A desproporção dos meios de fazer passar a mensagem política é absolutamente desproporcional. Todos os partidos com um "manifesto" (um papelinho) contra a força de um jornal de borla, ao qual se juntam onze câmaras, 47 freguesias, casas do povo, bandas de música, quase todo o associativismo desportivo, cultural e de solidariedade, subsídios a rodos e ausência de debates. E durante a campanha, obviamente, muita carne, vinho e bolo do caco por todos esses sítios.
A história não é nova, pois há quanto tempo é assim. Porém, hoje, proporcionou-me uma reflexão mais fina. Em campanha eleitoral, em conjunto com vários amigos, percorremos as saídas de Missa, desde a das 08 da manhã, no Monte, até ao meio-dia e meia em S. Pedro. Este foi o programa da equipa que integrei. Do Monte para os Álamos, depois para S. José, Colégio, Livramento, S. Roque e S. Pedro. Trata-se de uma tarefa que cumpro, mas que, sinceramente, não gosto. É altura, aliás, de todos os partidos deixarem este formato de campanha. Curiosamente, disto falei a um outro partido corrente com quem me cruzei nos Álamos. A opinião foi a mesma. Mas, enfim, essa é uma outra história que merece uma séria reflexão por parte de todos.
É de um outro assunto que aqui venho discorrer.
Estava eu nas escadarias da Igreja do Colégio e, mesmo ao lado, o ardina do Diário de Notícias bem se esforçava por vender o seu produto. Vejo-o ali todos os dias. Abeirei-me e questionei-o se as vendas iam bem. Respondeu-me: "muito mal" (...) "o Jornal da Madeira coloca ali dentro da Igreja entre 100 e 150 exemplares, as pessoas levantam de borla e eu aqui fora não tenho possibilidades de vender o Diário". Respondi-lhe: "nem respeitam o espaço da Igreja".
Ora, isto não tem nada de novo. Há muito que é assim e em praticamente todos os templos. O Senhor Bispo deixa, os párocos a isso penso que são "obrigados" e assim se constrói o desvirtuamento das regras de mercado e, tão grave quanto isso, assim se corrompe a opinião pública através destes milhares de exemplares (15 a 20.000), pago por todos os madeirenses, mas com a chancela e a propaganda do PSD e do governo regional. Pagamos todos para sermos desrespeitados. A desproporção dos meios de fazer passar a mensagem política é absolutamente desproporcional. Todos os partidos com um "manifesto" (um papelinho) contra a força de um jornal de borla, ao qual se juntam onze câmaras, 47 freguesias, casas do povo, bandas de música, quase todo o associativismo desportivo, cultural e de solidariedade, subsídios a rodos e ausência de debates. Mas o Senhor Presidente da República considera isto normal, que a Constituição está a ser respeitada e, para a Comissão Nacional de Eleições, retirando a voz firme do Delegado na Madeira, o tempo de antena do PND é que era ofensivo. O resto, não. O resto é legal!!!
Ah, esquecia-me, e durante a campanha, obviamente, muita carne, vinho e bolo do caco por todos esses sítios, não apenas nos actos inaugurais, aproveitados também, para mais um comício da cor. Dizia-me um eleitor em S. Roque: "este povo anda cego". Eu percebi o que me quis transmitir, mas a cegueira tem aqui outros contornos: se é pobre, luta por um saquinho de cimento, um moio de areia, um saco de compras, um subsídio da segurança social, o que o faz entrar num círculo vicioso do qual não sabe sair; se é rico, toca a manter este estado de coisas e a aproveitar a desgraça para somar mais algum; se pertence à teia do poder, o melhor é andar aí caladinho, vendendo a alma ao diabo até ver o que isto dá. Grosso modo, o quadro é este e, portanto, a 05 de Junho, questiono-me, se podemos esperar, na Madeira, por um resultado que abra as portas à esperança de uma efectiva mudança política nas eleições regionais de Outubro? Manterei a esperança, como sempre o fiz, mas...
Ilustração: Google Imagens.
3 comentários:
Como podem ler a brochura de RIBEIRO CARDOSO? AJJ a grande fraude? Será que quando o estouro se der se vai ouvir por cá? A ver vamos.
Com essa massa não se faz a REVOLUÇÂO DA FARINHA.
... mas... Prof: Não perca a esperança porque as revoltas fazem-se com o estómago vazio e os sacos da Caritas já vão faltando. e a telha e o cimento já não repõem os estragos do 20 de Fevereiro. Mas o PS/M tem de se demarcar do actual Regime porque senão caem juntamente e com estrondo.
Um abraço, Luís Oliveira
Obrigado pelo seu comentário.
Em poucas palavras, disse tudo. Concordo.
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