Não há mais tempo para esconder a realidade. Cada dia que se passa a angústia aumenta, porque o tecido produtivo foi desmantelado e geraram-se vícios sempre em nome do próximo acto eleitoral. Hoje, o cofre está vazio e as facturas empilhadas às resmas. Seria importante, para descanso dos funcionários públicos, que o Governo dissesse, claramente, se está ou não em causa o pagamento dos salários de Junho, o respectivo 13º mês e como vai soluccionar o problema.
Uma Comissão de Inquérito ao Endividamento Regional, solicitada, primeiro, pelo Grupo Parlamentar do PS (chumbada), depois, subscrita por todos os Deputados da Oposição, logo, obrigatória, não chegou a conclusão nenhuma. Durante meses foi um faz-de-conta permanente no Parlamento, do qual resultou um ridículo relatório (três parágrafos em metade de um A4) onde não fica apurada a realidade da Região e as suas responsabilidades. Foram solicitados mais de trinta relatórios de actividade, de vários anos, a todos as empresas públicas, sociedades, etc.. Nada foi feito e nada foi analisado. A maioria PSD conjugou o verbo esconder.
Agora, vem aí o momento da verdade. O Ministro das Finanças, e bem, assumiu que as colossais dívidas das autarquias, empresas públicas e Sociedades de Desenvolvimento constituem uma responsabilidade da Região e que elas serão passadas a pente fino. Parece-me óbvio. No caso das empresas públicas e das sociedades é preciso que se tenha em consideração que elas foram criadas para contornar as dificuldades impostas pelos limites no endividamento. Dir-se-á que a Região deu, durante anos, passos maiores que a perna, endividou-se de forma descontrolada, e essa dívida, infelizmente, terá de ser paga por todos os madeirenses e porto-santenses durante muitos anos. Não há volta a dar. Chegou a hora da verdade, a hora de fazer contas e de, politicamente, julgá-las. Já não são possíveis mais mentiras, mais biombos e mais fumos sobre a realidade. A população tem o direito de conhecer a realidade de toda a dívida acumulada, as implicações dessa dívida na estabilidade social e empresarial, os anos que levará a pagá-la, à custa de quê e de quem, qual a capacidade da Região para, sem novos endividamentos, suportar tais encargos, enfim, tudo isto está, agora, em cima da mesa. Mais, se a loucura de todos estes anos coloca ou não a Autonomia em causa e se será preciso uma qualquer "troika" para resolver este gravíssimo problema. É que, neste momento, ninguém sabe se a dívida é de seis, sete ou oito mil milhões. Por defeito, calcula-se que se situe nos seis mil milhões, mas pode haver muita coisa escondida.
Perante isto, como sobreviverão as empresas, como poderão gerar postos de trabalho para neutralizar a situação de 20.000 desempregados, como é que será possível controlar os graves índices de pobreza, como sobreviverão todas as instituições, todo o associativismo extremamente dependente dos subsídios? Ora, não há mais tempo para esconder a realidade. Cada dia que se passa a angústia aumenta, porque o tecido produtivo foi desmantelado e geraram-se vícios sempre em nome do próximo acto eleitoral. Hoje, o cofre está vazio e as facturas empilhadas às resmas. Seria importante, para descanso dos funcionários públicos, que o Governo dissesse, claramente, se está ou não em causa o pagamento dos salários de Junho, o respectivo 13º mês e como vai soluccionar o problema.
Os tempos são bem diferentes daqueles em que o Engº António Guterres, ex-Primeiro-Ministro, depois de ter sido enxovalhado com grotestas declarações, mandou pagar 110 milhões de contos de uma dívida acumulada. Estavamos em 1997/98, por aí, e o contador dos encargos foi reduzido a uma dívida flutuante. Agora, não haverá mais paizinho que pague as loucuras. Quem as fez que as pague. Em Outubro espero que o Povo saiba colocar esta política velha e caduca numa prolongada cura de oposição.
Ilustração: Google Imagens.
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