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sábado, 30 de abril de 2011

CORPORATIVA LEVIANDADE


"No seu conjunto, a ligeireza (para não dizer leviandade) com que se pronunciam sobre os assuntos agendados, traduz-se num mau serviço prestado a um auditório, maioritariamente, merecedor de uma rigorosa informação, contraponto da propaganda tendenciosa do poder instalado. Ribeiro Cardoso, bem como a população madeirense, mereciam, e merecem, uma outra qualidade jornalística" - comentário de um leitor.


Antes, confesso, que com alguma regularidade acompanhava o "Dossier de Imprensa", da RTP-M, que tinha como "pivot" o Jornalista Dr. Roquelino Ornelas. Muitas vezes trazia para o centro do debate assuntos cujos contornos, eu, envolvido na política, não tinha lá chegado. E isso era importante. Era incisivo, aberto e tinha qualidade. Deixei de o acompanhar nesta última versão. É um problema de decisão pessoal e nisto acompanho o Herman José... "se não gosta mude de canal que também é a cores!". É o que faço.
No entanto, ontem, cruzei-me com várias pessoas, de vários quadrantes políticos, que me teceram considerações muito pouco abonatórias e que me escuso referi-las. Isso fez despoletar a minha curiosidade. Quase em simultâneo, neste meu espaço, recebi um comentário, que aqui transcrevo. Antes, porém, cliquei no sítio da RTP-M, na Internet, e visionei o tal programa sobretudo a parte onde foi "analisado" o livro "Jardim, a Grande Fraude", de Ribeiro Cardoso. Escutei-o e registei algumas frases: "Não acrescenta novidade nenhuma", "ligeireza rasteira", "só o livro é uma grande fraude", "histórias corriqueiras", "ajuste de contas" e por aí fora...
Fico, para já, pelo comentário que se encontra também publicado e identificado junto ao texto que ontem escrevi:
"Caro André Escórcio,
Ribeiro Cardoso, na justa crítica que faz aos "jornalistas" que funcionam, abúlica e acriticamente, como meros receptores de mensagens, impingidas pelo poder dominante, incomodou, seriamente, a quem a carapuça serve...
O "Dossier de Imprensa" de ontem, para além do incómodo, revelou um espírito corporativo, de todo em todo, inadequado e medíocre. Espantou-me o posicionamento de Raquel Gonçalves, que me merecia consideração pelo seu moderado bom-senso, versus, designadamente, ao non-sense, permanente e atabalhoado, do correspondente da TVI, Mário Gouveia, ao afirmar que se recusava à leitura do livro do seu prestigiado colega de profissão!!!
No seu conjunto, a ligeireza (para não dizer leviandade) com que se pronunciam sobre os assuntos agendados, traduz-se num mau serviço prestado a um auditório, maioritariamente, merecedor de uma rigorosa informação, contraponto da propaganda tendenciosa do poder instalado. Ribeiro Cardoso, bem como a população madeirense, mereciam, e merecem, uma outra qualidade jornalística".
Não me alongarei em mais comentários. O que eu penso do livro já o escrevi e não tenho problema algum em aceitar o posicionamento de outros, tão legítimo quanto o meu. Com uma única diferença: é que a RTP é uma empresa com a responsabilidade de "serviço público", o que implica muito rigor e intransigente defesa da sua credibilidade. A RTP não é o Jornal da Madeira.
De um Professor (Doutor Salvato Trigo) que tive numa cadeira designada por "Estratégias de Comunicação Social", registei logo na primeira aula (18.12.91): "(...) terei a preocupação de vos transmitir os conhecimentos úteis; os inúteis as pessoas que os obtenham por si sós". Isto quando abordava o processo comunicacional, concretamente, quem é mais importante, quem distribui ou quem produz a comunicação? Daí que, defenda, neste caso, que a RTP deveria ir ao encontro do que é útil sobrepondo-se à transmissão do inútil. Portanto, as análises devem comportar a utilidade baseada no rigor e no distanciamento corporativo ou outro qualquer. Depois, na esteira de um outro Mestre com quem muito aprendi, registei que só se deve discutir um assunto depois de um esforço de estudo sobre o mesmo, o que se compagina com o princípio ditado por um ex-presidente dos Estados Unidos o qual, em síntese, assumia: se pretendes falar sete minutos, prepara-te uma semana; se vais falar uma hora, pode ser já!
Finalmente, não gostei e por isso destaco, a crítica, desadequada e profundamente deselegante, ao Senhor Padre José Luís Rodrigues. Ser Sacerdote não significa o abandono de uma participação cívica. Basta um pouco de atenção para a Liturgia, quando, repetidamente, diz: "Ele está no meio de nós". O Sacerdote, não pode, em circunstância alguma, ser um Homem de sacristia e de vénia ao poder e que dele se serve para "benzer o cimento que se inaugura". Ele é uma autoridade, um ministro religioso, que anuncia a Palavra e esse Anúncio pode exprimir-se de múltiplas maneiras. Se Ele, Cristo, está no meio de nós, logo os seus ministros também. O Sacerdote, por sê-lo, não perde os seus direitos de cidadania activa. O Sacerdote tem o dever de ler o Mundo em seu redor, ter opinião, e em função da Palavra ajudar a corrigir os desmandos dos outros homens. Um Sacerdote é um político, porque Cristo também o foi. De tudo o que foi dito, esta parte, chocou-me.
Ilustração: Google Imagens.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

FIM DE TARDE... PORQUE HOJE É SEXTA

UMA SESSÃO HISTÓRICA


Penso que aquele encontro de ontem poderá constituir um marco histórico na viragem do processo político regional. Se, por um lado, abana consciências adormecidas, por outro, o livro acaba por revelar-se como uma chamada de atenção para quem tem a responsabilidade de garantir que a Constituição da República é cumprida, que o exercício da Democracia não pode ser um faz-de-conta e que o desenvolvimento não pode, em circunstância alguma, estar assente em processos de permanente chantagem.


Uma centena de cidadãos assistiram, ontem, na Livraria Bertrand, no Dolce Vita - Funchal, à apresentação do livro "Jardim, a Grande Fraude". Uma apresentação que, do ponto de vista político, o livro é, indiscutivelmente, um documento político, me deixou com uma indiscritível sensação de vontade em continuar, no quadro da minha cidadania activa, esta luta por uma terra onde pode ser semeado um tempo novo, libertador e construtor da felicidade das pessoas. No actual contexto da Região, embora constitua um paradoxo, senti-me ali entre a clandestinidade e a liberdade. Clandestinidade no sentido da luta honesta e séria de um punhado de gente que entende que esta terra merece um outro destino, e a liberdade (aí está o paradoxo) mitigada que, só depois de vários contactos encontrou um espaço para anunciar, a todos os outros, o livro que pode ser libertador das consciências amarradas por um sistema impuro.
Os apresentadores da obra, a Drª Violante Saramago Matos, o Padre José Luís Rodrigues e o Dr. Cabral Fernandes, cada um com uma leitura própria e profunda, durante quase duas horas, não só traçaram a importância e o significado para o futuro daquelas 525 páginas do livro do Jornalista Ribeiro Cardoso, no quadro do exercício da política na Madeira, mas também porque foram mais longe ao dissecarem as razões pelas quais a Região chegou ao ponto a que chegou. Eu penso que aquele encontro de ontem poderá constituir um marco histórico na viragem do processo político regional. Se, por um lado, abana as tais consciências adormecidas, por outro, o livro acaba por revelar-se como uma chamada de atenção para quem tem a responsabilidade de garantir que a Constituição da República é cumprida, que o exercício da Democracia não pode ser um faz-de-conta e que o desenvolvimento não pode, em circunstância alguma, estar assente em processos de permanente chantagem. Aliás, o livro desperta para a responsabilidade dos Órgãos de Soberania no que concerne aos fundamentos da Democracia e desperta a população para os princípios e valores da Autonomia Político-Administrativa que não podem ser desrespeitados, subvertidos e maltrados por uma clique que utiliza o poder de forma tendencialmente totalitária, enganadora e perigosa.
E neste processo não deveriam (infelizmente existem) alguns sentirem um certo desconforto, argumentando que são histórias já conhecidas. Esse discurso parece-me redondo e muito pouco inteligente. O autor, Jornalista, teve o mérito de compilar elementos, de, pacientemente, estruturá-los e apresentá-los sob a forma de livro, enquanto contributo para a História deste processo político. Não há aqui qualquer secundarização do que outros escreveram, no devido tempo dos acontecimentos, pelo contrário, existe sim o enaltecimento daqueles que escreveram, denunciaram e transcreveram posições que colocam em causa a dignidade e a capacidade política de quem nos levou a estes 36 anos de enganos. Portanto, a hora, não é de crítica leviana, nem de subserviências nem de indirectas bajulações, antes é de conjugação de esforços a partir de um "tiro de partida" dado por um Jornalista que, no fundo, veio avivar a memória colectiva e confrontar-nos sobre o que desejamos para esta terra: uma terra livre do medo, livre de uma certa mordaça, livre da pobreza, do desemprego e das dívidas. A hora é de trabalho conjugado no sentido de devolver a esta terra a esperança, a dignidade e o bem-estar para todos e não apenas para alguns!.
O desafio está aí. Aquela sessão de ontem fez-me bem. Não por ser contra Jardim, pessoa, mas contra Jardim, político, e por ser a favor de uma terra que eu amo.
Ilustração: Google Imagens.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

HORRORES DA GOVERNAÇÃO JARDINISTA

ESSA É BOA...


Birra de menino, não, de graúdo que amua e desata a dizer, ou é assim ou não faço aquilo que eles querem. Quando ele, no essencial, amochou na decorrência dos PEC's, quando não teve a menor consideração por um povo que está a sofrer...

Ontem o presidente do Governo Regional, Dr. Alberto João Jardim "ameaçou" não aplicar, na Região, as medidas que a "troika" do Banco Central Europeu (BCE), Fundo Monetário Internacional (FMI) e Comissão Europeia (CE) decidirem para Portugal. E porquê? No caso da Madeira não ser ouvida na ronda de audições em curso a que se seguirá, finalmente, uma outra definidora do "negócio" final. Dizia-me pessoa com refinado humor, que os representantes dessa famigerada "troika", perante a posição do Dr. Jardim foram todos a correr à casa de banho, aflitos com a posição dura do governante regional!
Bom, mas isto é muito mais sério do que se possa imaginar. Ora, é este mesmo homem que durante um ano, repito, um ano, mandou chumbar todas as propostas do PS no sentido de, em alguns casos, da "negação", em outros, de "adaptação" das medidas constantes do PEC 1, 2 e 3, tendo em consideração as fragilidades do tecido económico e social da Madeira, é este mesmo homem que, por birra, lança aquela declaração sem qualquer sentido. Birra de menino, não, de graúdo que amua e desata a dizer, ou é assim ou não faço aquilo que eles querem. Quando ele, no essencial, amochou na decorrência dos PEC's, quando não teve a menor consideração por um povo que está a sofrer, que não teve o mínimo de bom senso no sentido de evitar que as medidas de austeridade se estendessem e fragilizassem a situação da Região. Engoliu tudo, disse que nada podia fazer, o que é rigorosamente mentira, fazendo tábua rasa da AUTONOMIA político-administrativa e, agora, vem com esta historieta sem qualquer sentido prático.
É evidente que as Regiões Autónomas devem ser escutadas, mas daí à produção daquele tipo de declarações ridículas...
Estes assuntos devem ser geridos com bom senso, através dos canais institucionais. Tratou-se, por isso, de mais uma declaração igualzinha a tantas que todos os dias milhares de madeirenses têm de aturar.
Ilustração: Google Imagens.

UMA SÓ PALAVRA: INCOMPETÊNCIA



Mas esta tem sido a lógica do sistema, a lógica política de empreiteiro, onde o cimento funciona como uma droga. Dia que retirem o cimento, o sistema entre em desconforto, pelo que precisa de mais cimento para ressacar! É um círculo vicioso que só se resolve com um longo internamento (leia-se passagem ao estado de oposição).


Ontem, ouvi  o Secretário Regional da Educação assumir que a manutenção do parque de piscinas da Região custava cerca de dois milhões e seiscentos mil euros por ano e que as receitas andariam pelos 160 mil euros. Um quadro destes só tem uma palavra para caracterizar: INCOMPETÊNCIA.
Trata-se de uma incompetência gestionária, essencialmente, por dois motivos: primeiro, porque as infra-estruturas devem surgir em função de um planeamento que assegure o equilíbrio entre as receitas e as despesas. E isso é possível. Conheço bem o problema. Todas as piscinas do País, sobretudo as privadas, com centenas ou mesmo milhares de utentes, não dão prejuízo. Bem pelo contrário. E se o privado, normalmente pertença de clubes, apresenta lucros, não faz sentido que as públicas apresentem prejuízos. Repito, trata-se de um problema de (in)competência gestionária.
Em segundo lugar, a questão central é que prometem, desenham, constroem e inauguram e, depois, não têm dinheiro para o gás. Não basta construir, há que ter projecto de promoção e de sustentabilidade. E isso não acontece. A desorientação é tal que, para a encenação do acto inaugural, transportam pessoas daqui para ali e, depois, logo se verá a continuidade. Importantes são aqueles momentos da inauguração, os cumprimentos, os discursos e o que a comunicação social divulga. Se há ou não dinheiro para o gás, se há ou não capacidade para tornar a instalação equilibrada do ponto de vista da sua gestão financeira, isso não é assunto que constitua motivo de preocupação. E se faltar o dinheiro, obviamente, lá dirá o "chefe" da paróquia, que isso é culpa do Sócrates!
Mas esta tem sido a lógica do sistema, a lógica política de empreiteiro, onde o cimento funciona como uma droga. Dia que retirem o cimento, o sistema entre em desconforto, pelo que precisa de mais cimento para ressacar! É um círculo vicioso que só se resolve com um longo internamento (leia-se passagem ao estado de oposição).
É óbvio que em todas as infra-estruturas desta natureza (piscinas ou outras) existe um custo social, mas isso não invalida a necessidade de um equilíbrio entre as receitas e as despesas de manutenção. O custo social tem de estar presente, mas existem tantas formas de conseguir uma relativa estabilibidade no processo de exploração. O que não é admissível é que se construa de forma desproporcional às necessidades e que não se tenha presente o dia seguinte à inauguração. Há cursos de formação para gerir instalações desportivas. No caso das piscinas, em particular, dizia-me um antigo Mestre, com humor e profundidade, que aquilo "não é a mesma coisa que gerir um aviário". 
Perdoai-lhes, Senhor...
Ilustração: Google Imagens.

EMPECILHO


Exatamente, Senhor Presidente, tudo tem o seu tempo e o Senhor já teve o seu. Se há que afastar empecilhos, olhe-se ao espelho político, lendo as 525 páginas de “Jardim, a Grande Fraude” e coloque-se a léguas da política. Os madeirenses agradecerão, estou certo.

Exatamente, Senhor Presidente do Governo, a Madeira tem de se ver livre de um empecilho político como o Senhor, que bloqueia a Democracia, odeia o 25 de Abril, castra o pensamento livre, ameaça, captura e controla a sociedade, renega os valores de uma verdadeira política autonómica, faz gato-sapato do Parlamento, atira para longe responsabilidades dos órgãos de governo próprio, ofende e insulta de cima da carroça quem tem opinião diferente, foge como o diabo da Cruz de todos os debates, refugia-se na imunidade parlamentar, gasta mais de três milhões por ano para manter o jornal da sua propaganda, inverte as prioridades sociais, fala mas não apresenta soluções para o desemprego, para a pobreza e para os empresários, protege uns e atira-se aos demais, rejeita a reforma do Parlamento, a definição de incompatibilidades e a revisão do estatuto do Deputado. O empecilho mor, Senhor Presidente, deveria ter consciência do fundo do poço a que conduziu a Madeira, por 36 anos de governos marcados por megalomanias de onde resultou uma dívida de seis mil milhões e a perda de 500 milhões da UE, consequência de uma surdez partidária congénita, de que é prova o chumbo permanente de todas as iniciativas legislativas. O empecilho é quem alimenta a política do subsídio, da extravagância e a da proximidade promíscua entre a Igreja e o Governo.
Exatamente, Senhor Presidente, tudo tem o seu tempo e o Senhor já teve o seu. Se há que afastar empecilhos, olhe-se ao espelho político, lendo as 525 páginas de “Jardim, a Grande Fraude” e coloque-se a léguas da política. Os madeirenses agradecerão, estou certo.
NOTA:
Artigo de Opinião, da minha autoria, publicado na edição de hoje do DN-Madeira.
Ilustração: Google Imagens.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

COITADINHO!!!


Em sua defesa, Jardim invocou que tais declarações causaram-lhe "angústia, mal-estar" e "perturbação na vida pessoal, política e governativa". O que dirão tantos por aí quase diariamente ofendidos?


Li, no Jornal PÚBLICO, numa peça assinada pelo Jornalista Tolentino Nóbrega, que o Presidente do Governo Regional da Madeira, perdeu a acção que moveu contra o ex-Presidente do PS, Dr. João Carlos Gouveia. Eis o texto publicado:
"O Tribunal do Funchal julgou improcedente a acção instaurada por Alberto João Jardim contra João Carlos Gouveia, absolvendo o deputado socialista do pedido de indemnização de 35 mil euros exigida pelo presidente do Governo Regional da Madeira.
A sentença cita um acórdão da Relação de Lisboa favorável a Jardim, num caso em que este foi acusado de difamação a Edite Estrela por a ter apelidado de "delinquente". Nessa decisão admite-se o uso de linguagem com algum exagero e até provocação na luta política partidária, nomeadamente em períodos de campanha. Seguindo a argumentação apresentada então por Jardim, através do seu advogado Guilherme Silva, lembra ainda que "o carácter ofensivo de certas palavras tem de ser visto num contexto situacional", no caso da Madeira, muito marcado por alguma contundência a que Jardim não é alheio.
Gouveia foi acusado por ter declarado em 2009 que o governante "usa meios ilícitos e fomenta a corrupção com o único objectivo de ganhar eleições", "tem horror ao trabalho e passa a vida a viajar". Representado pela sociedade advogados Tranquada Gomes & Coito Pita, deputados do PSD, Jardim invocou que tais declarações causaram-lhe "angústia, mal-estar" e "perturbação na vida pessoal, política e governativa".
O deputado do PS disse que as proferiu no âmbito do debate político, enquanto líder do maior partido da oposição, sobre a actuação política do presidente do governo e do PSD-M, no exercício do seu direito de liberdade de expressão e opinião. E lembrou que Jardim "utiliza regularmente termos e expressões violentas, contundentes, polémicos e chocantes". A defesa, conduzida por Francisco Teixeira da Mota, lembrou ainda que todas as tentativas na assembleia regional para criar comissões para investigar casos de corrupção têm sido derrotadas pelo PSD, que também tem inviabilizado a criação de um regime de impedimentos e incompatibilidades, idêntico ao da AR, com vista a dificultar situações de corrupção.
Em 2006 Gouveia fez uma intervenção na assembleia regional a propósito da relação promíscua entre o coordenador do Ministério Público da região e o poder político face aos fenómenos de corrupção, tendo mesmo entregue um dossier ao procurador-geral da República. O PSD, em resposta, aprovou um requerimento a pedir um exame às faculdades mentais do deputado. Por ter classificado de "garotada" esta iniciativa, Virgílio Pereira foi afastado por Jardim da vice-presidência do partido".
Ilustração: Google Imagens

QUEM PERDEU O JUIZINHO?


Percebo o seu jogo. Ele está perfeitamente identificado, está construído na base da distracção, de uma sistemática gritaria onde os assuntos locais tendem a passar para segundo plano, fazendo emergir as políticas dos outros, alegadamente, a irresponsabilidade dos outros e a menoridade política dos outros. Como se por aqui não dispuséssemos de órgãos de governo próprio, de Estatuto próprio e de orçamento próprio.


Talvez seja um problema de surdez política!

Uma vez mais, o "único importante" e, pelo que por aí vai dizendo, o "único esclarecido", veio dizer que "Portugal deu provas que perdeu o juízo". Leio: "(...) É triste este Portugal, neste momento, está sob tutela estrangeira. Portugal é uma espécie daquela pessoa que perdeu o juízo, que não tem condições para se governar e que as famílias recorrem ao juiz e o juiz arranja um tutor para gerir o fulano que não é bom da cabeça" (...) "Portugal está hoje sob tutela, Portugal deu provas que não estava bom da cabeça e, portanto, arranjou-se uns fulanos para governar Portugal".
Enfim, todos perderam o juízo e, curiosamente, o único que se deduz estar em perfeito equilíbrio, por um lado, com tanta e inesgotável capacidade, ninguém o quer por lá, por outro, na terra que governa há 36 anos, tem a economia de rastos, o cofre vazio, as obras paradas, um rasto de 17.500 desempregados, seis mil milhões de dívidas, falências, pobreza, exclusão social e empresários à nora. Afinal, quem é o roto e quem é o esfarrapado, perguntar-se-á. Sinceramente, eu julgo que é preciso ter uma enorme lata para falar do País quando o próprio carrega um historial que não configura aquilo que pode ser considerado de boa governação. Não tem legitimidade para falar do País quando, com altas responsabilidades na Região Autónoma, através das tresloucadas políticas, conduziu esta parcela do País a uma situação muito preocupante. E os outros é que não têm juizo!
Percebo o seu jogo. Ele está perfeitamente identificado, está construído na base da distracção, de uma sistemática gritaria onde os assuntos locais tendem a passar para segundo plano, fazendo emergir as políticas dos outros, alegadamente, a irresponsabilidade dos outros e a menoridade política dos outros. Como se por aqui não dispuséssemos de órgãos de governo próprio, de Estatuto próprio e de orçamento próprio. Foram eles, os de lá, que impuseram as obras megalómanas, foram os de lá que geraram o monstro da dívida, são os de lá os causadores da desgraça do desemprego e são os de lá os responsáveis por uma política económica desadequada. 
As eleições estão aí. Que o Povo saiba interpretar os sinais do tempo que estamos a viver.
Ilustração: Google Imagens.

JARDIM, A GRANDE FRAUDE


Para um madeirense relativamente bem informado eu diria que o livro não traz grandes novidades, mas constitui um documento de singular valor pela sequência e pelo grande contributo para a compreensão destes 36 anos de liderança absoluta e sobretudo como ela foi construída, tecida e manietada, não apenas pela figura central, mas também por figuras de segunda linha, tão ou mais importantes que o mentor da "fraude". 

Acabei de ler o livro "Jardim, a Grande Fraude", do Jornalista Ribeiro Cardoso e editado pela Caminho. O que poderei dizer de imediato? Que estou chocado. Não porque naquelas 525 páginas não reconheça o dia-a-dia do político em causa, todo o manancial de trinta e tal anos de histórias, declarações, ofensas, contradições, jogadas abstrusas, fugas, controlos, pequenas e grandes perseguições, prepotências, oportunismos, favores da Igreja, política de subsídios, expropriações, défices de todo o género, questões de Justiça, enfim, página a página, folheando e dissecando a narrativa, confesso que várias vezes dei comigo a reflectir, como é possível uma população tolerar isto? Como pode tolerar o maquiavelismo político, em que tudo gira, meticulosamente, em redor de uma figura e de um poder absoluto. Como é possível tanta gente agachada, de nariz colado ao joelho, incapaz de abrir os olhos e dizer não?
O livro não tem nada de uma narrativa ficcionada. O autor teve a paciência de coligir dados, todos eles identificados, a paciência de ouvir pessoas de todos os quadrantes, dar forma e sequência aos conteúdos da história de todo este processo, pelo que o livro tem o essencial de produção pessoal e muito de testemunhos. E são esses testemunhos, devidamente cruzados e sequencialmente contextualizados que me levaram a ficar chocado. Para um madeirense relativamente bem informado eu diria que o livro não traz grandes novidades, mas constitui um documento de singular valor pela sequência, o avivar da memória e pelo grande contributo para a compreensão destes 36 anos de liderança absoluta e sobretudo como ela foi construída, tecida e manietada, não apenas pela figura central, mas também por figuras de segunda linha, tão ou mais importantes que o mentor da "fraude". 
Faltarão alguns dados, provavelmente que sim. Existirão algumas imprecisões, talvez. Para suprir essas eventuais lacunas, uma próxima edição certamente que complementará o que ali está escarrapachado sobre a natureza deste regime travestido de democrata. Do que não me restam dúvidas é que este livro é, simultaneamente, aterrador e precioso. Várias vezes tive de voltar atrás, para compaginar umas declarações com outras, na perspectiva de um melhor entendimento do que se esconde para além das palavras.
Um livro político que todos os madeirenses deveriam ler, em síntese, para perceber o significado da declaração do Dr. Jardim: "A Madeira é uma prostituta de luxo. Os seus vícios são caros". Por detrás desta frase, está tudo ou quase tudo!
Ilustração: Google Imagens.

terça-feira, 26 de abril de 2011

RIDÍCULO, BURLESCO E DESADEQUADO


Num momento de graves dificuldades, onde os empresários precisam de estímulos, num momento que o desemprego poderá atingir as 20.000 pessoas, de crescimento da pobreza, de uma dívida de seis mil milhões, consequência de investimentos desastrosos, o PSD apresenta um Projecto de Resolução que constitui uma ofensa a todos os madeirenses. Trata-se de um documento ridículo, burlesco e politicamente desadequado. Dele ressalta, no quadro de uma engrenagem totalitária, que o PSD pretende, agora, assumir um papel de big-brother, isto é, de controlador das mesas de voto e de toda a comunicação social.

Só garganta!
O Grupo Parlamentar do PSD apresentou um Projecto de Resolução intitulado "Contributo da Assembleia Legislativa da Madeira dirigido aos representantes do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira para a redução do défice público". No essencial, esta "profunda e eloquente" proposta visa a extinção da Comissão Nacional de Eleições e da Entidade Reguladora da Comunicação Social por "desnecessárias" e "desprovidas de idoneidade". Que grande contributo, dir-se-á!
A este propósito, em nome do Grupo Parlamentar do PS, assumi a seguinte posição:
"Num momento de graves dificuldades, onde os empresários precisam de estímulos, num momento que o desemprego poderá atingir as 20.000 pessoas, de crescimento da pobreza, de uma dívida de seis mil milhões, consequência de investimentos desastrosos, o PSD apresenta um Projecto de Resolução que constitui uma ofensa a todos os madeirenses. Trata-se de um documento ridículo, burlesco e politicamente desadequado. Dele ressalta, no quadro de uma engrenagem totalitária, que o PSD pretende, agora, assumir um papel de big-brother, isto é, de controlador das mesas de voto e de toda a comunicação social.
O PS pede bom senso ao PSD, no sentido de não remeter este projecto aos representantes do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira. Será motivo de chacota porque é risível e anedótico.
A Região Autónoma da Madeira tem sérios e graves problemas por resolver que necessitam de ponderação, responsabilidade política, o que significa que podia e deveria o governo estabelecer contactos com a República no sentido de atenuar as consequências das medidas de austeridade.
Pelo contrário, não é sério nem ponderado quando impõe a austeridade à população e se mostra incapaz de impor a austeridade nos seus actos de governação.
De resto, a culpa da situação a que a Região chegou não pode ser imputada a outros. Quem não soube governar a Madeira deve assumir, agora, as consequências das loucuras, dos enganos e da mentira que durante muitos anos vendeu à população.
Ao contrário de uma atitude visando a solução dos problemas, o PSD apresenta-se no Parlamento, com um projecto que apenas exprime o seu insaciável desejo de poder absoluto. Lamentável, uma vez mais".
Ilustração: Google Imagens

JARDIM LEVOU O DESPORTO AO DESCALABRO


Retirem os subsídios e perguntem o que resta da política desportiva? Milhões de dívidas acumuladas; uma taxa de participação física e desportiva global onde 77% que não tem qualquer tipo de prática regular; desequilíbrios na relação entre o desporto educativo escolar - cerca de quatro mil praticantes - relativamente ao desporto federado - 16 mil - numa clara inversão da pirâmide; preponderância da área masculina em relação à feminina: no sector federado 72,9% masculinos e 27,1% femininos. Como pode a Madeira manter um apoio a 55 modalidades enquadradas por 180 clubes aos quais se juntam 25 associações desportivas? É a loucura total.


O DN-Madeira, na sua edição de Segunda-feira apresentou um excelente trabalho da autoria do Jornalista Miguel Torres Cunha, onde dá conta das preocupações do governo regional relativamente ao sector do desporto. Em síntese as Sociedades Anónimas Desportivas estão em falência e pretende alienar as suas participações no capital social das cinco SAD's. Assunto mais que requentado, tantos foram os alertas feitos e vários os projectos apresentados nesse sentido. Neste pressuposto, entendi que deveria, uma vez mais, em nome do Grupo Parlamentar do PS, voltar a equacionar o assunto. Desta feita, o Jornalista João Filipe Pestana, na edição de hoje do DN publica um extenso trabalho caracterizador de uma situação que está muito para além da falência das ditas Sociedades. Aqui fica o registo integral da peça jornalística que pode ser lida neste link:
"A questão das Sociedades Anónimas Desportivas [SAD] que agora o presidente do Governo Regional parece querer despachá-las constitui mais uma prova do descalabro da política desportiva do seu governo. Qualquer político de inteligência mediana seria capaz de prever a ruptura do sistema, em circunstâncias de normalidade económica, mais ainda face a qualquer inesperada crise". Quem o diz é André Escórcio, líder parlamentar do PS-M, para quem o actual estado do Desporto na Madeira não constitui surpresa, já que desde 1980, ano dos primeiros financiamentos à actividade desportiva profissional, tem vindo a afirmar "o erro que estava a ser cometido face à dimensão da Região, às suas debilidades estruturais de natureza económica, financeira, social e cultural, pelo que se impunha a necessidade de encontrar respostas adequadas ao desenvolvimento".
Desporto próximo "do zero"
O Desporto teria de ser enquadrado numa lógica ao serviço do desenvolvimento e nunca ao serviço da política, entende o PS-M, partido que, desde 1980, tem apresentado vários projectos, todos chumbados pelo PSD, os últimos dos quais, em 2007 e em 2011, que propunham, por exemplo, que o Governo Regional alienasse as participações sociais nas respectivas sociedades. Na altura, recorda André Escórcio, caiu o "Carmo e a Trindade" na Assembleia Legislativa da Madeira.
O PS-M conclui, pois, que o Executivo liderado por Jardim não ouve ninguém, nem os partidos, nem as suas próprias iniciativas. E dá um simples exemplo: em 2005 foi apresentado, com pompa e circunstância, o projecto 'Madeira Sabor a Desporto', uma iniciativa ténue, mas que constituía uma tentativa de alguma mudança, contudo, "morreu ao sabor dos interesses", sentencia.
Tudo para chegar a uma conclusão: esta política desportiva conduziu o desporto a uma situação próxima do zero. "Retirem os subsídios e perguntem o que resta da política desportiva? Milhões de dívidas acumuladas; uma taxa de participação física e desportiva global onde 77% que não tem qualquer tipo de prática regular; desequilíbrios na relação entre o desporto educativo escolar - cerca de quatro mil praticantes - relativamente ao desporto federado - 16 mil - numa clara inversão da pirâmide; preponderância da área masculina em relação à feminina: no sector federado 72,9% masculinos e 27,1% femininos".
Como pode a Madeira manter um apoio a 55 modalidades enquadradas por 180 clubes aos quais se juntam 25 associações desportivas? "É a loucura total", diz. Para além destes dados, realça que não é aceitável que, em função das limitações orçamentais e das prioridades da Região, que a representação da Madeira necessite de 215 atletas [2008/2009] continentais e estrangeiros, distribuídos por 20 clubes, para representá-la lá fora.
"Tampouco é viável manter, anualmente, mais de 1.500 representações individuais e colectivas, a multiplicar pelo número de atletas, técnicos e dirigentes de cada representação", conclui.
Recorde-se que o DIÁRIO noticiou ontem, em manchete, que sair ou gastar mais nas SADs é um novo dilema para o Governo Regional.
320 M€ em dez anos para "Tanta falência"
Em dez anos, afirma André Escórcio, "voaram do orçamento da Região 320 milhões de euros. É muito dinheiro para tão pouco desporto e para tanta falência".
Sendo assim, apesar das preocupações manifestadas e dos investimentos realizados, "os resultados estatísticos da actividade física e do desporto na Região demonstram que há uma absoluta necessidade de uma profunda revisão para que se cumpra o desígnio constitucional: todos têm direito à prática do desporto. Não se trata, apenas, do segmento profissional, mas de toda a política desportiva".
O PS-M entende que o caminho deve ser outro para que, dentro de alguns anos, a Madeira possa constituir um exemplo nacional e europeu, no que concerne à elevada organização e participação desportivas, no quadro da construção contínua de um desporto entendido como bem cultural, criado à medida de cada um e que não se esgote no labirinto da representatividade externa.
"As grandes limitações espaciais e orçamentais da Madeira implicam, por isso, um outro tipo de orientação, isto é, um grande investimento nas políticas educativas, na competição regional, no desporto informal, na actividade física em geral, em uma prática que, a prazo, conduza a Madeira a dispor de uma taxa de participação desportiva superior à média nacional e europeia. É esse o caminho, por mais que custe a alguns aceitar", conclui.
Ilustração: Google Imagens.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

25 DE ABRIL - IMAGENS DO ALMOÇO PS


















Cerca de 1000 pessoas participaram no almoço organizado pelo PS. Muita animação e discursos apropriados, onde se destaca o do Presidente do Partido, Dr. Jacinto Serrão, que falou dos valores do 25 de Abril e da deriva liberal dos últimos anos que, a todo o custo, há que travar. Disse e foi aplaudido por isso, que a Madeira tem de mudar de rumo face ao desastrado e muito preocupante quadro económico, social e cultural.
NOTA:
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25 DE ABRIL SEMPRE... SEMPRE!

sábado, 23 de abril de 2011

OTELO SARAIVA DE CARVALHO... HÁ MOMENTOS INFELIZES, NÃO É?


Quero lá saber dos seus conhecimentos técnicos (de Salazar), quero lá saber dos seus votos de pobreza (que alguns consideram honestidade), na minha memória está o déspota, o homem da PIDE, o homem da perseguição, o homem do Tarrafal, o homem que provocou exílios forçados, provocou a emigração, o homem que manteve a ignorância, o analfabetismo, o homem dos conluios com outras sinistras figuras da época, o homem da guerra colonial que mobilizou mais de 800 mil jovens e causou a morte a 8.831 militares, cerca de 30.000 evacuados, 14.000 deficientes físicos e mais de 100.000 neuróticos de guerra. Otelo sabe disto. Eu sei que Otelo sabe disto, porque a luta dos capitães de Abril foi, exactamente, no sentido de acabar com o pesadelo de uma Nação presa de uma clique tenebrosa.



Conheci o então Capitão Otelo Saraiva de Carvalho na Guiné Bissau. Depois de muitos meses de "mato", no famigerado Guileje, no quadro da Companhia 3477, regressei a Bissau e tive a sorte de ser repescado da minha Companhia para trabalhar no Quartel General, concretamente, no Comando Geral de Milícias. Era comandado pelo então Major Fabião. Eramos poucos na repartição. Tinha à minha responsabilidade o controlo de todos os pelotões de milícia de todo o teatro operacional. No outro lado da parada funcionava a REPACAP (Repartição de Assuntos Civis e Acção Psicológica) liderada pelo Capitão Otelo. Digamos que eu controlava os pelotões de milícia e ele fazia acção psicológica, não só nesse quadro como num âmbito mais alargado a toda a população. Entre outras, distribuíamos uns rádios pré-sintonizados, julgo de cor azul. Só ouviam a nossa estação emissora.
Para além disso, durante largos meses, a escala de serviço determinou que nos encontrássemos, ele, Capitão, como oficial de dia ao Quartel General e eu, Alferes, com oficial subalterno. Passámos noites a conversar sobre muita coisa. Um Homem e militar muito interessante. Curiosamente, nunca me confidenciou a preparação da Revolução que, meses mais tarde, seria despoletada sob a sua orientação. O segredo era, certamente, a alma do negócio.  Porém, fiquei sempre com a ideia de um militar não acomodado, com posições muito claras relativamente àquilo que ali fazíamos, ele como profissional, eu como miliciano. Poderei dizer que foi um amigo que encontrei e porque quem nutri a máxima consideração. Ainda, por cima, por tudo quanto ele e outros fizeram pela libertação do nosso País. Alguns desvios pós-revolução, obviamente criticáveis, não apagam esse histórico momento a partir do qual Porugal se viu livre de um déspota que o liderou durante quase cinquenta anos. Pasmei, quando li uma sua recente declaração a propósito do momento que Portugal passa: "(...) Precisávamos de um homem com a inteligência e a honestidade do ponto de vista do Salazar, mas que não tivesse a perspectiva que impôs, de um fascismo à italiana". Como por aqui já alguém disse, em outro contexto, um Salazar defensor de uma "máfia boazinha". Seja em que pressuposto for, seja em que contexto for, seja em que enquadramento teórico seja dado, Salazar e todos os que o seguiram, à luz do atraso que Portugal viveu ao longo de meio-século, não merece que seja lembrado como político de referência. Muito menos por Otelo. Quero lá saber dos seus conhecimentos técnicos, quero lá saber dos seus votos de pobreza (que alguns consideram honestidade), na minha memória está o déspota, o homem da PIDE, o homem da perseguição, o homem do Tarrafal, o homem que provocou exílios forçados, provocou a emigração, o homem que manteve a ignorância, o analfabetismo, o homem dos conluios com outras sinistras figuras europeias da época, o homem da guerra colonial que mobilizou mais de 800 mil jovens e causou a morte a 8.831 militares, cerca de 30.000 evacuados, 14.000 deficientes físicos e cerca de 100.000 neuróticos de guerra. Otelo sabe disto. Eu sei que Otelo sabe disto, porque a luta dos capitães de Abril foi, exactamente, no sentido de acabar com o pesadelo de uma Nação presa de uma clique tenebrosa.
Lamento, aos 37 anos de Abril, a sua figura de referência diga uma coisa daquelas. Seja em que sentido for, Caro Otelo, ficar-lhe-ia bem o silêncio.
Ilustração: Google Imagens.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

NINGUÉM SAI ACUSADO NA SEQUÊNCIA DO 20 DE FEVEREIRO


Obviamente (!) que não há responsáveis, por exemplo, pelo desordenamento do território, pelos licenciamentos em cima das linhas de água, pelos incumprimentos dos Planos Directores Municipais e pela indevida canalização dos cursos de água. Tudo aconteceu por causa natural. Nada poderia e deveria ter sido atenuado. É assim que o cidadão comum interpretará este arquivamento (...)



Obviamente que não há responsáveis, nem directos, nem indirectos. Leio no Jornal PÚBLICO, numa peça do Jornalista Tolentino de Nóbrega, que o procurador da República, coordenador na Madeira, Gonçalves Pereira, justifica que durante a investigação não foram recolhidos indícios do cometimento de qualquer ilícito criminal, de natureza pública, razão pela qual não determinou a extracção de qualquer certidão para procedimento criminal. "(...) Todas as mortes são de causa acidental, não podendo estabelecer-se qualquer nexo de causalidade entre comportamento humano, culposo ou doloso, e os resultados da morte verificados", conclui o relatório. Daí o arquivamento. Não estava à espera de outra coisa. Aliás, em outros contextos, cheguei à página 344 do livro "Jardim, a Grande Fraude", cujas últimas páginas são dedicadas à Justiça e, particularmente, ao que se passa na Região Autónoma. Reli essas páginas para melhor perceber alguns factos. Daí que, não pelo facto destas situações envolverem alguma relação com o 20 de Fevereiro, mas porque há posições que eu, cidadão comum, tem o direito de ficar perplexo e de manter uma grande reserva sobre as decisões que por aí vão tomando.
Obviamente (!) que não há responsáveis, por exemplo, pelo desordenamento do território, pelos licenciamentos em cima das linhas de água, pelos incumprimentos dos Planos Directores Municipais e pela indevida canalização dos cursos de água. Tudo aconteceu por causa natural. Nada poderia e deveria ter sido atenuado. É assim que o cidadão comum interpretará este arquivamento, embora os processos cíveis possam continuar.
É evidente que o Senhor Procurador não tem "jurisdição sobre S. Pedro", mas tem sobre quem não cumpre, rigorosamente os mais elementares princípios consubstanciados nos instrumentos de planeamento. E que são lei. Mas, enfim, eu que nada sei de leis e quando quero explicações sei a que porta bato, não deixo de ficar perplexo.

EMÍLIO, UM HOMEM BOM E UM PROFESSIONAL DE EXCELÊNCIA



A solenidade desta Sexta-feira Santa fica marcada pela perda de um Amigo, o Mestre Emílio. Lamento não poder estar no seu funeral. Mais do que um Homem que sabia trabalhar a madeira, transformando-a em arte, o Mestre Emílio foi um grande Amigo, repito. Com mais de 80 anos de vida e sempre agarrado ao trabalho, sempre solícito e extraordinariamente meticuloso, o Mestre Emílio foi das pessoas mais encantadoras que conheci. Sentia que também era meu amigo. Fica-me a lembrança deste Homem bom e simples, o conversador, aquele que tinha sempre uma história para contar e o profissional exímio. Um Homem com humor que, nas minhas dúvidas sobre um determinado trabalho, me dizia: "sabe, de uma cana-vieira faço uma telefonia!". Riamos, no meio de um "garotinho" que apreciava.
O Mestre Emílio partiu, fica a saudade da minha família. Por todos os cantos da minha casa a sua presença está lá. Obrigado, Mestre Emílio. 

SEXTA-FEIRA SANTA / LACRIMOSA DE MOZART

quinta-feira, 21 de abril de 2011

SABER O VALOR DA DÍVIDA


Salvaguardar as famílias e as empresas. Primeiro, o Governo Regional tem de impor austeridade sobre si próprio.

AINDA COM MUITA INDEFINIÇÃO, O PS JÁ LIDERA AS INTENÇÕES DE VOTO


A seis semanas do acto eleitoral, embora esta sondagem tenham de ser analisada com prudência,  a verdade é que ela inscreve-se, também, numa crítica muito cerrada aos comentadores da nossa praça portuguesa.

Criaram esta situação de crise política, pela ânsia de ir ao "pote". Meteram-se por portas travessas com propostas que o povo não aceita, concretamente, a tendencial privatização do sistema de saúde, do sistema educativo, do sistema de segurança social, da Caixa Geral de Depósitos, para além de outras privatizações de empresas que devem estar sob o controlo do Estado e, por esse enviesado caminho, o Povo já está a dar a resposta. Na sondagem que já foi publicada, o PS apresenta-se com 36,1%, o que constitui uma recuperação de 11,6% relativamente ao último estudo de opinião. O PSD desce 11,4% e está agora com 35,3% das intenções de voto. Isto é, da proximidade de uma maioria absoluta, o PSD cai, abruptamente. A leitura que faço é que o povo parece não querer trocar a experiência governativa num momento tão difícil, pela inexperência e sucessivas trapalhadas discursivas. E os debates ainda não começaram!
Por outro lado, a seis semanas do acto eleitoral, embora esta sondagem tenham de ser analisada com prudência,  a verdade é que ela inscreve-se, também, numa crítica muito cerrada aos comentadores da nossa praça portuguesa. Já aqui teci algumas considerações a esse respeito, quando atribuem a Sócrates todas as culpas da actual situação, como se não tivesse acontecido qualquer crise internacional. A história não conta para certos comentadores, porém, o povo parece ter outra leitura. Serão, pois, interessantes, os próximos tempos.
Ilustração: Google Imagens. 

CUIDADO... HÁ MUITA GENTE DEPRIMIDA


"Tudo gente medíocre", só ele, o bom, o iluminado, o imaculado, o único importante, o pensador, o produdor, o realizador, o escritor, o benfeitor, a figura sublime que está acima de tudo e de todos. Passeia-se nas areias do Porto Santo, fala da "esquerda abrilheira" como se tivesse sido a esquerda a governar a Madeira durante 36 anos. Passeia-se indiferente à realidade que o circunda, caminha sem noção do povo deprimido que lhe deu o voto todos estes anos.

Na Madeira há muita gente deprimida. Sei o que se está a passar. Gente que chora, em silêncio, gente que entra consultórios adentro de rastos, sem saber que orientação hão-de dar à vida. Gente sem nada, desempregada e sem horizontes. Gente que vive da esmola, do apoio dos familiares mais directos e de alguma segurança social, cada vez mais escassa. Gente com filhos e idosos em casa, gente que há muito entrou no remoínho da pobreza e que dela não conseguem se libertar. Gente da ex-classe média, habituada a viver com o essencial e com alguma estabilidade e que, agora, porque o desemprego bateu à porta, vê-se afogada em dívidas por saldar em prazos certos.
Entretanto, ele passeia-se nas areias do Porto Santo, fala da "esquerda abrilheira" como se tivesse sido a esquerda a governar a Madeira durante 36 anos. Passeia-se indiferente à realidade que o circunda, caminha ao mesmo tempo que culpa os outros pela Segurança Social portuguesa, quando ele, aqui, nem um cêntimo do Orçamento Regional aplica no sentido de atenuar esse povo deprimido que lhe deu o voto todos estes anos. A sua incoerência é tal que, por um lado, defende a existência de um "fundo autónomo" na segurança social, tal como no tempo do ditador Salazar (que saudades evidencia!) mas, logo de seguida, fala dos Estados Unidos em defesa da privatização do sistema de segurança social. Uma baralhada.
Passeia-se na areia indiferente aos dramas, porque a culpa é dos outros. É do DN Madeira, do DN Lisboa, do Público (dos correspondentes, claro), dos órgãos de comunicação social de "serviço público" (quando ele sabe, neste caso, tudo quanto foi engendrado, porém, não se coibe de criticar, apenas como disfarce), fala do Primeiro-Ministro como portador de "uma degenerescência psíquica", enfim, sublinha, "tudo gente medíocre", só ele, o bom, o iluminado, o imaculado, o único importante, o pensador, o produdor, o realizador, o escritor, o benfeitor, a figura sublime que está acima de tudo e de todos. Os 184 milhões de euros escondidos que o Tribunal de Contas veio, recentemente, corrigir como dívida da Região, nada sabe. Manda perguntar ao Secretário das Finanças. Nada é com ele. Com ele é a inauguração, o discurso da ofensa à oposição, os apertos de mão ao povo e todo o controlo da máquina, diariamente, oleada. As depressões, a pobreza, a fome, o desemprego, a economia, as finanças, as prioridades, as dívidas, quanto a isso, perguntem aos secretários, talvez o Brazão de Castro leia uma folhinha com essas histórias.
Há um pensamento popular, julgo que asiático, que há tempos, o meu Amigo Carlos Pereira salientou: "Povo pequeno, problema grande". É verdade.
Ilustração: Google Imagens. 

quarta-feira, 20 de abril de 2011

TÃO FÁCIL E TÃO DISTANTE...

AGORA... SÃO OS PIRATAS À SOLTA!


Espantoso, repito. Depois do dramatismo de 17.500 desempregados e que tudo leva a crer que, até ao Verão, lamentavelmente, a Região se aproximará dos 20.000 (oxalá que não), do principal responsável desta dramática situação, nem uma palavra. Fala de "piratas", de inveja e, se calhar de mau olhado. 

E os outros é que estão loucos!
Anda tudo aflito e o presidente do governo regional a inaugurar jardins e elevadores. Espantoso! E com declarações do tipo, não se pode dizer tudo, porque há "piratas à solta" que podem comprometer os investimentos. Espantoso, repito. Depois do dramatismo de 17.500 desempregados e que tudo leva a crer que, até ao Verão, lamentavelmente, a Região se aproximará dos 20.000 (oxalá que não), do principal responsável desta dramática situação, nem uma palavra. Fala de "piratas", de inveja e, se calhar de mau olhado. O dramatismo dos empresários, com a banca à perna, com dívidas acumuladas, com colaboradores em desespero, este homem, responsável pelo governo, de peito cheio, comporta-se como se estivesse no tempo das vacas gordas, durante o qual um responsável político chegou a dizer que "dinheiro não era problema".
A Região está no limite, não aguenta mais. A crise só virá a agravar a delicada situação construída durante largos anos. Ainda recentemente uma auditoria do Tribunal de Contas (TC) aos "Encargos Assumidos e não Pagos por serviços da Administração Regional da Madeira revela que o Governo de Alberto João Jardim escondeu ao próprio TC e à Direcção-Geral do Orçamento, planos de reestruturação de dívidas a fornecedores na ordem dos 180 milhões de euros". São dívidas sobre dívidas, miséria sobre miséria e o homem continua aí a falar como se nada estivesse a acontecer, como se o Cortejo da Flor e um circunstancial aumento de turistas, conseguisse abafar a floresta do desencanto. 
A Região não aguenta mais. Precisa, urgentemente, de novos actores políticos, precisa de varrer esta política que está a destruir as pessoas, dos mais frágeis aos da classe empresarial. A Madeira precisa de apresentar políticos de confiança, políticos de ciência, reconhecidos pela sua credibilidade técnica, política e social. A Região não pode ficar-se por políticos de 3ª divisão, amadores no sentido do conhecimento, pessoas que não trazem nada de novo, antes repetem, meticulosamente, o passado. É preciso que se assuma que a Região está em colapso total e esse desastre político, económico, social e cultural não se resolve com as mesmas receitas de ontem, como também não se resolve com as mesmas personalidades políticas. Tudo isto tem de dar uma volta no sentido da salvação regional. Torna-se necessária uma limpeza total nas figuras que lideram os processos políticos, uma mudança radical nos procedimentos e nos projectos, pois só por aí será possível gerar as condições de inversão do caminho da catástrofe social com a qual toda a Madeira está confrontada. Adiar esta dor social será muito complicado a muito breve prazo. E a propósito, a pirataria política não estará no governo e não nos empresários? 
Ilustração: Google Imagens.

terça-feira, 19 de abril de 2011

DESEMPREGO - UM HORROR SOCIAL

A NEGAÇÃO DO 25 DE ABRIL... UMA VERGONHA QUE DESPRESTIGIA A PRÓPRIA AUTONOMIA


Mas não acabam com dia 01 de Julho, Dia da Região, comemorado porque aconteceu o 25 de Abril. Mas não acabam com a bandeira, só possível porque aconteceu o 25 de Abril. E não acabam com os órgãos de governo próprio, só possíveis com a Revolução de Abril. Que gente ingrata! Quando há tanto para dizer, tanto para equacionar, tanto para reflectir e tanto para questionar 37 anos depois.



Continua a ser inconcebível a negação dos partidos da direita política em comemorar a data histórica de 25 de Abril de 1974. Eu e muitos não entendem. Ou, se calhar, entendem, muito bem os motivos dessa negação. 
Hoje, na Assembleia, em Conferência de Líderes, voltaram a negá-lo. E se ontem fazia sentido, hoje, face aos novos contextos políticos, económicos, culturais e sociais, mais sentido faz a sua lembrança. Aliás, defendo, que está na hora do regresso das canções de intervenção política. Não por qualquer saudosismo, não por ter pertencido a uma geração que sofreu as agruras de meio século de obscurantismo, de perseguições e de dois anos de guerra colonial, fora o tempo de espera, não apenas pelos constrangimentos da pobreza e do analfabetismo, mas porque o 25 de Abril foi o momento da mudança de um regime de silêncio e opressor para um regime de liberdade e de desenvolvimento.
É por isso que não entendo esta fobia por uma data onde, todos os anos, há tanto por dizer. Agora, mais do que nunca. E talvez porque hoje há tanto para dizer, que esta direita política desmemoriada, que tanto beneficiou do 25 de Abril, em todos os campos de análise, rejeita-o, liminarmente. Como se aquela data pudesse ser apagada da História, como se pudesse existir Parlamento Regional sem o libertador 25 de Abril, como se pudesse haver deputados eleitos sem aquela Revolução, como se o crescimento e algum desenvolvimento tivessem sido possíveis sem o 25 de Abril. Que gente tão pobre de princípios e de valores! Que gente tão mesquinha!
Mas não acabam com dia 01 de Julho, Dia da Região (aí falam a solo), comemorado porque aconteceu o 25 de Abril. Mas não acabam com a bandeira, só possível porque aconteceu o 25 de Abril. E não acabam com os órgãos de governo próprio, só possíveis com a Revolução de Abril. Que gente ingrata! Quando há tanto para dizer, tanto para equacionar, tanto para reflectir e tanto para questionar 37 anos depois. São os fundamentos de Abril que devem estar de volta, o nosso projecto de vida colectiva NA MADEIRA Autónoma, os desvios, este arremedo de democracia no qual vivemos, a Educação e a Cultura, a Economia e as Finanças, tanto e tanto que há para equacionar tendo como cenário os compromissos de Abril.
Eles não querem que ninguém traga à memória os erros de 36 anos de governação absoluta que conduziu à insolvência da Madeira. O chumbo à comemoração de Abril constitui uma tentativa de mascarar a realidade e, por isso, é uma vergonha e um desprestígio para a própria Autonomia. Uma vergonha porque o 25 de Abril não é apenas uma data nacional, é uma data marcante na vida política e social dos madeirenses. Sinto vergonha, confesso.
Ilustração:Google Imagens. 

14,3% DA POPULAÇÃO DA REGIÃO ESTÁ DESEMPREGADA

É indiscutível que o grupo parlamentar do PS-M tinha e tem razão em função dos imensos alertas consubstanciados em Projectos de Decreto Legislativo Regional e Projectos de Resolução apresentados ao longo dos últimos quatro anos. Mais. Nos discursos realizados em sede de debate dos sucessivos Planos e Orçamentos da Região. Tudo tem sido ignorado, mas os dados são como o teste algodão... não enganam.


A situação é gravíssima. Os 17.541 desempregados representam 14,3 por cento da população activa da região (estimada em 122 mil, num total de 247 mil habitantes). O que ainda é mais preocupante é que se assistiu a um decréscimo no todo nacional, enquanto aqui os números continuam a disparar, como prova este sugestivo gráfico publicado na edição de hoje do Diário de Notícias, num trabalho do Jornalista Márcio Berenguer.
Será também por culpa do Sócrates como todos os dias se ouve nos discursos do PSD na Assembleia? Ou será culpa de um governo que teima em manter um modelo económico absolutamente desconexo com a realidade? De um governo que já demonstrou que não sabe como sair do labirinto onde se meteu. E note-se que o problema não vem desde o momento e das circunstâncias que despoletaram a crise internacional. Neste quadro podemos ver que o drama do desemprego vem, de forma crescente, desde 2003. E o que dirá agora o sempre solícito Secretário dos Recursos Humanos que consegue descobrir melhorias perante um quadro catastrófico?
É indiscutível que o grupo parlamentar do PS-M tinha e tem razão em função dos imensos alertas consubstanciados em Projectos de Decreto Legislativo Regional e Projectos de Resolução apresentados ao longo dos últimos quatro anos. Mais. Nos discursos realizados em sede de debate dos sucessivos Planos e Orçamentos da Região. Tudo tem sido ignorado, mas os dados são como o teste algodão... não enganam.
Ilustração: Dnotícias.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

SERÁ NECESSÁRIO IR A COIMBRA?


O que andaram os responsáveis políticos da Região, durante 36 anos de governo absoluto, no sentido de tornarem mais saudáveis os ambientes familiares e, por aí, atenuarem esta vergonha social que tem, todos sabemos, uma transversalidade nos estratos sociais? Que Sistema Educativo foi disponibilizado e, portanto, que EDUCAÇÃO e que lastro CULTURAL foram dinamizados no sentido de melhorar os tristes indicadores? E que combate à pobreza e à exclusão social foram operacionalizados? E que políticas económicas foram implementadas ou será que o culpado é o Dr. Keynes?


Protocolos que visam combater a violência doméstica levaram até Coimbra o Secretário Regional dos Assuntos Sociais. Protocolos de cooperação com o Serviço de Violência Familiar do Centro Hospitalar de Coimbra e a Comissão para a Cidadania e Igualdade do Género, leio no on-line do DN. 
Num ápice passaram ou cruzaram-se à minha frente vários aspectos. Desde logo, embora todo o cruzamento de experiências e o trabalho em rede sejam importantes, a pergunta que fica é se, por aqui, não existe ninguém com capacidade para diagnosticar as causas da violência doméstica e capaz de propor planos e respostas integradas no sentido da sua erradicação? Será necessário ir a Coimbra? Será preciso a Região Autónoma esperar pelas iniciativas da Secretaria de Estado?
À pergunta seguiram-se outras: afinal, qual a consistência das políticas de família na Região? O que andaram os responsáveis políticos da Região, durante 36 anos de governo absoluto, no sentido de tornarem mais saudáveis os ambientes familiares e, por aí, atenuarem esta vergonha, esta histórica chaga social que tem, todos sabemos, uma transversalidade nos estratos sociais? Que Sistema Educativo foi disponibilizado e, portanto, que EDUCAÇÃO e que lastro CULTURAL foram dinamizados no sentido de melhorar os tristes indicadores que têm conduzido à própria morte das vítimas? E que combate à pobreza e à exclusão social foram operacionalizados? E que políticas económicas foram implementadas ou será que o culpado é o Dr. Keynes?
E às perguntas, estas, entre muitas outras, lembrei-me do que ouvi, pela televisão, em pleno Hospital do Funchal, ainda na passada semana, por ocasião da inauguração de um melhoramento no serviço de gastrenterologia. Ouvi o presidente do governo regional dizer que estava desaconselhado a beber bebidas alcoólicas, mas que não seria o caso de todos, numa alusão directa, para não dizer incentivo, bebam mas um pouco menos. Se não foi exactamente isto, andou por aí a declaração do presidente.
Ora, nem a brincar deveria ter falado desta situação, quando ele sabe que cerca de 30% da população tem problemas de consumo excessivo e que as associações andam aí numa roda viva para travar tais malefícios. E sabendo ele que o álcool constitui, não o único, mas um dos principais problemas da violência familiar. Enquanto isto, o Secretário vai até Coimbra "beber" a receita, via protocolo, como se o problema por aí se resolvesse. Não se resolve por essa via. Atenua-se ou erradica-se com investimento na educação, na cultura, na economia, na libertação das pessoas, actuando nas raízes sociais com políticas de acompanhamento das famílias, com diagnóstico e intervenção precoce, proibindo a venda a menores de 21 anos, com políticas que suscitem a denúncia e com a criminalização dos actos, com o acompanhamento das vítimas e dos agressores, enfim, sentando à mesma mesa os vários actores políticos e especialistas que, directa ou indirectamente, estão envolvidos. Será preciso ir a Coimbra? Que andam aqui a fazer há 36 anos?
Ilustração: Google Imagens.