Mas esta tem sido a lógica do sistema, a lógica política de empreiteiro, onde o cimento funciona como uma droga. Dia que retirem o cimento, o sistema entre em desconforto, pelo que precisa de mais cimento para ressacar! É um círculo vicioso que só se resolve com um longo internamento (leia-se passagem ao estado de oposição).
Ontem, ouvi o Secretário Regional da Educação assumir que a manutenção do parque de piscinas da Região custava cerca de dois milhões e seiscentos mil euros por ano e que as receitas andariam pelos 160 mil euros. Um quadro destes só tem uma palavra para caracterizar: INCOMPETÊNCIA.
Trata-se de uma incompetência gestionária, essencialmente, por dois motivos: primeiro, porque as infra-estruturas devem surgir em função de um planeamento que assegure o equilíbrio entre as receitas e as despesas. E isso é possível. Conheço bem o problema. Todas as piscinas do País, sobretudo as privadas, com centenas ou mesmo milhares de utentes, não dão prejuízo. Bem pelo contrário. E se o privado, normalmente pertença de clubes, apresenta lucros, não faz sentido que as públicas apresentem prejuízos. Repito, trata-se de um problema de (in)competência gestionária.
Em segundo lugar, a questão central é que prometem, desenham, constroem e inauguram e, depois, não têm dinheiro para o gás. Não basta construir, há que ter projecto de promoção e de sustentabilidade. E isso não acontece. A desorientação é tal que, para a encenação do acto inaugural, transportam pessoas daqui para ali e, depois, logo se verá a continuidade. Importantes são aqueles momentos da inauguração, os cumprimentos, os discursos e o que a comunicação social divulga. Se há ou não dinheiro para o gás, se há ou não capacidade para tornar a instalação equilibrada do ponto de vista da sua gestão financeira, isso não é assunto que constitua motivo de preocupação. E se faltar o dinheiro, obviamente, lá dirá o "chefe" da paróquia, que isso é culpa do Sócrates!
Mas esta tem sido a lógica do sistema, a lógica política de empreiteiro, onde o cimento funciona como uma droga. Dia que retirem o cimento, o sistema entre em desconforto, pelo que precisa de mais cimento para ressacar! É um círculo vicioso que só se resolve com um longo internamento (leia-se passagem ao estado de oposição).
É óbvio que em todas as infra-estruturas desta natureza (piscinas ou outras) existe um custo social, mas isso não invalida a necessidade de um equilíbrio entre as receitas e as despesas de manutenção. O custo social tem de estar presente, mas existem tantas formas de conseguir uma relativa estabilibidade no processo de exploração. O que não é admissível é que se construa de forma desproporcional às necessidades e que não se tenha presente o dia seguinte à inauguração. Há cursos de formação para gerir instalações desportivas. No caso das piscinas, em particular, dizia-me um antigo Mestre, com humor e profundidade, que aquilo "não é a mesma coisa que gerir um aviário".
Perdoai-lhes, Senhor...
Ilustração: Google Imagens.
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