Há várias questões pendentes e de enorme relevância, pelo facto de afectarem, directa e gravemente a vida dos madeirenses e porto-santenses. Questões como a liberalização do espaço aéreo e correspondentes ligações entre a Madeira e o Continente, o preço dos combustíveis e, ainda, tudo o que se relaciona com a operação portuária são demonstrativas, entre muitas outras matérias, que o Governo, inequivocamente, NÃO GOVERNA.
Face à gravidade dos problemas a indiferença tem sido constante. Há tempos, a propósito de um debate na Assembleia Legislativa da Madeira sobre a operação portuária, a Secretária do Turismo e Transportes, Drª Conceição Estudante, foi literalmente esmagada pela argumentação política dos partidos da oposição. Não é público que tivesse mexido uma palha e hoje tudo continua na mesma. É esta mesma Secretária, sublinho, que aplaudiu e classificou de histórico para a Madeira o acordo de liberalização do espaço aéreo, vem agora atirar para a República as responsabilidades do que está a acontecer. Como se não tivesse nada a ver com aquilo que assinou. Como se não tivesse estado presente na mesa das negociações. Como se não lhe competisse defender os princípios constitucionais sobretudo no que à continuidade territorial diz respeito. Politicamente, abstenho-me de classificar o comportamento da governante, mas não deixo de dizer, no mínimo, que da sua atitude resulta ausência de visão estratégica e falta de respeito pelo povo.
Aquele acordo, na prática, constituiu um vergonhoso assalto ao bolso dos madeirenses. A mentira das tarifas de baixo custo, consubstanciada em marcações de longo prazo e pagas de imediato, sujeitas a gravosas penalizações (como se uma pessoa pudesse prever os acontecimentos e disponibilidade a três, quatro ou mais meses de distância), a existência de sete tarifas distintas para o mesmo percurso, a redução de € 113,00 para 60,00 de comparticipação do Estado aos residentes, a exclusão, majorada, nas tarifas apoiadas pelo Estado aos estudantes universitários e investigadores, as tarifas que são aplicadas às crianças entre os 2 e 11 anos, enfim, tudo isto e muito mais é demasiado sério e complexo para que um político se mantenha no lugar de responsabilidade que a Secretária ocupa.
Não pode um político mandar os madeirenses esperarem um ano para que "o mercado funcione". Quando se diz isto é porque se tem o sentimento que o trabalho de casa não foi feito e que não houve o cuidado de, atempadamente, divulgar e estabelecer contactos no sentido de, no momento da liberalização, outras companhias entrarem na rota.
Este acordo não interessa a ninguém. Por isso, exige-se uma tomada de posição do Governo Regional junto de todos os intervenientes neste processo. Porque os madeirenses não podem esperar um ano pela dita normalidade do mercado que, julgo eu, nunca chegará no que concerne a valores aceitáveis.
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