"Tudo gente medíocre", só ele, o bom, o iluminado, o imaculado, o único importante, o pensador, o produdor, o realizador, o escritor, o benfeitor, a figura sublime que está acima de tudo e de todos. Passeia-se nas areias do Porto Santo, fala da "esquerda abrilheira" como se tivesse sido a esquerda a governar a Madeira durante 36 anos. Passeia-se indiferente à realidade que o circunda, caminha sem noção do povo deprimido que lhe deu o voto todos estes anos.
Na Madeira há muita gente deprimida. Sei o que se está a passar. Gente que chora, em silêncio, gente que entra consultórios adentro de rastos, sem saber que orientação hão-de dar à vida. Gente sem nada, desempregada e sem horizontes. Gente que vive da esmola, do apoio dos familiares mais directos e de alguma segurança social, cada vez mais escassa. Gente com filhos e idosos em casa, gente que há muito entrou no remoínho da pobreza e que dela não conseguem se libertar. Gente da ex-classe média, habituada a viver com o essencial e com alguma estabilidade e que, agora, porque o desemprego bateu à porta, vê-se afogada em dívidas por saldar em prazos certos.
Entretanto, ele passeia-se nas areias do Porto Santo, fala da "esquerda abrilheira" como se tivesse sido a esquerda a governar a Madeira durante 36 anos. Passeia-se indiferente à realidade que o circunda, caminha ao mesmo tempo que culpa os outros pela Segurança Social portuguesa, quando ele, aqui, nem um cêntimo do Orçamento Regional aplica no sentido de atenuar esse povo deprimido que lhe deu o voto todos estes anos. A sua incoerência é tal que, por um lado, defende a existência de um "fundo autónomo" na segurança social, tal como no tempo do ditador Salazar (que saudades evidencia!) mas, logo de seguida, fala dos Estados Unidos em defesa da privatização do sistema de segurança social. Uma baralhada.
Passeia-se na areia indiferente aos dramas, porque a culpa é dos outros. É do DN Madeira, do DN Lisboa, do Público (dos correspondentes, claro), dos órgãos de comunicação social de "serviço público" (quando ele sabe, neste caso, tudo quanto foi engendrado, porém, não se coibe de criticar, apenas como disfarce), fala do Primeiro-Ministro como portador de "uma degenerescência psíquica", enfim, sublinha, "tudo gente medíocre", só ele, o bom, o iluminado, o imaculado, o único importante, o pensador, o produdor, o realizador, o escritor, o benfeitor, a figura sublime que está acima de tudo e de todos. Os 184 milhões de euros escondidos que o Tribunal de Contas veio, recentemente, corrigir como dívida da Região, nada sabe. Manda perguntar ao Secretário das Finanças. Nada é com ele. Com ele é a inauguração, o discurso da ofensa à oposição, os apertos de mão ao povo e todo o controlo da máquina, diariamente, oleada. As depressões, a pobreza, a fome, o desemprego, a economia, as finanças, as prioridades, as dívidas, quanto a isso, perguntem aos secretários, talvez o Brazão de Castro leia uma folhinha com essas histórias.
Há um pensamento popular, julgo que asiático, que há tempos, o meu Amigo Carlos Pereira salientou: "Povo pequeno, problema grande". É verdade.
Ilustração: Google Imagens.
2 comentários:
Ainda não é este serviço público de Comunicação Social que o João Jardim quer...Quando lá estiverem o Gilberto Teixeira, o Almeida, o Paulo Pereira, e mais uns do Jornal da Madeira, ele vai ficar contente...Nessa altura vai ser um brinquinho!
Obrigado pelo seu comentário.
É um facto e ele sabe disso, que se controlar, totalmente, entre outros, o "serviço público" tal será como o código postal... meio caminho andado!
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