"Hoje o que existe é uma escola ineficaz e uma debandada geral de professores. Os que ficam andam no psicólogo e no psiquiatra. São, mesmo assim, os resistentes num país em que, nos últimos três anos, aposentaram-se 12 professores por dia, a maior parte de forma antecipada".
Acabo de ler um excelente trabalho da Jornalista Raquel Gonçalves, publicado na edição de hoje do DN-Madeira. A síntese do Dr. Paulo Cafôfo, professor e dirigente sindical, é clara: "(...) Para obter uma boa caracterização dos docentes, basta ir a uma sala de professores. O pulsar é de angústia. Vejo os professores com um sentimento de angústia muito forte, com uma desmotivação acentuada, marcados pelo fatalismo, pela incerteza, pela angústia do toque de entrada e de ter que enfrentar alunos com os quais não sabe lidar, alunos que têm um desdém pela sua disciplina" (...) "E tudo isto é dramático. Até porque uma escola eficaz seria a solução para acabar com a crise que o país atravessa". (...) E hoje o que existe é uma escola ineficaz e uma debandada geral de professores. Os que ficam andam no psicólogo e no psiquiatra. São, mesmo assim, os resistentes num país em que, nos últimos três anos, aposentaram-se 12 professores por dia, a maior parte de forma antecipada".
As declarações produzidas pelos professores Paulo Cafôfo, Adelaide Ribeiro e Virgílio Freitas, constituem mais um alerta, mais um testemunho da completa falência deste sistema educativo regional. E isto acontece, também, porque, como refere o professor Virgílio Freitas, "o guião da educação é escrito sem os professores". Isso mesmo. Os professores encontram-se à margem, não são ouvidos, são guiados à distância, isto é, temos uma "escola tipo pronto-a-vestir, só tem um tamanho único. Não se respeita sequer o tempo de cada aluno, nem se respeitam as diferenças", refere o professor Paulo Cafôfo.
Tenho uma vida de alguma luta, e quando falo de luta, falo de estudo e de propostas para que a Educação ganhe novos horizontes. Infelizmente, em vão. Tudo tem sido chumbado, tudo para o "caixote do lixo". Não que as minhas propostas e as de outros, como é o caso destes três professores, constituam verdades absolutas, qual "bíblia" para a Educação. Não é isso, mas sobretudo uma falência que deriva da ausência de audição, de debate, de humildade em perceber que este é um problema face ao qual todos devem ser convidados a participar e que, pelo contrário, não são apenas uns poucos os iluminados. Mais, quando a esses poucos não lhes é reconhecida grande competência. Pelo menos, a avaliar pelas posições assumidas e que redundaram no sistema decadente que temos. Sublinha a professora Adelaide Ribeiro "(...) Somos um país de pessoas com formação, mas que não são aproveitadas. Ou saem para fora do país ou estão desempregados. Formamos apenas para a estatística."
Ilustração: Google Imagens.
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