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quinta-feira, 5 de junho de 2008

AMBIENTE: VACA SAGRADA

Disse o Deputado Tranquada Gomes, do PSD-M, que a questão ambiental "tem de ser enquadrada numa política global, mas não tem de ser uma vaca sagrada". Discordo.
É, meu Caro, uma VACA SAGRADA. O facto de um maior número de pessoas estarem sensíveis para as questões ambientais, isso não significa que não tenhamos de ter uma atitude de extremo rigor se quisermos deixar este espaço territorial onde vivemos, dotado das condições que não ponham em causa a vida dos nossos filhos e netos. É, por isso, que é uma VACA SAGRADA. E por não ser interpretado como tal, a Região está cheia de atentados à sua própria estabilidade.
Não sou especialista nestas áreas, apenas sinto que tenho sensibilidade e respeito pelo que os académicos dizem, e isso faz-me trazer em memória, a pirataria da exploração de inertes de uma forma insustentável, quer no mar quer em terra, os licenciamentos em cima de linhas de água, os perigosíssimos estreitamentos dos cursos de água, o desordenamento urbanístico e a irracional ocupação do solo e do subsolo, a ausência de uma política de mobilidade e de transportes que não tem em conta os custos da poluição, enfim, há muitos e complexos aspectos que determinam o meu posicionamento contrário. Porque o ambiente não se confina à separação dos lixos e à Meia-Serra!
Mas eu compreendo porque se diz que não é uma VACA SAGRADA. Não é por acaso que a Assembleia Legislativa da Madeira, recentemente, aprovou um Decreto em que todos os instrumentos de planeamento passaram para a esfera de decisão do Governo Regional. Doravante, sejamos claros e honestos, um decide e todos se curvam à decisão superior. Ou não será assim?
E, no meio de tudo isto, diz o Secretário do Ambiente e dos Recursos Naturais, numa frase feita, que "O Ambiente é fruto do desenvolvimento e o desenvolvimento é fruto da Autonomia". Da minha leitura, é o chamado tiro que sai pela culatra. Porque o desenvolvimento não é neutro e não pode ter o significado de delapidação do ambiente e, quando se relaciona o desenvolvimento com a Autonomia, torna-se necessário saber que interpretação tem o Secretário da palavra desenvolvimento. Circunscrever-se-á ao crescimento da cimentização ou interpreta-o num sentido territorial e integrado? Será, para o Secretário, aquilo que está aos olhos de todos?
A frase, ao querer dizer tudo acaba por nada dizer e, ainda por cima, volta-se contra quem a produziu.

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