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sábado, 31 de maio de 2008

O FUTEBOL VAI DAR À COSTA

Acabo de ler no semanário "O Desporto - Madeira", uma entrevista com o Dr. Celso Almeida, presidente da Associação Desportiva da Camacha. Dois aspectos mereceram-me atenção. Desde logo a questão dos cortes no financiamento ao futebol, face aos quais, sublinha o entrevistado, serem esses cortes "(...) um facto emergente das crescentes dificuldades financeiras, quer do governo regional quer das autarquias, que não conseguem arranjar receitas que possibilitem manter o apoio aos clubes. Está tudo falido!". Em segundo lugar, na sequência desta declaração, a propósito de uma pergunta do jornalista, se tal diminuição nas comparticipações afectará ou não, no futuro, a estabilidade desportiva da AD da Camacha, o Dr. Celso Almeida respondeu: "(...) Enquanto financeiramente for possível, vamos tentar mantermo-nos na II divisão. Quando isso não for mais viável, daremos à costa, como já sucedeu com outros clubes da Região, casos do S. Vicente e do Santacruzense".
Ora bem, relativamente aos financiamentos, os cortes, do meu ponto de vista, ainda são insuficientes. A Madeira não pode, por razões orçamentais e de prioridade de investimento noutras importantes áreas sociais, continuar a apoiar da forma que o faz. O lugar da AD da Camacha e da generalidade dos clubes que participam sobretudo nos campenatos nacionais de futebol secundários, é na Madeira, disputando um campeonato que mobilize as pessoas e os concelhos.
Tem razão o Dr. Celso quando diz que "está tudo falido". Há muito que tal se adivinhava. Só no ano passado (2007) a AD da Camacha levou do erário público (Instituto do Desporto) € 625.640,00 e, nos últimos três anos, a soma ascendeu a € 1.486.449,00. Fora as comparticipações da autarquia de Santa Cruz e fora o parque desportivo construído. É muito dinheiro. Se ainda fosse todo ele aplicado na população da Camacha, calava-me, pela importância que a prática desportiva assume em vários quadrandes de análise.
Mas o problema não é apenas da Camacha. Este texto vem a propósito de uma entrevista. Porque todos os outros funcionam em desespero pelos encargos assumidos e não pagos e em consequência de uma política desportiva sem rumo. Portanto, se olharmos só para o futebol, a pergunta coloca-se com pertinência: estará a Região Autónoma da Madeira com disponibilidade orçamental, face às carências em vários sectores e áreas de actividade económica, social e cultural, para poder financiar, só no futebol, 12 clubes na primeira liga profissional, 2ª e 3ª divisões?
Do meu ponto de vista, CLARAMENTE NÃO!

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