As flores desta tarde, as fotografias e os aplausos que fiquem na memória dos visitantes. Que regressem é o meu desejo. O que não podemos esquecer é que há "flores" dia-a-dia a murchar e há muita erva daninha neste "jardim" político para arrancar, pela raiz, nas eleições de Outubro.
Nada me move contra a festa da flor. Pelo contrário. Com flores importadas ou não, a verdade é que o cortejo constitui um acontecimento de relevante importância, enquanto motivo de compra do destino Madeira e todas as consequências positivas associadas.
No caso da festa da flor, com maior ou menor orçamento, trata-se de um investimento. O que me leva a escrever não é isso, mas outras flores murchas que temos nos restantes dias do ano. Plantas (leia-se, pessoas) abandonadas à sua sorte, incapazes de darem um sentido à vida ou de encontrarem oportunidades, eu diria, de florescerem. Pessoas que calcorreiam a cidade(s) da Região e não encontram saída profissional e que sabem que depois do cortejo passar, tal como as flores desse cortejo murcham, elas também continuarão sem raiz e sem alimento que faça desabrochar a flor da vida. No fundo, a estabilidade e felicidade a que têm direito. Já são 20.000 potenciais "flores" desempregadas e toda a pobreza que a ela está associada.
Enquanto isto, o presidente do governo, porque está em causa a participação de uma equipa numa competição europeia de futebol, lá estará (leio no on-line do DN) sentado na tribuna do estádio, para poder dizer, não dizendo, provavelmente, que esse feito (Europa, se tudo der certo) a mim se deve, pelos milhões entregues de bandeja! Enquanto isto, repito, assiste-se a uma engenharia financeira de contornos muito pouco claros, com a saída do cofre de mais cinco milhões para derramar nas falidas Sociedades de Desenvolvimento, com dívidas à banca até ao céu da boca, enquanto sete milhões saíram da Sociedade de Desenvolvimento do Porto Santo para derramar na construção de mais um campo de golfe, desta feita, na Ponta do Pargo. Uma "prioridade", como facilmente se deduz! Enquanto isto, repito, ainda, lanço um olhar sobre os empresários e vejo-os com o credo na boca e assisto ao congresso dos professores onde constato a falência do sistema educativo e as consequências que advirão deste continuado autismo governamental.
Para o governo o que interessa é a festa e a distracção do Povo e a certeza que o IVA trará mais dinheiro aos cofres da Região (bendita "troika" dirá o presidente do governo) e, portanto, perdoem-me a palavra, pensará o "chefe", que se lixe o povo, eles que continuem a sofrer as consequências das medidas de austeridade, porque, importante é fazer "obra", inaugurar e discursar. A Economia, o emprego, a escola, a saúde, os lares que são necessários... obviamente que isso pode ficar para depois!
Bom, as flores desta tarde, as fotografias e os aplausos que fiquem na memória dos visitantes. Que regressem é o meu desejo. O que não podemos esquecer é que há "flores" dia-a-dia a murchar e há muita erva daninha neste jardim político para arrancar, pela raiz, nas eleições de Outubro.
Ilustração: Google Imagens.
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