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segunda-feira, 20 de setembro de 2010

A NORMAL ANORMALIDADE


Assume o governo que o ano escolar se inicia num quadro de normalidade. É isso que se pode deduzir da entrevista do Secretário Regional de Educação. A questão que se coloca é esta: afinal, o que é que significa para o governo a palavra normalidade? Significará que os estabelecimentos de educação e ensino abriram as suas portas, os professores estão a cumprir os seus horários e os alunos estão nas salas?

Ou será que a referida normalidade tem a ver com as preocupantes dívidas aos desesperados fornecedores, direcções executivas sem disponibilidade para cumprirem o “projecto educativo”, estabelecimentos de ensino com alunos a mais e turmas com excessivo número de alunos, indisciplina, falta de rigor e ausência de ambição por estrangulamento da verdadeira autonomia das escolas, muita “tralha” burocrática que desvirtua e não favorece o essencial das aprendizagens e das competências.
Será que a normalidade tem a ver com a manutenção da ausência de promoção de uma cultura geral de base, professores atraiçoados e desmotivados em função de um sistema sem referências e de uma inspecção preocupada com a acta e não com o processo?
Será normalidade manter um genérico desinteresse dos pais e encarregados de educação pela Escola, roubar no apoio social castigando, ainda mais, as dificuldades que passam as famílias numa época de grave desemprego?
Será, ainda, que para a Secretaria Regional da Educação, normalidade significa um Estatuto da Carreira Docente desacreditado, uma avaliação de desempenho docente, depois de três anos de uma grosseira mentira que foi o “bom” administrativo, anacrónica porque despida dos valores mais nobres de uma cultura de desempenho? Será que normalidade continua a ser o esquecimento da contagem do tempo de serviço congelado para efeitos de reposicionamento na carreira docente?
Será normalidade para a Secretaria Regional da Educação, não debater na Assembleia Legislativa os grandes dossiês da Educação, a maioria chumbar todas as propostas legislativas, como são os casos concretos, do Regime Jurídico do Sistema Educativo e do Regime Jurídico que Estabelece as Bases da Actividade Física e o regime de financiamento ao Associativismo?
Será normalidade, grosso modo, atribuir 300 mil euros ao Desporto Escolar e 30 milhões ao sistema desportivo de base associativa? Será normalidade manter níveis culturais muito baixos que conduz a graves distorções na percepção do mundo?
Se esta é a normalidade que caracteriza este novo ano escolar, parece-nos óbvio que toda a equipa da Secretaria Regional da Educação e Cultura deve repensar o que anda a fazer.
Ilustração: Google Imagens.

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