O momento não está de feição para quem não conhece os cantos à casa! Porque a pergunta que, ainda ontem, uma vez mais ficou no ar, foi precisamente esta: a actual situação é ou não consequência de uma grave crise internacional e sendo, o que poderia ter sido feito melhor para que fossemos uma espécie de oásis nesta Europa mergulhada numa profunda crise sistémica?
Segui a entrevista do Primeiro-Ministro Engº José Sócrates à RTP. Gostei. Gostei, sobretudo da firmeza das convicções, da transparência, da atitude serena e conhecedora dos dossiers. A posição dos jornalistas foi a esperada, isto é, colocaram as questões que o povo desejaria conhecer. Não foi uma entrevista fácil para José Sócrates pela pressão a que esteve sujeito durante cinquenta minutos. Direi que não foi de encomenda ou do tipo, "ainda bem que fez essa pergunta". Foi acutilante e pressionadora do princípio ao final.
Apesar disso, o Primeiro-Ministro transmitiu, pela menos essa é a minha opinião, segurança na análise, não deixando de criticar aqueles que, por oportunismo, geraram esta crise política. O alvo político, obviamente que foi o líder do PSD, Dr. Passos Coelho.
Com esta entrevista, o Engº José Sócrates coloca-se numa posição de vantagem em relação ao seu mais directo opositor. Pelas propostas, pelo conhecimento, pela sua ligação à Europa, o Povo pode ter algumas razões de queixa (em política a memória é curta), mas explicadas da forma como fez, é minha convicção que, neste momento, muito difícil porque complexo, o povo premiará quem garante, por um lado, o conhecimento, por outro, a estabilidade através de um processo de abertura e de negociação. O momento não está de feição para quem não conhece os cantos à casa! Porque a pergunta que, ainda ontem, uma vez mais ficou no ar, foi precisamente esta: a actual situação é ou não consequência de uma grave crise internacional e sendo, o que poderia ter sido feito melhor para que fossemos uma espécie de oásis nesta Europa mergulhada numa profunda crise sistémica?
Colocar a crise financeira de Portugal no colo dos socialistas no governo parece-me muito pouco inteligente. Todas as pessoas com um mínimo de bom senso e de leitura do Mundo sabe o que se passou nos últimos dois anos e meio e que nós, neste canto europeu, com uma economia débil, com vários problemas estruturais, dificilmente escaparíamos a um envolvimento tão grave como o que estamos a passar. A questão de fundo é outra, é a de uma Europa que não é dos cidadãos, que está entregue a lógicas económico-financeiras que a direita política, pacientemente, arquitectou, a lógicas que os partidos socialistas e social-democratas se deixaram resvalar, de uma Europa subserviente aos grande interesses do capitalismo selvagem, a uma Europa dos mercados especuladores sobre os quais ninguém tem coragem para os travar.
Sendo assim, perguntar-se-á, aqui e ali não poderíamos ter feito melhor? Talvez sim. O que não aceito é a forma gratuita, amnésica, com falhas de pensamento histórico e até certo ponto comprometida como certos comentadores, após a entrevista, se posicionaram. Parece que nada aconteceu no Mundo, que não existiu um autêntico vendaval financeiro de lés-a-lés, que não fomos conduzidos a esta situação por um quadro multifactorial. E nesta leitura o passado não conta, o processo não tem relevância. Certo para os comentadores é que deveríamos ser um exemplo no contexto das nações. Como se isso fosse possível num Mundo onde o dinheiro deixou de ter pátria. E ainda há quem queira que o Estado seja criminalizado por "ter mentido" à população. Há cada uma!
Ilustração: Google Imagens.
Apesar disso, o Primeiro-Ministro transmitiu, pela menos essa é a minha opinião, segurança na análise, não deixando de criticar aqueles que, por oportunismo, geraram esta crise política. O alvo político, obviamente que foi o líder do PSD, Dr. Passos Coelho.
Com esta entrevista, o Engº José Sócrates coloca-se numa posição de vantagem em relação ao seu mais directo opositor. Pelas propostas, pelo conhecimento, pela sua ligação à Europa, o Povo pode ter algumas razões de queixa (em política a memória é curta), mas explicadas da forma como fez, é minha convicção que, neste momento, muito difícil porque complexo, o povo premiará quem garante, por um lado, o conhecimento, por outro, a estabilidade através de um processo de abertura e de negociação. O momento não está de feição para quem não conhece os cantos à casa! Porque a pergunta que, ainda ontem, uma vez mais ficou no ar, foi precisamente esta: a actual situação é ou não consequência de uma grave crise internacional e sendo, o que poderia ter sido feito melhor para que fossemos uma espécie de oásis nesta Europa mergulhada numa profunda crise sistémica?
Colocar a crise financeira de Portugal no colo dos socialistas no governo parece-me muito pouco inteligente. Todas as pessoas com um mínimo de bom senso e de leitura do Mundo sabe o que se passou nos últimos dois anos e meio e que nós, neste canto europeu, com uma economia débil, com vários problemas estruturais, dificilmente escaparíamos a um envolvimento tão grave como o que estamos a passar. A questão de fundo é outra, é a de uma Europa que não é dos cidadãos, que está entregue a lógicas económico-financeiras que a direita política, pacientemente, arquitectou, a lógicas que os partidos socialistas e social-democratas se deixaram resvalar, de uma Europa subserviente aos grande interesses do capitalismo selvagem, a uma Europa dos mercados especuladores sobre os quais ninguém tem coragem para os travar.
Sendo assim, perguntar-se-á, aqui e ali não poderíamos ter feito melhor? Talvez sim. O que não aceito é a forma gratuita, amnésica, com falhas de pensamento histórico e até certo ponto comprometida como certos comentadores, após a entrevista, se posicionaram. Parece que nada aconteceu no Mundo, que não existiu um autêntico vendaval financeiro de lés-a-lés, que não fomos conduzidos a esta situação por um quadro multifactorial. E nesta leitura o passado não conta, o processo não tem relevância. Certo para os comentadores é que deveríamos ser um exemplo no contexto das nações. Como se isso fosse possível num Mundo onde o dinheiro deixou de ter pátria. E ainda há quem queira que o Estado seja criminalizado por "ter mentido" à população. Há cada uma!
Ilustração: Google Imagens.
3 comentários:
Meu Caro Amigo.
E...Vão dois.
O que me causa certa confusão no monte de serradura que tenho sobre os ombros, é porque os intervistadores nunca deixam o intervistado concluir sua esplanação. Constantemente a cortar o raciocínio é uma falta de vergonha e má educação. Não digo isto por ser o 1º Ministro, mas sim a quem quer que seja.
Uma certa ocasião, vi o Dr. Álvaro Cunhal responder a Margarida Marante.
Se a senhora já sabe a minha resposta, não estou aqui a fazer nada, portanto posso ir embora.
Como diz o ditado:- Não há cu que aguente.
E querem que o povo seja elucidado com estes pseudo jornalistas?
Valha-nos N.S. dos analfabrutos.
Um abraço João
Caro amigo
Propositadamente, não asisti à entrevista. Não suporto a criatura...
Reportando-me agora ao comentário do "Espaço do João", com o qual concordo, aproveito para referir uma subtileza das entrevistas.
Em regra, os entrevistadores não querem informar nada nem ninguém. Na ânsia de conseguirem audiências, e melhorarem o seu próprio prestígio, pretendem apenas demolir o entrevistado criando um caso mediático. E é por isso que não o deixam falar sempre que começa a "brilhar". Mudam logo de assunto à procura de um novo filão onde eventualmente a vítima se enterre. E aí é espremida até sangrar.
Claro que o nosso PM sabe muito bem disso, mas entrou no jogo para não desagradar aos agentes da comunicação social. Foi, pelos vistos, uma operação de charme de que agora tanto necessita.
Obrigado pelos vossos comentários.
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