A QUE PONTO CHEGOU O DESCARAMENTO

Não basta o Jornal da Madeira para publicar os artigos de opinião, o espaço de governo também serve para o presidente transcrevê-los publicitando as suas mensagens políticas. Não há um mínimo de pudor e de sensatez. O governo confunde-se com o partido e vice-versa. É o descaramento total.

 Nem o sítio da Internet da presidência do governo regional escapa. Até esse espaço do governo é aproveitado para fazer política partidária. Em cima de um acto eleitoral. Não é que seja novidade, pois o sítio da presidência está cheio de referências partidárias. Não basta o Jornal da Madeira para publicar os artigos de opinião, o espaço de governo também serve para o presidente transcrevê-los publicitando as suas mensagens políticas. Não há um mínimo de pudor e de sensatez. O governo confunde-se com o partido e vice-versa. É o descaramento total.

Ora, se o presidente quer ter um espaço de comunicação, produza o seu blogue, entre no facebook, em qualquer rede social e diga o que pensa. É legítimo que o faça. Já não o é quando utiliza espaços que, em rigor, não lhe pertence. Mas isto exprime a atitude totalitária do governo, a forma como o presidente interpreta a posição que ocupa, exprime a captura dos meios ao serviço de uma política. Eu acho isto um escândalo. Aliás, se consultarmos vários espaços das diversas secretarias regionais o mesmo acontece. E não é só no âmbito do governo. Há tempos, no decorrer da campanha para a Presidência da República, o sítio da internet do C. S. Marítimo, também sugeria, subtilmente, em quem votar. Situação que o próprio Estatuto do clube proíbe e que o próprio presidente, porque se trata de uma instituição de utilidade pública, está impedido por lei. Mas tudo é possível nesta Região arvorada em farwest.
Portanto, dir-se-á que toda a engrenagem está montada, oleada, com cordões umbilicais perfeitamente definidos sendo tudo aproveitado para a propaganda. Eu acho que isto entra no domínio do paranóico, de uma doença política que absorve e destrói, por completo, a racionalidade, o comportamento digno, isento, respeitador dos princípios democráticos. Aquela página da presidência não se destina à propaganda, mas sim, entre outras, à divulgação da actividade do governo. Só isso. Haja decência e respeito!
Ilustração: Google Imagens.