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terça-feira, 26 de abril de 2011

JARDIM LEVOU O DESPORTO AO DESCALABRO


Retirem os subsídios e perguntem o que resta da política desportiva? Milhões de dívidas acumuladas; uma taxa de participação física e desportiva global onde 77% que não tem qualquer tipo de prática regular; desequilíbrios na relação entre o desporto educativo escolar - cerca de quatro mil praticantes - relativamente ao desporto federado - 16 mil - numa clara inversão da pirâmide; preponderância da área masculina em relação à feminina: no sector federado 72,9% masculinos e 27,1% femininos. Como pode a Madeira manter um apoio a 55 modalidades enquadradas por 180 clubes aos quais se juntam 25 associações desportivas? É a loucura total.


O DN-Madeira, na sua edição de Segunda-feira apresentou um excelente trabalho da autoria do Jornalista Miguel Torres Cunha, onde dá conta das preocupações do governo regional relativamente ao sector do desporto. Em síntese as Sociedades Anónimas Desportivas estão em falência e pretende alienar as suas participações no capital social das cinco SAD's. Assunto mais que requentado, tantos foram os alertas feitos e vários os projectos apresentados nesse sentido. Neste pressuposto, entendi que deveria, uma vez mais, em nome do Grupo Parlamentar do PS, voltar a equacionar o assunto. Desta feita, o Jornalista João Filipe Pestana, na edição de hoje do DN publica um extenso trabalho caracterizador de uma situação que está muito para além da falência das ditas Sociedades. Aqui fica o registo integral da peça jornalística que pode ser lida neste link:
"A questão das Sociedades Anónimas Desportivas [SAD] que agora o presidente do Governo Regional parece querer despachá-las constitui mais uma prova do descalabro da política desportiva do seu governo. Qualquer político de inteligência mediana seria capaz de prever a ruptura do sistema, em circunstâncias de normalidade económica, mais ainda face a qualquer inesperada crise". Quem o diz é André Escórcio, líder parlamentar do PS-M, para quem o actual estado do Desporto na Madeira não constitui surpresa, já que desde 1980, ano dos primeiros financiamentos à actividade desportiva profissional, tem vindo a afirmar "o erro que estava a ser cometido face à dimensão da Região, às suas debilidades estruturais de natureza económica, financeira, social e cultural, pelo que se impunha a necessidade de encontrar respostas adequadas ao desenvolvimento".
Desporto próximo "do zero"
O Desporto teria de ser enquadrado numa lógica ao serviço do desenvolvimento e nunca ao serviço da política, entende o PS-M, partido que, desde 1980, tem apresentado vários projectos, todos chumbados pelo PSD, os últimos dos quais, em 2007 e em 2011, que propunham, por exemplo, que o Governo Regional alienasse as participações sociais nas respectivas sociedades. Na altura, recorda André Escórcio, caiu o "Carmo e a Trindade" na Assembleia Legislativa da Madeira.
O PS-M conclui, pois, que o Executivo liderado por Jardim não ouve ninguém, nem os partidos, nem as suas próprias iniciativas. E dá um simples exemplo: em 2005 foi apresentado, com pompa e circunstância, o projecto 'Madeira Sabor a Desporto', uma iniciativa ténue, mas que constituía uma tentativa de alguma mudança, contudo, "morreu ao sabor dos interesses", sentencia.
Tudo para chegar a uma conclusão: esta política desportiva conduziu o desporto a uma situação próxima do zero. "Retirem os subsídios e perguntem o que resta da política desportiva? Milhões de dívidas acumuladas; uma taxa de participação física e desportiva global onde 77% que não tem qualquer tipo de prática regular; desequilíbrios na relação entre o desporto educativo escolar - cerca de quatro mil praticantes - relativamente ao desporto federado - 16 mil - numa clara inversão da pirâmide; preponderância da área masculina em relação à feminina: no sector federado 72,9% masculinos e 27,1% femininos".
Como pode a Madeira manter um apoio a 55 modalidades enquadradas por 180 clubes aos quais se juntam 25 associações desportivas? "É a loucura total", diz. Para além destes dados, realça que não é aceitável que, em função das limitações orçamentais e das prioridades da Região, que a representação da Madeira necessite de 215 atletas [2008/2009] continentais e estrangeiros, distribuídos por 20 clubes, para representá-la lá fora.
"Tampouco é viável manter, anualmente, mais de 1.500 representações individuais e colectivas, a multiplicar pelo número de atletas, técnicos e dirigentes de cada representação", conclui.
Recorde-se que o DIÁRIO noticiou ontem, em manchete, que sair ou gastar mais nas SADs é um novo dilema para o Governo Regional.
320 M€ em dez anos para "Tanta falência"
Em dez anos, afirma André Escórcio, "voaram do orçamento da Região 320 milhões de euros. É muito dinheiro para tão pouco desporto e para tanta falência".
Sendo assim, apesar das preocupações manifestadas e dos investimentos realizados, "os resultados estatísticos da actividade física e do desporto na Região demonstram que há uma absoluta necessidade de uma profunda revisão para que se cumpra o desígnio constitucional: todos têm direito à prática do desporto. Não se trata, apenas, do segmento profissional, mas de toda a política desportiva".
O PS-M entende que o caminho deve ser outro para que, dentro de alguns anos, a Madeira possa constituir um exemplo nacional e europeu, no que concerne à elevada organização e participação desportivas, no quadro da construção contínua de um desporto entendido como bem cultural, criado à medida de cada um e que não se esgote no labirinto da representatividade externa.
"As grandes limitações espaciais e orçamentais da Madeira implicam, por isso, um outro tipo de orientação, isto é, um grande investimento nas políticas educativas, na competição regional, no desporto informal, na actividade física em geral, em uma prática que, a prazo, conduza a Madeira a dispor de uma taxa de participação desportiva superior à média nacional e europeia. É esse o caminho, por mais que custe a alguns aceitar", conclui.
Ilustração: Google Imagens.

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