Em abstracto, qualquer pessoa bem intencionada dirá que se trata de um lapso aquela história da autarquia da Câmara de Lobos exigir dos partidos políticos uma comunicação prévia para divulgar a sua mensagem. Na prática, porém, não acho que tal decisão da Câmara constitua um momento infeliz de alguém. Se olharmos para um conjunto de situações que se estão a passar, aquela é, apenas, uma peça do complexo puzzle que, pacientemente, continuam a montar. Daí que acredite nessa bacoca e insensata exigência, absolutamente desprovida de qualquer sentido e, estou certo, inconstitucional. Curiosamente e por paradoxal que possa parecer, se consultarmos o sítio da internet da Câmara Municipal de Câmara de Lobos, damos conta que o Presidente da Câmara lá divulga os seus artigos de opinião publicados na imprensa regional. Interessante! Dir-se-á que pediu autorização a si mesmo.
É claro que, como tenho vindo a escrever, tudo isto inscreve-se numa lógica de poder. E essa lógica de poder insaciável determina que a mensagem das outras correntes de opinião não circule. A cegueira é tal que nem conta se dão que aquele caminho só pode gerar tragédia. Porque tarde ou cedo as pessoas revoltar-se-ão contra aqueles que, da sua avaliação, entendem que, politicamente, os enganaram. O povo é assim. Um dia, mesmo que os mentores considerem que a máquina está oleada, que trabalha silenciosamente e com todos os maquinistas a postos, há um clik e dá-se a explosão social. Sempre foi assim em todo o lado. Depois quero ver como será a vida de muita gente que por aí anda ao jeito do coronelismo dos tempos modernos e de peito cheio de autoritarismo.
O sentimento que tenho, já o disse, é que há por aí senhores que julgam que este quadro político é eterno. Estão enganados. E quanto mais apertarem as outras correntes de opinião política mais rapidamente será o fim do seu poder. Cuidado! O Povo não é tão sereno quanto possam julgar.
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