A máquina está montada e oleada qb, entre câmaras e juntas de freguesia, as ligações umbilicais às instituições locais estão na perfeição, desde a casa do povo aos clubes, da banda de música às instituições de solidariedade social, da paróquia a tudo o resto. Mexer nisto, nesta espécie de "máfia boazinha", é colocar em causa equilíbrios que podem ser fatais. E isso o poder não quer. Melhor é deixar tudo como está, o caciquismo, o controlo sobre as pessoas, o trabalhinho e o favorzinho.
Não ouve nada do ouvido esquerdo! |
O ainda presidente do Governo da Madeira assume que não haverá "reforma administrativa" na Região; vem o Professor Marcelo e diz que era o que faltava, todos estão obrigados a que isso aconteça. Logo a seguir, regressa o ainda presidente para sublinhar que, talvez, o Professor Marcelo não conheça todas a alíneas da Constituição, e pronto, o assunto ficou por aí. Sendo um assunto da MADEIRA, não deixa de ser curioso que nenhum órgão de comunicação social tivesse questionado o líder da oposição sobre esta matéria. Como se não existem eleições legislativas regionais dentro quatro meses e este constituir um assunto de relevante importância. Como se um elementar respeito pelo bom senso e até pelo contraditório não justificasse uma audição das partes envolvidas. Vou mais longe, ouvir o que pensam os partidos sobre esta matéria.
Mas, percebo as razões que determinam que o PSD queira manter esta divisão administrativa que data de 1835. Porque esta divisão serve os interesses do partido do poder. A máquina está montada e oleada qb, entre câmaras e juntas de freguesia, as ligações umbilicais às instituições locais estão na perfeição, desde a casa do povo aos clubes, da banda de música às instituições de solidariedade social, da paróquia a tudo o resto. Mexer nisto, nesta espécie de "máfia boazinha", é colocar em causa equilíbrios que podem ser fatais. E isso o poder não quer. Melhor é deixar tudo como está, o caciquismo, o controlo sobre as pessoas, o trabalhinho e o favorzinho. Mexer significa, porventura, perder lugares de natureza política e isso também não interessa. Há, portanto, razões de sobra para que o ainda presidente não deseje alterações, sequer o estudo que conduza à definição de um desenho no sentido de uma melhor divisão administrativa, inclusive, na sequência do sistema viário entretanto construído ou melhorado.
O Professor Marcelo já considerou a Região, com alguma deselegância, é verdade, "uma grande autarquia" (mas percebo o sentido), o ainda presidente, embora saiba que é possível e desejável reduzir o número de Câmaras (11) e de Juntas (54), obviamente que não lhe interessa, apesar de isso acarretar substanciais encargos que poderiam ser evitados. Da mesma forma que não quer mexer na organização institucional extremamente pesada de tudo o que é tutelado pelo governo regional. Há Secretarias a mais, direcções regionais a mais, directores de serviço a mais e chefes de divisão a mais. Mas esse peso a mais, essa região gorda que temos, na opinião do ainda presidente justifica-se, pois aí se encontra a estrutura fundamental, o coração político da máquina PSD que resolve o problema eleitoral. Ora, debater isto é perigoso, daí que a conversa fique entre o de cá e um de lá. Por aí fica, como se alternativas não houvesse.
Ilustração: Google Imagens.
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