à observada em Portugal. (...) No terceiro ciclo do ensino básico, em Portugal, as turmas têm em média 22,2 alunos, enquanto nos países da OCDE as turmas têm 23,7. A Alemanha (24,7 alunos por turma), a França (24,1 alunos por turma), a Espanha (23,6 alunos por turma), os Estados Unidos (23,2 alunos por turma) e a Austrália (23 alunos por turma) apresentam turmas com uma dimensão muito superior à observada em Portugal".
O Relatório salienta, ainda que o número de alunos por Professor, em Portugal, é dos mais baixos dos países da OCDE. Nos primeiros 6 anos de escolaridade, o número de alunos por professor é de 11,3, contrastando com o valor de 16,4 para a média dos países da OCDE. O Reino Unido (20,2 alunos por professor), a França (19,9 alunos por professor), a Holanda (15,8 alunos por professor), a Finlândia (14,4 alunos por professor), e os Estados Unidos (14,3 alunos por professor) apresentam um maior número de alunos por professor. No terceiro ciclo do ensino básico, a relação é de 8,1 alunos por professor, enquanto nos países da OCDE a média se situa nos 13,7. Portugal regista o número mais baixo de alunos por professor no quadro dos países da OCDE. A Alemanha (15 alunos por professor), o Reino Unido (15 alunos por professor), os Estados Unidos (14,8 alunos por professor) e a França (14,6 alunos por professor) apresentam claramente um número mais elevado de alunos por professor. No ensino secundário, o número de alunos por professor é de 7,3, valor muito distante da média dos países da OCDE (13,5). Portugal regista o número mais baixo de alunos por professor no quadro dos países da OCDE. A Finlândia (15,9 alunos por professor), os Estados Unidos (15,6 alunos por professor), a Suécia (14,7 alunos por professor) e a Alemanha (14 alunos por professor) apresentam notoriamente um número mais elevado de alunos por professor.
COMENTÁRIO
Estes elementos merecem uma reflexão. Os dados da OCDE, tão favoráveis a Portugal, sugerem, desde logo, uma pergunta: afinal, que razões levam a que tenhamos uma altíssima taxa de abandono, de insucesso e de ausência de competências? Mas não vou, por agora, entrar por aí. Vou, apenas a questões factuais, para dizer que É PRECISO SABER LER AS ESTATÍSTICAS e perceber o que elas reflectem. E começo pela percentagem mais flagrante, o número de alunos por professor que, em Portugal, é de 11,3, em contraste com a média de 16,4 dos países da OCDE. O valor aqui encontrado reflecte, certamente, a totalidade dos alunos integrados no sistema (por ciclos) pelo número de docentes. Exemplo (grosseiro) por ausência de dados mais correctos: a Região da Madeira tem cerca de 52.000 alunos em todos os graus; dividindo-os por 6.500 educadores e professores, regista uma média de 8 alunos por docente. Parece uma maravilha. Ora, sabemos que não é assim. É um valor fictício relativamente à efectiva prática docente. Nessa média entram, por exemplo, os professores com baixa médica, os que estão com horário zero, os que se encontram nas bibliotecas, os destacados, os que estão com licença de maternidade, etc. etc.. Excluindo a monodocência, embora já conte com a participação de outros especialistas, mas sobretudo nos ciclos seguintes, cada docente têm três, quatro ou cinco turmas, dependendo das reduções de serviço por antiguidade ou por outras tarefas, o que significa que leccionam para 50 até muito próximo dos 100 alunos. Depois, o valor encontrado pela OCDE depende de outras variáveis, isto é, das funções atribuídas, da organização das escolas, dos currículos, das tarefas que "chutam" para a Escola, as quais são, obviamente, distintas de país para país. E muitas dessas tarefas, desempenhadas por docentes, não se inscrevem no quadro da resposta pedagógica aos currículos estipulados.
Por outro lado, refere a OCDE que, em Portugal, a média de alunos por turma é de 18,6 contra 21,6 da OCDE. Novamente, aqui, torna-se necessário perceber o que reflectem os números. Se assim não o fizermos corremos o risco de cair na velha história do sujeito que comeu a galinha toda, todavia, a média em relação ao seu amigo foi de meia galinha para cada um. A questão central é a de se conhecer a estrutura curricular de cada sistema e o porquê da desmultiplicação por áreas de conhecimento. Por outro lado, a fragilidade do nosso sistema, associada à dramática questão social (insucesso e tentativa de prevenção do abandono), conduz à existência de turmas mais reduzidas no número de alunos. Há, de facto, turmas com 12, 14 ou 16 alunos. Porém, o quadro geral não é esse. Mas admitamos que tal situação é verdadeira, então, pergunto, como é compaginável o número de 11,3 alunos por professor quando apresentamos 18,6 alunos por turma? Não bate certo.
Certa é uma coisa: é que a maioria das turmas têm mais de 20 alunos e chegam a ter 26. Dizem-me, até, que mais do que isso. Por isso, antes de uma leitura superficial aos números que, aparentemente, nos colocam numa situação agradável contexto dos parceiros (só não o são nos resultados), precisamos conhecer a estrutura dos números, como a eles a OCDE chegou, que protocolos foram seguidos, para que não estejamos a engolir gato por lebre. Vou tentar percebê-los.
Ilustração: Google Imagens.
O Relatório salienta, ainda que o número de alunos por Professor, em Portugal, é dos mais baixos dos países da OCDE. Nos primeiros 6 anos de escolaridade, o número de alunos por professor é de 11,3, contrastando com o valor de 16,4 para a média dos países da OCDE. O Reino Unido (20,2 alunos por professor), a França (19,9 alunos por professor), a Holanda (15,8 alunos por professor), a Finlândia (14,4 alunos por professor), e os Estados Unidos (14,3 alunos por professor) apresentam um maior número de alunos por professor. No terceiro ciclo do ensino básico, a relação é de 8,1 alunos por professor, enquanto nos países da OCDE a média se situa nos 13,7. Portugal regista o número mais baixo de alunos por professor no quadro dos países da OCDE. A Alemanha (15 alunos por professor), o Reino Unido (15 alunos por professor), os Estados Unidos (14,8 alunos por professor) e a França (14,6 alunos por professor) apresentam claramente um número mais elevado de alunos por professor. No ensino secundário, o número de alunos por professor é de 7,3, valor muito distante da média dos países da OCDE (13,5). Portugal regista o número mais baixo de alunos por professor no quadro dos países da OCDE. A Finlândia (15,9 alunos por professor), os Estados Unidos (15,6 alunos por professor), a Suécia (14,7 alunos por professor) e a Alemanha (14 alunos por professor) apresentam notoriamente um número mais elevado de alunos por professor.
COMENTÁRIO
Estes elementos merecem uma reflexão. Os dados da OCDE, tão favoráveis a Portugal, sugerem, desde logo, uma pergunta: afinal, que razões levam a que tenhamos uma altíssima taxa de abandono, de insucesso e de ausência de competências? Mas não vou, por agora, entrar por aí. Vou, apenas a questões factuais, para dizer que É PRECISO SABER LER AS ESTATÍSTICAS e perceber o que elas reflectem. E começo pela percentagem mais flagrante, o número de alunos por professor que, em Portugal, é de 11,3, em contraste com a média de 16,4 dos países da OCDE. O valor aqui encontrado reflecte, certamente, a totalidade dos alunos integrados no sistema (por ciclos) pelo número de docentes. Exemplo (grosseiro) por ausência de dados mais correctos: a Região da Madeira tem cerca de 52.000 alunos em todos os graus; dividindo-os por 6.500 educadores e professores, regista uma média de 8 alunos por docente. Parece uma maravilha. Ora, sabemos que não é assim. É um valor fictício relativamente à efectiva prática docente. Nessa média entram, por exemplo, os professores com baixa médica, os que estão com horário zero, os que se encontram nas bibliotecas, os destacados, os que estão com licença de maternidade, etc. etc.. Excluindo a monodocência, embora já conte com a participação de outros especialistas, mas sobretudo nos ciclos seguintes, cada docente têm três, quatro ou cinco turmas, dependendo das reduções de serviço por antiguidade ou por outras tarefas, o que significa que leccionam para 50 até muito próximo dos 100 alunos. Depois, o valor encontrado pela OCDE depende de outras variáveis, isto é, das funções atribuídas, da organização das escolas, dos currículos, das tarefas que "chutam" para a Escola, as quais são, obviamente, distintas de país para país. E muitas dessas tarefas, desempenhadas por docentes, não se inscrevem no quadro da resposta pedagógica aos currículos estipulados.
Por outro lado, refere a OCDE que, em Portugal, a média de alunos por turma é de 18,6 contra 21,6 da OCDE. Novamente, aqui, torna-se necessário perceber o que reflectem os números. Se assim não o fizermos corremos o risco de cair na velha história do sujeito que comeu a galinha toda, todavia, a média em relação ao seu amigo foi de meia galinha para cada um. A questão central é a de se conhecer a estrutura curricular de cada sistema e o porquê da desmultiplicação por áreas de conhecimento. Por outro lado, a fragilidade do nosso sistema, associada à dramática questão social (insucesso e tentativa de prevenção do abandono), conduz à existência de turmas mais reduzidas no número de alunos. Há, de facto, turmas com 12, 14 ou 16 alunos. Porém, o quadro geral não é esse. Mas admitamos que tal situação é verdadeira, então, pergunto, como é compaginável o número de 11,3 alunos por professor quando apresentamos 18,6 alunos por turma? Não bate certo.
Certa é uma coisa: é que a maioria das turmas têm mais de 20 alunos e chegam a ter 26. Dizem-me, até, que mais do que isso. Por isso, antes de uma leitura superficial aos números que, aparentemente, nos colocam numa situação agradável contexto dos parceiros (só não o são nos resultados), precisamos conhecer a estrutura dos números, como a eles a OCDE chegou, que protocolos foram seguidos, para que não estejamos a engolir gato por lebre. Vou tentar percebê-los.
Ilustração: Google Imagens.
8 comentários:
Como saberá, a ETI na Madeira coloca 2 professores por turma em média. Ao contrário da ETI socialista do Continente onde as actividades são geridas pelas Câmaras com animadores, monitores, professores socialmente desprotegidos e ainda com modelos que fazem fotos paraa playboy.
Assim, fazendo contas simples, se cada turma de 1º Ciclo na Madeira tem 18,6 alunos em média, haverá 9,3 alunos por professor...
Se acrescentarmos os professores directores e outros que por ali andam (por exemplo nas bolsas de substituição) chegará aos números que indica "não baterem certo". Pois batem sim...
Para os outros níveis outras contas se farão...
Publiquei o seu comentário por uma questão de princípio. Sabe, as questões da Educação, tal como outras, devem ser discutidas com conhecimento e elegância. Confesso que não tenho pachorra para alimentar argumentações que fogem ao essencial para entrarem no domínio da brincadeira política. Não é esse o meu caminho. Com a Educação não brinco, gosto de comentar no pressuposto que também aprendo com os outros. Ponto final.
Meu Caro amigo André.
Ainda não reparou bque zurros de Burro não chegam ao céu? Repare, que o comentário só parte daqueles que gostam do bota abaixo. Coitados dos que ouvem, porque os que dizem ficam aliviados. Esse Sr. Atento, deve ser daqueles que gostam de atentados. Quando não se tem argumentos, inventam-se e, não se faz uma análise tão completa como a sua. Áh Mundo Cruel, perdoai-lhes Senhor porque não sabem o que dizem. Um abraço amigo. João
Muito obrigado pela esclarecida solidariedade.
Não entendi onde encontrou (encontraram) motivos para se sentirem chocados.
Apenas referi a diferença da ETI socialista para a ETI regional onde se colocam PROFESSORES justificando os números que, no seu post, deu como duvidosos...
E indiquei como eram satisfeitas no Continente, as actividades nas ETIs. A "professora" (era monitora) da Playboy é uma consequência negativa dessa opção Continental em oposição à regional: colocação de PROFESSORES (quadro e contratados).
Mais uma vez, não entendo onde encontraram motivos para se chocarem com o meu comentário.
Sabe, aconselho-o a ler o meu comentário com outros olhos. Não comparei sistemas e números. Apenas apresentei com elementos (grosseiros) para melhor compreensão, a divisão do número de alunos da Madeira pelo número de docentes. Foi um exemplo e nada mais do que isso. De resto, os valores da OCDE reflectem posições por PAÍSES.
Li o seu post e resolvi "explicar-lhe" (com a devida vénia) que os números não são duvidosos e porque não o são.
Uma dúvida que deixou e que eu tentei colmatar.
Comparou números e duvidou deles. Leia o seu comentário com outros olhos. 52 mil alunos e 6.500 professores são números da Madeira e não de PAÍSES. Foi um exemplo, refere. Ora, o meu comentário também exemplifica. Não pretendi comentar o seu post por inteiro.
E, como disse antes, clarifiquei razões para a Madeira ter muitos mais docentes nas suas Escolas que no País e do que no resto da Europa. O que se lhe deveria ser razão de regozijo. Não é. É de dúvida e desconfiança... Pena.
Obrigado pelo seu comentário.
Se, porventura, o meu entendimento foi outro, peço desculpa.
Fica, apenas o comentário que me parece certo: há que saber ler as estatísticas e, neste aspecto, parece que estamos de acordo.
Obrigado.
Enviar um comentário