Se a Madeira tem um percurso de 36 anos políticos a partir dos quais, hoje, vemos, factualmente, terem sido "tresloucados", a culpa não tem sido da Oposição política. Alguém governou, alguém teve essa responsabilidade, alguém construiu o monstro da dívida pública, alguém, com as suas políticas, fez aumentar os gravosos números da pobreza e do desemprego, alguém colocou em falência os sectores da educação e da saúde, alguém está a deixar pelas costuras o ordenamento do território, alguém está a deixar os empresários em estado de angústia diária, alguém tem responsabilidades sobre a falência das sociedades de desenvolvimento e empresas públicas, alguém conduziu a Região a seis mil milhões de dívida, alguém não colocou no centro das prioridades a construção do Homem...
A demagogia é uma arma dos fracos. No grupo onde me insiro a palavra demagogia há muito que está expurgada do discurso político. Não costumamos brincar com assuntos muito sérios, não alinhamos em manobras relativamente fáceis susceptíveis de garantirem uma certa popularidade, um certo eco na sociedade, porém, insustentáveis e inconsequentes. Não é de agora, sublinho. Passei pela Assembleia entre 1996 e 2000 e já era assim. Nos últimos três anos, agora, com maior consistência técnica e política, sobretudo no vital sector da Economia, de onde tudo depende, sinto que a demagogia está bem longe. Pasmo, por isso, quando se fala de um "jogo que não interessa aos cidadãos". Que jogo, pergunto? O da luta diária, das reuniões diárias, das análises diárias, do testemunho diário oferecido através da comunicação social, da luta contra a ofensa e a má educação, dos projectos que se apresentam sabendo da sua imediata condenação? O da luta diária contra uma população anestesiada e condicionada por um polvo de enormes tentáculos? Poder-se-á designar esta luta "de mau gosto" (?), que há para aí quem se coloque em bicos de pés para retirar dividendos?. Por favor, basta, façam a crítica quando é justa e quando corresponde a uma análise factual, por desvios e oportunismos baratos.
Se a Madeira tem um percurso de 36 anos políticos a partir dos quais, hoje, vemos, factualmente, terem sido "tresloucados", a culpa não tem sido da Oposição política. Alguém governou, alguém teve essa responsabilidade, alguém construiu o monstro da dívida pública, alguém, com as suas políticas, fez aumentar os gravosos números da pobreza e do desemprego, alguém colocou em falência os sectores da educação e da saúde, alguém está a deixar pelas costuras o ordenamento do território, alguém está a deixar os empresários em estado de angústia diária, alguém tem responsabilidades sobre a falência das sociedades de desenvolvimento e empresas públicas, alguém conduziu a Região a seis mil milhões de dívida, alguém não colocou no centro das prioridades a construção do Homem, alguém foi responsável pela anestesia e pela concomitante incultura. Alguém, enfim, é responsável pelo estado a que a Região chegou. A Oposição e particularmente, o PS-M, tem um comportamento político "tresloucado"? Não é essa a minha opinião. É fácil dizê-lo mas não corresponde a uma análise honesta dos factos.
A Madeira tem um Governo Autónomo, tem uma Assembleia Legislativa, tem orçamento próprio e uma legião se servidores políticos. Em redor de um partido, por força dos interesses em jogo, congregaram vontades, ofereceram lugares, criaram as condições de funcionamento absoluto, desde o governo às autarquias, das casas do povo ao associativismo desportivo e cultural. E a Oposição é que é culpada? Culpada de quê? Dos milhões desperdiçados, enterrados em obras sem retorno económico e social?
Sinceramente, pela amizade que tenho por muitos, gostaria de ver alguns, deste lado, em qualquer dos quadrantes políticos, durante apenas um mês, tipo estágio profissional, a participar em um "brainstorming" para perceberem como se elaboram as propostas, como são discutidas e, mais tarde, como são, liminarmente, chumbadas.
No presente quadro não há qualquer desvio de atenções relativamente às medidas de austeridade enunciadas pelo governo da República. Não alinho nessa visão do problema. Através da AUTONOMIA as políticas de governo decidem-se aqui. Somos nós, madeirenses e porto-santenses, através de um governo em legítimas funções, que temos de traçar o futuro colectivo. Não são os outros. Não é o Terreiro do Paço que vai definir tal construção. A AUTONOMIA só tem significado e valor político quando marca a diferença. E foi, por isso, independentemente, de tantas propostas feitas ao longo do tempo, que foi questionado pelo Deputado Carlos Pereira se o governo, no âmbito das suas responsabilidades...
01) Vai congelar carreiras da administração pública? Ou, em alternativa vai utilizar os poderes autonómicos para diferenciar positivamente os madeirenses?
02) Vai aplicar a descida de salários ou introduzir mudanças nesta matéria com aplicação do subsídio de insularidade diferenciador?
03) Vai assumir o corte nas prestações sociais sem qualquer pacote complementar que acuda os mais desfavorecidos, sejam mais pobres, sejam desempregados?
04) Vai implementar a mais que necessária reforma na exploração do CINM?
05) Vai assumir que o PIB da RAM está empolado e que se torna urgente redefinir todo o processo de negociação com a UE em termos de pacote financeiro?
06) Vai promover os parâmetros de competitividade da economia madeirense contrabalançando o aumento do IVA com redução de impostos às empresas e famílias?
07) Vai suspender os investimentos sem prioridade?
08) Vai sair definitivamente do apoio ao desporto profissional apresentando alternativas mais consensuais e, sobretudo, menos onerosas?
09) Vai encerrar definitivamente todas as empresas tecnicamente falidas, garantindo a integração do pessoal na Administração Pública regional?
10) Vai estender aos municípios a regra de fechar o que é supérfluo e sem viabilidade?
11) Vai corrigir as concessões ruinosas para a RAM, ou com alteração de contrato ou com impostos especiais destinados a implementar um roteiro social adequado aos tempos que vivemos?
12) Vai proceder a mudanças urgentes nos transportes aéreos e marítimos de modo a reduzir preços e aumentar competitividade da economia e facilitar o acesso das famílias aos bens de consumo mais baratos?
13) Vai introduzir rigor, ponderação e contenção no desvario da despesa pública, designadamente reduzindo os gastos em transferências para empresas e institutos públicos, assim como reduzindo o esforço nas administrações?
14) Vai colocar um travão no endividamento insensato, designadamente aquele que não cria emprego nem acode a questões sociais?
Ora, é ao governo regional, no âmbito da AUTONOMIA político-administrativa, das suas responsabilidades estatutárias que deve uma resposta ao Povo da Região. Se existe siêncio não por parte do principal partido da Oposição, mas do próprio governo. Talvez, uma ida à Escócia e a um casamento sejam mais importantes!
Ao lermos aquelas catorze questões, compaginadas com tantas outras propostas nos âmbitos da Economia, da Educação, da Saúde e Assuntos Sociais, das Empresas, enfim, em todos os sectores, áreas e domínios da governação, se concluirá do manancial de propostas que, de todo, não se enquadram na "demagogia inconsequente". Às vezes torna-se mais complexo digerir certas leituras menos felizes do que gerir o dia-a-dia político. Mas, enfim, é esta terra onde vivemos e é nela que devemos continuar a luta por uma sociedade mais justa e fraterna, mais culta e mais feliz.
Ilustração: Google Imagens.
2 comentários:
Meu caro André.
Nada mais real. No entanto o "Homem do Leme" não deve ser ilibado de tamanhas culpas. Jamais poderei esquecer as célebres frases "Eu raramente me engano", ou "Vem aí o Monstro".
O que vale é que o bom povo Português tem sempre a memória curta, ou assobia para o ar.
Um abraço de amizade. João
Obrigado pelo seu comentário.
Isto um dia terá fim.
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