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terça-feira, 19 de abril de 2011

A NEGAÇÃO DO 25 DE ABRIL... UMA VERGONHA QUE DESPRESTIGIA A PRÓPRIA AUTONOMIA


Mas não acabam com dia 01 de Julho, Dia da Região, comemorado porque aconteceu o 25 de Abril. Mas não acabam com a bandeira, só possível porque aconteceu o 25 de Abril. E não acabam com os órgãos de governo próprio, só possíveis com a Revolução de Abril. Que gente ingrata! Quando há tanto para dizer, tanto para equacionar, tanto para reflectir e tanto para questionar 37 anos depois.



Continua a ser inconcebível a negação dos partidos da direita política em comemorar a data histórica de 25 de Abril de 1974. Eu e muitos não entendem. Ou, se calhar, entendem, muito bem os motivos dessa negação. 
Hoje, na Assembleia, em Conferência de Líderes, voltaram a negá-lo. E se ontem fazia sentido, hoje, face aos novos contextos políticos, económicos, culturais e sociais, mais sentido faz a sua lembrança. Aliás, defendo, que está na hora do regresso das canções de intervenção política. Não por qualquer saudosismo, não por ter pertencido a uma geração que sofreu as agruras de meio século de obscurantismo, de perseguições e de dois anos de guerra colonial, fora o tempo de espera, não apenas pelos constrangimentos da pobreza e do analfabetismo, mas porque o 25 de Abril foi o momento da mudança de um regime de silêncio e opressor para um regime de liberdade e de desenvolvimento.
É por isso que não entendo esta fobia por uma data onde, todos os anos, há tanto por dizer. Agora, mais do que nunca. E talvez porque hoje há tanto para dizer, que esta direita política desmemoriada, que tanto beneficiou do 25 de Abril, em todos os campos de análise, rejeita-o, liminarmente. Como se aquela data pudesse ser apagada da História, como se pudesse existir Parlamento Regional sem o libertador 25 de Abril, como se pudesse haver deputados eleitos sem aquela Revolução, como se o crescimento e algum desenvolvimento tivessem sido possíveis sem o 25 de Abril. Que gente tão pobre de princípios e de valores! Que gente tão mesquinha!
Mas não acabam com dia 01 de Julho, Dia da Região (aí falam a solo), comemorado porque aconteceu o 25 de Abril. Mas não acabam com a bandeira, só possível porque aconteceu o 25 de Abril. E não acabam com os órgãos de governo próprio, só possíveis com a Revolução de Abril. Que gente ingrata! Quando há tanto para dizer, tanto para equacionar, tanto para reflectir e tanto para questionar 37 anos depois. São os fundamentos de Abril que devem estar de volta, o nosso projecto de vida colectiva NA MADEIRA Autónoma, os desvios, este arremedo de democracia no qual vivemos, a Educação e a Cultura, a Economia e as Finanças, tanto e tanto que há para equacionar tendo como cenário os compromissos de Abril.
Eles não querem que ninguém traga à memória os erros de 36 anos de governação absoluta que conduziu à insolvência da Madeira. O chumbo à comemoração de Abril constitui uma tentativa de mascarar a realidade e, por isso, é uma vergonha e um desprestígio para a própria Autonomia. Uma vergonha porque o 25 de Abril não é apenas uma data nacional, é uma data marcante na vida política e social dos madeirenses. Sinto vergonha, confesso.
Ilustração:Google Imagens. 

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