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segunda-feira, 18 de abril de 2011

SERÁ NECESSÁRIO IR A COIMBRA?


O que andaram os responsáveis políticos da Região, durante 36 anos de governo absoluto, no sentido de tornarem mais saudáveis os ambientes familiares e, por aí, atenuarem esta vergonha social que tem, todos sabemos, uma transversalidade nos estratos sociais? Que Sistema Educativo foi disponibilizado e, portanto, que EDUCAÇÃO e que lastro CULTURAL foram dinamizados no sentido de melhorar os tristes indicadores? E que combate à pobreza e à exclusão social foram operacionalizados? E que políticas económicas foram implementadas ou será que o culpado é o Dr. Keynes?


Protocolos que visam combater a violência doméstica levaram até Coimbra o Secretário Regional dos Assuntos Sociais. Protocolos de cooperação com o Serviço de Violência Familiar do Centro Hospitalar de Coimbra e a Comissão para a Cidadania e Igualdade do Género, leio no on-line do DN. 
Num ápice passaram ou cruzaram-se à minha frente vários aspectos. Desde logo, embora todo o cruzamento de experiências e o trabalho em rede sejam importantes, a pergunta que fica é se, por aqui, não existe ninguém com capacidade para diagnosticar as causas da violência doméstica e capaz de propor planos e respostas integradas no sentido da sua erradicação? Será necessário ir a Coimbra? Será preciso a Região Autónoma esperar pelas iniciativas da Secretaria de Estado?
À pergunta seguiram-se outras: afinal, qual a consistência das políticas de família na Região? O que andaram os responsáveis políticos da Região, durante 36 anos de governo absoluto, no sentido de tornarem mais saudáveis os ambientes familiares e, por aí, atenuarem esta vergonha, esta histórica chaga social que tem, todos sabemos, uma transversalidade nos estratos sociais? Que Sistema Educativo foi disponibilizado e, portanto, que EDUCAÇÃO e que lastro CULTURAL foram dinamizados no sentido de melhorar os tristes indicadores que têm conduzido à própria morte das vítimas? E que combate à pobreza e à exclusão social foram operacionalizados? E que políticas económicas foram implementadas ou será que o culpado é o Dr. Keynes?
E às perguntas, estas, entre muitas outras, lembrei-me do que ouvi, pela televisão, em pleno Hospital do Funchal, ainda na passada semana, por ocasião da inauguração de um melhoramento no serviço de gastrenterologia. Ouvi o presidente do governo regional dizer que estava desaconselhado a beber bebidas alcoólicas, mas que não seria o caso de todos, numa alusão directa, para não dizer incentivo, bebam mas um pouco menos. Se não foi exactamente isto, andou por aí a declaração do presidente.
Ora, nem a brincar deveria ter falado desta situação, quando ele sabe que cerca de 30% da população tem problemas de consumo excessivo e que as associações andam aí numa roda viva para travar tais malefícios. E sabendo ele que o álcool constitui, não o único, mas um dos principais problemas da violência familiar. Enquanto isto, o Secretário vai até Coimbra "beber" a receita, via protocolo, como se o problema por aí se resolvesse. Não se resolve por essa via. Atenua-se ou erradica-se com investimento na educação, na cultura, na economia, na libertação das pessoas, actuando nas raízes sociais com políticas de acompanhamento das famílias, com diagnóstico e intervenção precoce, proibindo a venda a menores de 21 anos, com políticas que suscitem a denúncia e com a criminalização dos actos, com o acompanhamento das vítimas e dos agressores, enfim, sentando à mesma mesa os vários actores políticos e especialistas que, directa ou indirectamente, estão envolvidos. Será preciso ir a Coimbra? Que andam aqui a fazer há 36 anos?
Ilustração: Google Imagens.

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