Dir-se-á que o Senhor Deputado António Fontes, de forma original e decente, em três minutos, destronou a cantiga que outros cantam, de forma desafinada, há 36 anos!
O Senhor Deputado do PND cantou, esta manhã, a "Grândola Vila Morena", aproveitando um tempo de intervenção a que tinha direito. Falou de liberdade de imprensa (comemora-se, hoje o Dia Mundial), falou do facto da Assembleia Legislativa da Madeira não comemorar a data de 25 de Abril e, logo depois, cantou Zéca Afonso. Vi gente incomodada. Muito incomodada. A questão não é a de saber se foi ou não adequado. A questão central deste acto é alguns tentarem perceber quais as causas que o justificaram. O Senhor Deputado não foi mal educado, balizou a sua conduta pela "urbanidade, civismo, respeito pelos seus pares e pela dignificação da instituição de que são tutelares". Não faltou ao respeito a ninguém, não ofendeu, apenas cantou. E que bem cantou, com uma voz melodiosa, ritmo certo e à capela!
Dir-se-á que o Senhor Deputado António Fontes, de forma original e decente, em três minutos, destronou a cantiga que outros cantam, de forma desafinada, há 36 anos! A forma foi original, por inabitual numa Assembleia, mas o texto poético, mesmo que não fosse cantado, poderia ter sido lido e adequado à sua mensagem política. E neste caso, pergunto, alguém levantaria o problema? Nesta mesma sessão, citei e li um excerto de Luís Sttau Monteiro, a propósito de corrupção. Não houve qualquer problema!
A questão, portanto, é outra: que razões estão na origem deste acto? Afinal o que se está a passar na Assembleia, no Governo e na Região em geral? Que condicionamentos existem? É aí que devemos encontrar as causas que justificam as consequências, os actos políticos que chamam à atenção por saírem fora dos cânones normais. Eu, confesso, não seria capaz, mas o que é aquele acto comparado com outras formas de enxovalho a deputados, chamando-os de lãdrão, gatuno, etc. etc.?
Ademais, quando ele cantava, lembrei-me de José Mário Branco: "A Cantiga é uma Arma". Fica aqui o registo:
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