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quarta-feira, 6 de abril de 2011

O ACTUAL MOMENTO DISPENSA INCENDIÁRIOS POLÍTICOS


Não é colando o Primeiro-Ministro a Salazar que se acrescenta alguma coisa à solução dos dramas locais. Até porque, sendo os telhados locais feitos de vidro muito frágil, quem assim actua está naturalmente sujeito à resposta, ao troco das palavras em idêntica proporção: quem levou esta Região à falência não foi Sócrates ou qualquer outro primeiro-ministro, mas quem a liderou durante 35 anos consecutivos.


O elástico está a ser esticado em demasia. Vai romper-se. É uma questão de algum tempo. A situação económico-financeira do País, em geral, e as gravíssimas debilidades da Região Autónoma da Madeira, em particular, exigem contenção nas palavras e nos actos, uma grande capacidade negociadora e, sobretudo, um alto sentido de Estado.
Atravessamos um momento que o roto não deve se rir do esfarrapado. Se o País, em geral, não está bem e, se a Madeira, em particular, está a passar por problemas extremamente complexos, o bom senso aconselha moderação no discurso político e uma grande vontade em resolver os problemas que estão aí e para durar. Não é com frases feitas, com discursos repetidos, de alheamento das responsabilidades, com intervenções politicamente incendiárias, dirigidas daqui para fora, que os problemas internos se resolverão. É preciso que o Presidente do Governo meta isto na sua cabecinha, não lave as mãos da responsabilidade governativa que assumiu há 35 anos e não dispa a pele de político que assumiu ser o "único importante" na Região.
O que aqui se está a passar, com um cofre vazio, com empresários desesperados, com gente que quer trabalhar e não tem onde, com penhoras e mais penhoras em curso, com as obras paradas e com um sector do turismo pela hora da morte, tudo isto implica outro tipo de actuação. Não é falando para lá, de forma agressiva, que se resolvem os problemas de cá. Não é colando o Primeiro-Ministro a Salazar que se acrescenta alguma coisa à solução dos dramas locais. Até porque, sendo os telhados da Quinta-Vigia e outros feitos de vidro muito frágil, quem assim actua expõe-se, naturalmente, à resposta, ao troco das palavras em idêntica proporção: quem levou esta Região à falência não foi Sócrates ou qualquer outro primeiro-ministro, mas quem a liderou durante 35 anos consecutivos. E quem escrevia e tecia louvores à política de Salazar, no então "Voz da Madeira", não foi Sócrates ou qualquer outro Primeiro-Ministro, mas o actual presidente do governo regional.
Entrar por aí parece-me ser um terreno que não deve ser pisado. O País precisa de serenidade e não de incendiários, precisa de debate sério, de ESTADISTAS e não de discursos de vulgaridades e até de banalidades. O mesmo se passa na Madeira, no quadro de uma Região Autónoma. Temos aqui problemas reais por resolver, não problemas virtuais. Temos problemas de pagamento a tempo e horas, problemas de estabilidade nas empresas, problemas de desemprego, problemas de pobreza e de fome, problemas sociais graves, daí que o apelo deve ser no sentido da contenção. O "quero, posso e mando" se ainda não morreu, está prestes e quase aposto que tem missa encomendada! Juizinho é preciso. O problema, lá diz o Povo, é que "burro velho não aprende línguas". Espero, pelo menos, que consiga soletrar.
Ilustração: Google Imagens.

4 comentários:

Fernando Vouga disse...

Caro amigo

Se o senhor tivesse falado doutra maneira é que seria de estranhar.
Por acaso veio-me à memória um livro que li na minha juventude, de Rebelo da Silva, e cujo título é "Ódio Velho não canas" (vem mesmo a propósito...).
A páginas tantas, nesse livro cuja acção, salvo erro, se passava nos tempos da Cavalaria medieval, há uma personegem que se sai com esta tirada lapidar e que nunca mais esqueci, pelo seu alcance: "Palavras tuas não ofendem, são como palavras de mulher!"

António Trancoso disse...

Meu Caro Amigo
Não se admire de haver uma cambalhota monumental,se,entretanto,não se verificar o milagre do cofre voltar a ter alguma coisa lá dentro. Pode ser que,à última hora, "por motivos de saúde", o "eterno" cabeça de lista..."não possa" assumir a eleição.
A ver vamos...

André Escórcio disse...

Obrigado pelos vossos comentários.
É uma honra muito grande tê-los como leitores daquilo que vou escrevinhando.

Espaço do João disse...

Sempre ouvi dizer que nunca faltou um sapato velho para um pé descalço.
Durante 35 anos a romper solas no mesmo tapete, é obra. Agora não ver a sujeira feita é que não tem desculpas.
Esse senhor que tenha cuidado com o coração, pois à última, pode dar-se um colapso.