Segui com muita atenção a entrevista do Dr. Manuel Alegre, conduzida pela jornalista Judite de Sousa da RTP1. Gostei. E gostei porque ali esteve um político, fundador do PS, serenamente, a trazer o partido para os valores, cultura e tradições que fazem parte da sua génese. Em momento algum vi Manuel Alegre conservador, ou melhor, retrógrado, alheado da conjuntura económica internacional, antes viu-o muito atento às consequências neoliberais, fundamentalmente oriundas do directório europeu e que estão a esmagar os mais fracos. A questão central que ele colocou e com a qual comungo em todas as variáveis de análise, foi esta: como equilibrar as finanças públicas sem criar novos desequilíbrios sociais? É em redor desta premissa que, sustento eu, o debate está por fazer.
Pessoalmente, estou convicto que este modelo económico europeu, subordinado aos grandes interesses americanos, está esgotado. Basta olhar para toda a Europa nos vários sectores e áreas de governação. A questão é agora a de saber como poderá Portugal inverter o modelo, naquilo que é essencial, desenvolvendo o País concomitantemente com o ataque à pobreza, gerando confiança nas pessoas e sem aniquilar a classe média.
É esta consciência política em torno de uma sensibilidade para o que se está a passar na rua que aplaudo Manuel Alegre. Para o PS julgo que a voz de um dos seus fundadores não pode ser ignorada, tampouco, de forma reles, atacada por alguns oportunistas do poder. Ele, tal como Mário Soares e outros, devem ser escutados e tidos em consideração máxima, já que o PS tem, nas suas bases, no povo, uma imagem de princípios e de valores ideológicos que o fazem ser o maior partido político de Portugal. A não ser que se queira deitar fora todo esse passado e todo esse capital político acumulado ao longo de muitos anos.
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