Adsense

sábado, 30 de abril de 2011

CORPORATIVA LEVIANDADE


"No seu conjunto, a ligeireza (para não dizer leviandade) com que se pronunciam sobre os assuntos agendados, traduz-se num mau serviço prestado a um auditório, maioritariamente, merecedor de uma rigorosa informação, contraponto da propaganda tendenciosa do poder instalado. Ribeiro Cardoso, bem como a população madeirense, mereciam, e merecem, uma outra qualidade jornalística" - comentário de um leitor.


Antes, confesso, que com alguma regularidade acompanhava o "Dossier de Imprensa", da RTP-M, que tinha como "pivot" o Jornalista Dr. Roquelino Ornelas. Muitas vezes trazia para o centro do debate assuntos cujos contornos, eu, envolvido na política, não tinha lá chegado. E isso era importante. Era incisivo, aberto e tinha qualidade. Deixei de o acompanhar nesta última versão. É um problema de decisão pessoal e nisto acompanho o Herman José... "se não gosta mude de canal que também é a cores!". É o que faço.
No entanto, ontem, cruzei-me com várias pessoas, de vários quadrantes políticos, que me teceram considerações muito pouco abonatórias e que me escuso referi-las. Isso fez despoletar a minha curiosidade. Quase em simultâneo, neste meu espaço, recebi um comentário, que aqui transcrevo. Antes, porém, cliquei no sítio da RTP-M, na Internet, e visionei o tal programa sobretudo a parte onde foi "analisado" o livro "Jardim, a Grande Fraude", de Ribeiro Cardoso. Escutei-o e registei algumas frases: "Não acrescenta novidade nenhuma", "ligeireza rasteira", "só o livro é uma grande fraude", "histórias corriqueiras", "ajuste de contas" e por aí fora...
Fico, para já, pelo comentário que se encontra também publicado e identificado junto ao texto que ontem escrevi:
"Caro André Escórcio,
Ribeiro Cardoso, na justa crítica que faz aos "jornalistas" que funcionam, abúlica e acriticamente, como meros receptores de mensagens, impingidas pelo poder dominante, incomodou, seriamente, a quem a carapuça serve...
O "Dossier de Imprensa" de ontem, para além do incómodo, revelou um espírito corporativo, de todo em todo, inadequado e medíocre. Espantou-me o posicionamento de Raquel Gonçalves, que me merecia consideração pelo seu moderado bom-senso, versus, designadamente, ao non-sense, permanente e atabalhoado, do correspondente da TVI, Mário Gouveia, ao afirmar que se recusava à leitura do livro do seu prestigiado colega de profissão!!!
No seu conjunto, a ligeireza (para não dizer leviandade) com que se pronunciam sobre os assuntos agendados, traduz-se num mau serviço prestado a um auditório, maioritariamente, merecedor de uma rigorosa informação, contraponto da propaganda tendenciosa do poder instalado. Ribeiro Cardoso, bem como a população madeirense, mereciam, e merecem, uma outra qualidade jornalística".
Não me alongarei em mais comentários. O que eu penso do livro já o escrevi e não tenho problema algum em aceitar o posicionamento de outros, tão legítimo quanto o meu. Com uma única diferença: é que a RTP é uma empresa com a responsabilidade de "serviço público", o que implica muito rigor e intransigente defesa da sua credibilidade. A RTP não é o Jornal da Madeira.
De um Professor (Doutor Salvato Trigo) que tive numa cadeira designada por "Estratégias de Comunicação Social", registei logo na primeira aula (18.12.91): "(...) terei a preocupação de vos transmitir os conhecimentos úteis; os inúteis as pessoas que os obtenham por si sós". Isto quando abordava o processo comunicacional, concretamente, quem é mais importante, quem distribui ou quem produz a comunicação? Daí que, defenda, neste caso, que a RTP deveria ir ao encontro do que é útil sobrepondo-se à transmissão do inútil. Portanto, as análises devem comportar a utilidade baseada no rigor e no distanciamento corporativo ou outro qualquer. Depois, na esteira de um outro Mestre com quem muito aprendi, registei que só se deve discutir um assunto depois de um esforço de estudo sobre o mesmo, o que se compagina com o princípio ditado por um ex-presidente dos Estados Unidos o qual, em síntese, assumia: se pretendes falar sete minutos, prepara-te uma semana; se vais falar uma hora, pode ser já!
Finalmente, não gostei e por isso destaco, a crítica, desadequada e profundamente deselegante, ao Senhor Padre José Luís Rodrigues. Ser Sacerdote não significa o abandono de uma participação cívica. Basta um pouco de atenção para a Liturgia, quando, repetidamente, diz: "Ele está no meio de nós". O Sacerdote, não pode, em circunstância alguma, ser um Homem de sacristia e de vénia ao poder e que dele se serve para "benzer o cimento que se inaugura". Ele é uma autoridade, um ministro religioso, que anuncia a Palavra e esse Anúncio pode exprimir-se de múltiplas maneiras. Se Ele, Cristo, está no meio de nós, logo os seus ministros também. O Sacerdote, por sê-lo, não perde os seus direitos de cidadania activa. O Sacerdote tem o dever de ler o Mundo em seu redor, ter opinião, e em função da Palavra ajudar a corrigir os desmandos dos outros homens. Um Sacerdote é um político, porque Cristo também o foi. De tudo o que foi dito, esta parte, chocou-me.
Ilustração: Google Imagens.

7 comentários:

Pica-Miolos II disse...

Senhor Professor
O Sacerdote José Luís Rodrigues tem vindo a cometer graves "crimes" de desalinhamento com a Norma Político-Episcopal,vigente,desde sempre, mas,especialmente,em Democracia,a partir do "reinado" de Dom(?)Francisco Santana, até à data.
Indicar,nas homilias,as "setinhas para o céu", isso, sim, é que faz parte do múnus sacerdotal...
Cristo (sem Dom)foi crucificado pelos ancestrais dos que,agora,prestimosamente, "Obrigados e Veneradores" lhes seguem as pisadas. Uns,eram Fariseus; os outros..."jornalistas".

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário.
Que muitos o leiam...

José Luís Rodrigues disse...

Amigo André Escórcio. Muito obrigado pelo seu texto, especialmente, a parte sobre a participação dos sacerdotes na vida da cidade. Vi esse tal programa e já lhe respondi no meu blogue. Que ele tenha dito sobre a minha pessoa o que disse pouco ou nada me afecta, grave é a ligeireza com que analiza as coisas e o desrespeito por quem sofreu e sofre com este regime manipulador de consciências porque imbuído pela imposição do medo a todos. É muito grave que estes jornalistas não percebam isso. Ainda duvidei e quem sabe se até não considerar que o Ribeiro Cardoso tinha pisado o risco quanto à comunicação social na Madeira, após o visonamento do programa, fiquei sem dúvidas nenhumas, Alberto João está no colo da maior parte dos nossos jornalistas. É pena!

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário.
Caríssimo, a VIDA continua.

Vilhão Burro disse...

Senhor Professor Escórcio
Eu cá tenho muita vergonha dos meus compadres ainda serem mais asnos do que eu e terem medo de dar um valente murro em cima da mesa!
Medo de quê?! Dum saco de vento, dum palhaço, que acusa tudo e todos os que não vão nas suas tretas,de serem o que ele é e sempre foi?!
Quando isto bater mesmo no fundo, e o Único Importante e a sua Corte se puserem a milhas com os milhões surripiados,sempre quero ver, como e quem é que descalça a bota e fecha a porta...
Ah! Gente tonta!
Desculpe, Senhor Professor, mas já não há pachorra para aturar tanta cobardia e manbosice.

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário.
Considero sempre a voz do Povo. o "burro" parece que anda a querer levantar as patas para um grande coice! Será?

Espaço do João disse...

Há asnos que são piores que os burros.
Tenho lidado com alguns seres da chamada burrice da comunicação social e, verifico no meu fraco entender que tive um burro muito, mas muito esperto. Comia palha como todos os outros, mas escolhia.
Infelizmente nunca pensei levar o animal a uma faculdade, receei que saísse um doutor em comunicação social. Salvo raras excepções, o nosso jornalismo deixa muito a desejar. Só eles são senhores da razão e, da verdade.
Pergunto:- O porquê da recusa de ler um livro? Como comentar sem ler? Um padre pelo simples facto de ser sacerdote não pode discordar dos poderes instalados?
Terá forçosamente de ser um seguidista? Que seja um apolítico? É por estas e outras de tal teor que o povo anda sempre enganado.
Esse senhor deve estar a ver o tapete a sai-lhe debaixo dos pés, ou então a política dos lambe botas dá jeito.
Um abraço João