Cuidado. Estão a esticar o elástico em demasia. Ele vai ceder e quando ceder teremos problemas graves na Assembleia Legislativa. Os problemas vêm em crescendo e é sensível uma radicalização nunca antes observada. As últimas semanas testemunham os perigosos caminhos que a Assembleia está a percorrer: a intolerância da maioria, o sistemático e histórico chumbo das propostas apenas porque têm origem na bancada da oposição, as palavras ditas com um tempero não político mas de agressão pessoal, a crescente limitação dos tempos de intervenção, o modelo de funcionamento da Assembleia, enfim, há um quadro que ninguém deve ignorar. Ainda ontem, com a galeria cheia de estudantes de uma escola, o "espectáculo" foi triste no que ele representou de imagem negativa para a educação democrática dos jovens que assistiram à sessão.
É evidente que a Oposição não é formada por meninos de coro e que os maus da fita são sempre os da maioria política. Mas também não deixa de ser verdade que a tempestade está a ser semeada há muitos anos e agora mais do que nunca, por uma maioria inflexível, provocadora e intolerante.
Disse o Presidente do Governo que "quem faz palhaçadas dentro da Assembleia Legislativa não ofende só a Assembleia, ofende o povo que a elegeu". Em abstracto concordo com essa posição. Todavia, se a contextualizarmos, aí, fica a dúvida(?), se o Presidente estava a referir-se a todos os Deputados, inclusive, aos do grupo parlamentar do seu partido, ou se estava a dirigir-se apenas à oposição. É que o termo "palhaçadas" é muito abrangente na sua aplicação. Se a intenção do Presidente, uma vez mais, foi a de apontar as baterias à oposição, então, seria bom que ele e alguns outros olhassem para dentro de casa, para o circo e espectáculo que montaram e fizessem uma introspecção aos comportamentos assumidos por velhos artistas ao seu serviço.
Porque a Democracia e a educação para os princípios e valores democráticos é muito mais do que isto que estamos a presenciar. Este caminho é perigoso e só pode conduzir à tragédia.
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