De uma Educação Física Anémica
À Educação Desportiva Curricular
Em síntese, aquilo com que hoje, genericamente, os portugueses se confrontam é com uma Educação Física travestida de desporto, sustentada em desadequados programas, vagos e elaborados sem qualquer proximidade à realidade; com turmas excessivamente numerosas, mistas e desequilibradas no desenvolvimento motor que impedem uma aprendizagem consequente; com uma irracional avaliação dos alunos como se isso fosse determinante para a participação e êxito do processo ensino-aprendizagem; e, no meio disto, repito, com um fundamentalismo sem sentido, onde se teima em considerar a Educação Física[1] uma disciplina igual às restantes do leque curricular, quando ela não é nem mais nem menos importante, apenas é diferente. E é na diferença que deve procurar o seu espaço de intervenção educativa embora, logicamente, enquadrada no desenho do projecto educativo da escola.
Portanto, é nos vectores que denomino por organização estratégica do estabelecimento de ensino e correspondente projecto educativo, constituição das turmas, programas, processo de avaliação e associativismo escolar que, em primeiríssimo lugar, as grandes mudanças terão de ser implementadas. Não me parece sensato falar de desporto sem debater, profundamente, a génese do problema. Se a mudança não acontecer aí, julgo que se cairá no erro de introduzir alguns aperfeiçoamentos marginais que não alterarão a extensão e complexidade do problema.
Em síntese, aquilo com que hoje, genericamente, os portugueses se confrontam é com uma Educação Física travestida de desporto, sustentada em desadequados programas, vagos e elaborados sem qualquer proximidade à realidade; com turmas excessivamente numerosas, mistas e desequilibradas no desenvolvimento motor que impedem uma aprendizagem consequente; com uma irracional avaliação dos alunos como se isso fosse determinante para a participação e êxito do processo ensino-aprendizagem; e, no meio disto, repito, com um fundamentalismo sem sentido, onde se teima em considerar a Educação Física[1] uma disciplina igual às restantes do leque curricular, quando ela não é nem mais nem menos importante, apenas é diferente. E é na diferença que deve procurar o seu espaço de intervenção educativa embora, logicamente, enquadrada no desenho do projecto educativo da escola.
Portanto, é nos vectores que denomino por organização estratégica do estabelecimento de ensino e correspondente projecto educativo, constituição das turmas, programas, processo de avaliação e associativismo escolar que, em primeiríssimo lugar, as grandes mudanças terão de ser implementadas. Não me parece sensato falar de desporto sem debater, profundamente, a génese do problema. Se a mudança não acontecer aí, julgo que se cairá no erro de introduzir alguns aperfeiçoamentos marginais que não alterarão a extensão e complexidade do problema.
Continua.
[1] “(…) A dita Educação Física, porque é física não pode ser raiz do conhecimento, dado que isola o físico do intelectual e moral e, assim, não é uma categoria gnosiológica, nem uma categoria sociológica – é um conglomerado de técnicas, sem qualquer tipo de fundamento válido. Não basta uma prática, precisa é de uma compreensão da prática, ou seja, a unidade prática-teoria: teoria essa que pretende interpretar e projectar a prática”. Mais adiante: “(…) Educação Física: libertação ou alienação? Será alienação enquanto for física, pois que esta palavra apresenta uma clara significação ideológica. Na realidade, a Educação Física pode levar a uma definição de homem conformista, imobilizado no tempo (…) sem um projecto global de humanidade”. Manuel Sérgio, Algumas Teses Sobre o Desporto, pág. 65 e 66.
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